30.3.08

"'Sun' readers don't care who runs the country, as long as she's got big tits"

Contrariamente à opinião do vulgo, o OSP não olha para os ingleses simplesmente como empiristas reprimidos incapazes de pensamento especulativo e que só se libertam em public houses à sexta à noite, ao sábado o dia inteiro e no domingo até às sete da tarde, ou em jogos de futebol no estrangeiro. É certo que, como se sabe, um filósofo inglês é incapaz de escrever sobre um camelo referindo-se somente à sua beleza, como o faria um filósofo francês, ou, sem sequer ver o camelo, mas partindo apenas do mais profundo da sua consciência moral, como o faria um alemão, mas tal não quer dizer que não seja capaz de usar de poesia, de abstracção. Só um povo assim, afinal, podia ter a metáfora “How goes the enemy?” para dizer “Que horas são?”.

É que o verdadeiro inimigo é o relógio, mas não porque, como dizem os grandes bardos bifes Pink Floyd, faça com que a morte fique sempre um passo mais perto, mas sobretudo porque o tempo erode a memória (alas, que é essa a tragédia do homem, como o rumor "Paulo Sousa para treinador-adjunto do SLB" prova). O OSP não nega que esta época do SLB está a ganhar um certo carácter "OK, fica o Mário Wilson como treinador até ao fim da época, porque a equipa precisa de amor, e vamos lá ver se isto acaba depressa", mas rejeita o terror pânico e o acabrunhamento actuais.

E foi por isso que demorou duas semanas a proferir juízo sobre o jogo com o Marítimo: porque, por um lado, se considera, de forma parlapatona, a consciência colectiva do benfiquismo e, por outro, porque é preciso que os benfiquistas não se esqueçam de que o Chalana, porra, ao menos o Chalana está a tentar inovar, a tentar fazer diferente, a experimentar jogadores, a ensaiar novas ideias. Esta pausa para os jogos da selecção podia fazer com que os benfiquistas se esquecessem de que, afinal, se o Makukula não tivesse rematado ao poste, quando estava somente a 116 centímetros da linha de baliza, já sem o guarda-redes do Getafe à frente, e o Edcarlos tivesse mostrado ser capaz de correr atrás do avançado do Marítimo com a motricidade normal do jovem jogador de 23 anos que é, o Chalana estaria nesta altura a ser louvado como um grande motivador e um possível novo Toni. Por enquanto, ainda vai bem a tempo de fazer melhor no SLB do que o Manuel José. Por isso, calma, ah, e, Chalana, o OSP está contigo. Porque o SLB, neste momento, precisa é de fleuma.

(Marítimo, 1 – SLB, 1)

25.3.08

Deve ter sido da Páscoa

"A hipótese portuguesa que chegou a ser admitida na Luz – Jorge Jesus – perdeu força(...) ", escreve-se no Record.
Jorge Jesus? "O" Jorge Jesus, uma hipótese? Qual terá sido a fonte do Record? Os "motocars" da Amadora? Ou alguém que entrevistaram parado no "Arqueduto Eduardo Pacheco"? Até porque a questão do treinador português é uma falsa questão, porque se pode "neutralizar" um qualquer treinador estrangeiro.

Convinha que os jornais parassem de especular, porque a contratação de um novo treinador é um assunto do "forno" interno do clube. "Vaiam" chatear outro clube, pá. Parem de fazer "conjunturas", porque o Benfica não é o bode "respiratório" dos problemas do futebol português.
Com esta destabilização, o Benfica ainda acaba a jogar na Taça "Intertotas".

Benfiquistas, mantenham-se unidos. Lembrem-se do nosso "slongon".

15.3.08

Crónica de uma eliminação anunciada

O Benfica foi passear o nome a Madrid.

O Benfica sofre o golo. Quim falhou uma vez mais. Estava contra apenas dois adversários isolados e, mesmo assim, não defendeu! Ai, ai, se fosse o homem-aranha....a falta que faz essa criatura, a única digna de defender as nossas balizas. Encolho os ombros, resignado.

O Benfica tem um toque de bola digno da selecção do Luxemburgo da década de 80; aquela que ganhou a Portugal com um auto-golaço do meio da rua do Frederico (o mais bonito auto-golo de que me lembro). Tomo um xanax para acordar.

O operador de câmara lida com esta como um Bosquímano com uma garrafa de coca-cola. Tenho náuseas.

O jogo arrasta-se, pior do que já vi, merecedor de uma fotografia outrora neste espaço censurada. Não vi pior jogo do glorioso esta época. É mau, mau, mau. Mutilo-me para relativizar o que vejo.

