




Era isso que faltava, a chamada de atenção para o inquietante ruído no estádio, que tem impedido um génio lento, de pernas e pensamento, de se concentrar e marcar um golinho. E aqueles ensurdecedores aplausos para o Roberto cada vez que ele olha para a bola sem desviar o olhar, num acto de coragem quase enternecedor, também não ajudam à concentração.
Mas imitar o Esqueleticozinho, antes de ele nos visitar, talvez não suscite muito boa vontade junto ao “universo benfiquista”; a não ser que seja um aquecimento para o golo que marcará ao Zbortén. Se assim for, todo o seu torpor não terá sido em vão, e os vinte cinco milhões ucranianos não farão falta.
Benfica, 2 – Hapoel Telavive, 0







Estão a toda a brida as discussões sobre as inevitáveis vendas do glorioso.
Ok, I can live with that. Apenas queria deixar claro: todos menos o Cardozo.
Eu sei que não tem a manha do Saviola, a arte do Aimar, a insensatez imprevisível do Di Maria, o coice de mula do Javi, a feroz agilidade do David Luiz ou a versatilidade defensiva-atacante do Ramires, mas…marca golos.
E isso não é despiciendo. Estivemos quinze anos a suspirar por um goleador e, agora que temos um, já ansiamos por mais quinze anos de suspiração. Que não é artista, que só tem pé esquerdo, que se “limita” a garantir entre vinte e trinta golos por época, tudo é argumento para o desvalorizar.
Mal ou bem, Aimar terá o apoio de Carlos Martins nas suas ausências (e o Gaitan vem aí);
Coentrão não desmerece Di Maria (antes pelo contrário) e Urreta não desmerece Coentrão como suplente;
Javi Garcia pode ser substituído pelo robusto Airton ou o inteligente Ruben, que pode ser o substituo defensivo de Ramires, que poderá ter em Carlos Martins o seu substituto ofensivo;
Saviola, bem, esse é duro, mas ele acabará por sair e mais vale ganhar dinheiro com ele, Jara vem aí, e é mais fácil encontrar um parceiro de goleador principal do que….um goleador principal;
David Luiz, outro duro de substituir mas inevitável de sair, tem em Sidnei e Fábio Faria decentes seguidores;
Mas marcar dezenas de golos, isso é difícil de substituir.
Conservem Cardozo, tratem-no bem, que fique mais seis ou sete temporadas. São cento e cinquenta golos garantidos.
P.S. A não ser que venha o Huntelaar, o Luis Garcia, o Love, .....






O Benfica está a desenvolver uns traços de maldade que são saudáveis. Isto de praticar apenas o bem e o bom futebol pode tornar-se um pouco monodimensional, e dar pouca espessura dramática ao campeonato.


Bem, certo será que Bruto Alves, o Gladiador dos Infernos, tentará deixar a sua marca em jogadores gloriosos. Tal como outros energúmenos deixam marcas em monumentos da Humanidade (Pirâmide de Khufu: Tó Manel ama Cátia Andreia 1998; Templo das Inscrições, Palenque: Esta merda até é catita mas a Torre dos Clérigos é mais airosa"), Bruto, também ele, quererá deixar a sua assinatura, feita a alumínio, nas pernas de Saviola, Aimar ou Di Maria.



O Benfica, o verdadeiro, tem de ser quase ubíquo. E de uma ubiquidade exemplar. Taça da Liga, Euroliga, Campeonato, e Taça. Distraiu-se aqui. Para o ano melhoraremos, tal como de um jogo contra o Marselha para outro. Não há cá deitar culpas para outros. Enfrentamos os nossos erros e melhoramos.
Outros acham que o truque é vender jogadores, comprar outros semelhantes, acossar ilegalmente os adversários no campo e controlar uns certos e determinados indivíduos fora dele, para que as coisas funcionem. A equipa não domina, a culpa é dos árbitros que não nos favorecem; a equipa não tem fio de jogo, a culpa é do Jesualdo e não da venda de jogadores chave, sem que os árbitros estejam devidamente assegurados; somos esmagados na Champions, a culpa é da temperatura e dos jogos em catadupa; o Hulk é suspenso, a culpa é do assistente que o provocou; perdemos a taça da liga, a culpa é de ser no Algarve; partimos vidros nos autocarros dos outros, a culpa é dos motoristas que colocaram as viaturas não à frente da baliza mas na rota de intercepção das bonitas trajectórias elípticas de pedras da calçada lançadas ao acaso. São satélites, Senhor. São satélites.
Nós melhoramos, e crescemos. Não ganhamos tudo, mas procuramos ganhar tudo.
A jogar futebol. Que é como deveria ser sempre.
Nacional, 0 – Benfica, 1