Joga-se lentamente. Lenta mas caoticamente, que não queremos cá coisas vulgares. É o glorioso, que diabo! A equipa parece a maralha que víamos a fugir em pânico na Guerra dos Mundos...só que lentamente, como se estivessem em Serpa a um meio dia de Agosto. Choro de angústia. De uma angústia e ansiedade vivida à velocidade de uma tartaruga bêbada e coxa de duas patas.

O Quim salva, mais uma vez, um golo adversário. Se fosse o homem-aranha defendia aquela bola duas vezes, mesmo só tendo sido rematada uma. Receio bem que isto se arraste. O golo até poderia ter calhado bem. Este Quim é um traidor. Volta Moreto!

Makukula engana-se. A bola bate no poste da baliza do Getafe. Só mesmo sem querer. Uma leve esperança assoma ao meu diminuto cérebro.

Começa o jogo.

(Getafe 1 - Benfica 0)

12.3.08

Special Two


Ter garras de vencer

Qual Mourinho? Qual Malesani? Qual Zaccheroni? Qual Queiroz (eh pá, não brinquem com isto...)? Qual Scolari? O OSP acha que a era do clube-empresa já veio e foi – o que é preciso é devolver o romantismo ao futebol. Que se fodam as decisões reflectidas, os currículos inflacionados, os seminários da FIFA, os pratos da balança pesados, o recurso à Prozone, as adaptações do Luís Filipe à lateral esquerda: ver o Chalana, com carinho devoto, a bater com a mão no emblema da camisa durante a conferência de imprensa é o prenúncio de um novo tempo. Um prenúncio que enche o OSP de ardência encarnada.

É que isto a vermelho faz muito mais sentido. O OSP não se importa nada de ficar com o Humberto a treinador, o Chalana, o Álvaro, o Pietra e o Veloso a adjuntos, o Paneira, o Isaías e o Magnusson como olheiros, o Diamantino, o Valdo e o Thern como representantes nos sorteios da UEFA, o Rui Águas (vá lá, por razões filiais e até porque já lá está), o Shéu e o Preud’homme como directores, o Mozer e o Ricardo como relações públicas, o João Alves a treinador dos juniores; o Diamantino, dos juvenis; o Bastos Lopes, dos iniciados; o Nené, das escolas; o José Augusto, do futebol feminino; o Toni como vice-presidente e o Rui Costa como presidente.

Não agrada a todos? Certo, mas, se perderem, perdem os benfiquistas todos. São família, e nunca ninguém mete anúncios para mudar de pai e mãe.

"Pero se no he sido yo que escogí los jugadores"

Banco do SLB no único jogo (com o Braga, em 30 de Novembro de 2002) em que o Chalana foi treinador principal:

24 Nuno Santos
22 Andrade
2 Armando
7 Andersson
29 Fehér
16 João Manuel Pinto
11 Drulovic

Vai Camacho, mais o teu capote e a água

O limite mínimo, o bater no fundo, o zero absoluto, vislumbra-se, ou melhor, sente-se quando nos começamos a rir do que vemos fazer homens vestidos à Benfica. E no domingo, o riso apareceu. De origem essencialmente nervosa, mas ainda assim riso. O Zoro empatou e queria ensaiar uma dança. Vai daí, o Nuno Gomes para o acordar atirou-lhe (ou "atirou-le" no vocabulário Vieiro-Jorgejesuense) a bola às costas. Riso. O Cardozo marcou um golo e fez o sinal das orelhinhas com um capacete de ligadura quase a cegá-lo. Riso. O Quim, na sua insustentável fraqueza, sai da área para tentar cortar uma bola e é ceifado pelo Zoro, que se lesiona. E é golo do Leiria. Riso.
Camacho, na Super-Flash-Interview dizia que não sabia. Porque é que o Benfica empata tanto? "No lo se". E ainda por cima em casa? "No lo se". Riso. Riso. Riso.

Anúncio da demissão: "Tentámo-lo demover", disse Vieira, no tal vocabulário Vieiro-Jorgejesuense. Riso histérico. Só interrompido quando Camacho justificou a sua saída pela incapacidade de motivar os jogadores. Subtil como um elefante, com as suas grandes patas a sacudir ruidosamente a água do seu capote.

Pois que regresse a casa e vá sacudir o seu capote para outro lado. Por aqui, tanto o sacudiu que a equipa se fartou de meter água.
E viva Fernando Chalana que vai - certamente - orientar habilmente a equipa para bater o Getafe por 2-1 (6-5 nas grandes penalidades, com a decisiva a ser marcada por Makukula).

Quando a novo técnico, esperem pelo fim da temporada, se faz favor. Os jornais desportivos também têm direito à vida e até lá há centenas de treinadores "certos" no Benfica.

9.3.08

UD Leiria / jogos: 22 (1 v/6 e/15 d) / golos (m-s): 18-41 / pontos: 9

Domingo, dia 9 de Março, 19h59, fim do SLB, 2 – União de Leiria, 2. Depois de ver a entrevista-relâmpago-relâmpago do Camacho, adveio uma mudança ontológica no OSP: acabou-se o Camacho, que o homem está completamente desnorteado. Como treinador do SLB, ele pura e simplesmente já não é. Já nem devia dar o treino na terça-feira.

UD Leiria / jogos: 21 (1 v/5 e/15 d) / golos (m-s): 17-39 / pontos: 8

Domingo, dia 9 de Março, 18h49, intervalo do SLB, 0 - União de Leiria, 1. Por muito menos que isto, o Fernando Santos teria passado por um ligeiramente acalorado auto-de-fé. Não que o Fernando Santos, como bom católico que é, tenha alguma coisa contra um bom auto-de-fezinho.

O problema com o tiquismo

(Por um terço do OSP ter uma profissão liberal que aparece quando menos se espera, por vezes não lhe é possível escrever bem ponderadas 41 712 palavras sobre um jogo. De forma nada obrigadosápíntica e recorrendo aos estratagemas de um cábula, aqui ficam, porém, as impressões, pouco profundas, mas ao menos passadas a limpo, sem erros ortugráficos e com laivos de homoerotismo, que este terço do OSP rascunhou durante o jogo com o Getafe. Isto é também o mais espontâneo que este terço do OSP consegue ser, mas aqui fica desde já a promessa de um dia haver um Minuto a Minuto no OSP.)

prelúdio

. Ontem foi um bom dia para o futebol português, mas hoje o OSP não faz ideia do que poderá acontecer. Não está muito optimista, contudo. Poderá estar a futurar outro Bastia, outro Espanhol, outro… como é que chamavam aqueles gajos suecos que são o grande fracasso da carreira do Mourinho?
. Como fosse um comentador desportivo, o OSP vai hoje referir-se a todos os jogadores como “o internacional x [inserir nacionalidade]” e “o atleta”.

prelúdio já com televisão

. A transmissão começa bem, com o pasmoso José Augusto Marques, o do talento relatador imorredouro, a interromper o minuto de silêncio pelo pai do Camacho para explicar o que estava a acontecer. É convicção do OSP que, vendo as duas equipas imóveis no círculo central, os espectadores eram capazes de perceber o que se passava.
. E continua melhor: no que é uma tendência pós-moderna de honrar os mortos, algum público começa a bater palmas, uma extravagância de maneira alguma só portuguesa. O OSP podia redigir todo um ensaio sobre isto, com referências e notas de rodapé e tudo, a dizer que isto é só mais um sintoma de como a sociedade ocidental já não consente o silêncio e a reflexão e melancolia que ele necessariamente traz consigo. Estas palmas acabam, assim, por ser uma maneira de afastar a morte, hoje percebida com escabrosidade. Demais, todo o quotidiano actual é ruidoso, obsceno, in your face, e as pessoas são encorajadas a comportarem-se dessa forma no seu individualismo sem limites. Ser ouvido é o mais importante, e fazer barulho é a melhor maneira de o ser. (Ao escrever isto, por exemplo, O OSP consegue ouvir o som do seu fastidioso paternalismo e delicodoce superioridade moral a carburarem numa perfeição tunada.) Mas não vai redigi-lo.
. Ah, a dupla narradora é JAM-Jorge Baptista, o do talento comentador imorredouro. Mesmo assim, um ganho em relação à balbuciante dupla Paulo Madeira-Litos do jogo com o Sporting. As televisões deviam pensar seriamente em fazer testes de despistagem do analfabetismo funcional.
. Ah, a tripla narradora é JAM-JB-Nuno Luz, o do talento entrevistador imorredouro, que diz que os responsáveis do SLB estão “entristecidos” com os adeptos, por estes irem pouco ao estádio. Ai, acreditasse o OSP em violência com armas brancas…

primeira parte

1’ JAM: “O Getafe é uma equipa claramente perigosa.”
2’ Depois do sucesso no combate ao buraco do ozono, o do lado direito da defesa do SLB merece, hoje em dia, a atenção do mundo.
4’ JB: “O Getafe gosta de contra-atacar com os jogadores em movimento.”
5’ O ex-internacional português Rui Costa, a marcar livres e cantos, fá-lo de forma tão suave que parece que nem está a tocar na bola, ou então que o está a fazer com uma pluma. De botas calçadas, tem mais sensibilidade que o vulgo descalço. O OSP acredita que, em casa, o Rui Costa come iogurte, mexe no comando da televisão e trata dos seus lavores do dia-a-dia com o pé direito. Como o NL lembra, também o internacional romeno Contra, um adversário, gosta do Rui Costa, sem dúvida o maior homem vivo.
7’ O internacional uruguaio Rodríguez tira uma bola ao internacional grego Katsouranis, quando ele se preparava para chutar à baliza, a 35 metros da mesma. O Katsouranis, que, a rematar de longe, atinge com frequência 7,5 na escala de Bergessio, fica lixado, vira as costas ao companheiro e à jogada e volta para a defesa a passo, assim demonstrando mais uma vez que a sua grande preocupação este ano é cimentar o espírito de equipa.
8’ Eh pá, o SLB pode bem ganhar isto.
9’ (1) Ai, o internacional paraguaio Cardozo é expulso. Não só foi apanhado pelo karma, como, aos olhos dos árbitros, as equipas portuguesas são pequenas na Europa — é na UEFA que todos se podem sentir solidários com o que sofre o Tirsense. Mas ele é bem expulso, e, algures na sua casa em Telheiras, a mulher de Tonel sorri.
9
(2) Claro que alguns benfiquistas vão ridiculamente dizer que foi um exagero, tal como ontem se disse que o Fucile foi mal expulso. Ou são demasiados anos com os grandes a serem sempre beneficiados, ou então ganha terreno a escola Steve Bruce, que há uns dias disse que, para muita gente, a falta sobre o Eduardo da Silva nem amarelo era.
10’ JB: “O Cardozo gosta muito de usar a asa esquerda. E agora levantou voo para as cabinas.” (Citação desde já vencedora do prémio “Carlos Barroca e Luís Avelãs na tasca a comentarem jogos da NBA”.)
11’ OQEQOAJFNS: Tirava o Rodríguez e o Di María para reforçar o “miolo” e o “eixo”.
12’ O internacional angolano Mantorras é o único avançado que o SLB tem no banco. A palavra “épico” é demasiado usada no futebol, mas é o que este jogo vai ser.
13’ Se fosse treinador do SLB, e para inspirar a equipa contra os espanhóis, Paulo Portas lembraria Aljubarrota e que, por sua instigação, a Nossa Senhora de Fátima salvou as águas portuguesas do Prestige.
15’ O internacional sub-19 argentino Di María está a partir tudo. O Arsenal oferece 20 milhões, mais o passe do Walcott, por ele; o SLB recusa.
16’ O público está no jogo e assobia sonoro, quando o Getafe tem a bola. Parece bom o ambiente, como sempre é, na Luz, em tempos de contrariedade. Cheira a benfiquismo do summer of 93.
17’ Como hoje já não precisamos de táctica, mas só de vontade, o Camacho está no seu elemento. A vitória é certa.
18’ Os tipos jogam bem, mas isso não surpreende quem vê os jogos da liga espanhola, onde até o Múrcia-Levante se joga bem e com alma. Além do mais, têm o mais belo treinador de futebol (ao pé de quem o Mourinho parece uma peixeira cheia de escamas de Setúbal), o que é um consolo depois da horrível visão do Paulo Bento no domingo. A quantidade de impropérios que ele diz, quando o filmam, aliás, é de tal ordem que o OSP não tem outro remédio senão achar que o Paulo Bento é feio por fora e por dentro, e provavelmente arruma o carro nos lugares para deficientes quando vai ao Continente. Já o Laudrup, esse Hans im Glück dos anos 80/90, devia ter vindo para o SLB, quando se falou nele para treinador depois de o Trapattoni sair. Desde o Autuori que o SLB não tem um treinador com charme.
21’ Como corre o Rodríguez atrás dos defesas: tirando os brasileiros, os atletas sul-americanos são o mais obrigadosápíntico que há. Ah, e o Liedson e o Tiúi também são.
22’ O Milan oferece 25 milhões, mais o passe do Pato, pelo Di María; o SLB recusa.
25’ Golo do Getafe. A little azar, a little falta de jeito. Agora espero que não venham dizer que foi uma grande jogada, como disseram ontem da do golo do Porto, onde a bola que acabou nos pés do Lisandro foi, a meio da jogada, chutada por um defesa do Schalke contra a nuca de um médio do Schalke e ressaltou para um atleta do Porto. Entretanto, confirma-se que a Juventus não oferece um milhão pelo ex-internacional sub-20 brasileiro Edcarlos.
27’ Sepsi a ponta-de-lança: ecos da