É bem verdade que, desde que cheguei à idade adulta (na qual me encontro, ainda hoje, apenas tecnicamente), que as vitórias têm sido injustamente escassas na terra do Bem. Porém, não necessito de nenhum familiar de genes matusalescos para me recordar das vitórias pífias da minha agremiação desportiva. Vencedores de oito campeonatos nos últimos cinquenta e dois anos, os Bettencoures têm no quarto, como poster mais recente, o Anastácio do Leão da Estrela, essa bela obra de ficção que conta histórias de um zbortém vitorioso.


Nunca em futebol se tinha visto uma lebre. Parece, aliás, uma impossibilidade. Porém, o SC Braga, vulgo FC Demo B, está a conseguir instituir esse fenómeno no futebol português. Põem uma boa equipa a jogar, a casa-mãe dá-lhes todo o apoio, até um certo ponto (explica-lhes como se pratica a trapaça, a viscosidade e se queima enxofre para dar cheirinho), e depois, na altura certa, com um bom trabalho sujo já feito, manda que travem um bocadinho. E o lacaio trava.
Entre as jogadas coordenadas nos túneis, os comunicados dizendo que o Benfica estava a ser beneficiado porque lhe aplicavam os regulamentos, ou que o preparador-físico do Benfica estava a subornar um seu jogador com uma mala Louis Vitton, tudo é um meio para Saruman servir o seu senhor Sauron.
Sem disfarçar, aparecem no jogo entre eles sem grande vontade de ganhar (eu já tinha avisado: Imagino a tensão dos jogadores numa equipa do Domingos não há Paciência que se arrisquem a jogar bem contra o fóculporto … ). O treinador, “inexplicavelmente”, põe no banco o seu melhor marcador (Meyong), e substituí um central mais rotinado (Leone, também no banco) por Paulão, que fez assim o seu segundo (!) jogo na temporada. Afasta o principal perigo atacante para o Demo, e destabiliza a sua defesa, escancarando os portões ao “adversário”. Como prova da sua eficiente auto-sabotagem, sofre 5 golos num só jogo, quando, nos anteriores 19 jogos, tinha sofrido apenas 8 golos. Touché!
Querem apostar que, contra o Benfica, jogam o Meyong e o Leone…?
Já passou o tempo de benficar. Não nos afastemos, porém, de hábitos germânicos, saudavelmente constrangedores e repressores para os demais. Façamos do futebol "...a game for 22 people that run around, play the ball, and one referee who makes a slew of mistakes, and in the end Benfica always wins", porque nisso estamos ainda a falhar. Verdade, verdadinha, é que o mínimo que se pede é uma vitoriazinha contra o último classificado da Alemanha.
Dizem que a Liga Europa não é prioridade, mas, c'o Diabo, quero ver o Marselha por cá. Ainda para mais, estas conversas de que a época é longa e o catano já cheira a demasiadas desculpas. O nosso campeonato é pequeno e não tem a exigência dos de outras paragens.
A vitória é um bom hábito, daqueles que gosta de se manter, e que nunca nos deve fartar.
Quando estamos numa casa em que as vitórias se resumiam a vagas memórias não a devemos dar por adquiridas. Confesso que a recente ausência de um certo drive para vencer já apoquenta. Este instinto tão benfiquista e nobre (passe a redundância) de respeitar os outros e querer dar-lhes uma oportunidade, molesta. Isto é marcar o golo do Setúbal (Vitória, perdão) e do Herta, isto é falhar penalties no último minuto, eu sei lá. Já me dão calafrios. Como algumas cenas de certos filmes, em que estamos mesmo a ver que aquilo não vai acabar bem.
Vá lá, deixem-se de merdas. Que tenham abaixamentos de forma ainda é como o outro, mas marcar os golos dos adversários já é demais.
Hertha, 1 - Benfica, 1



Bruno Alves, por seu lado, insurge-se, dizendo que “As arbitragens não têm favorecido nada”.[Neste mês apenas nos beneficiaram contra o Nacional e a Académica!]
Calma, nem tudo mudou, nota-se ainda algo do respeitinho de outrora. Em nenhum momento põem realmente o dedo na ferida, em nenhum momento chamam os bois pelos nomes: há, claramente, um abaixamento de forma do Demo-Mor.
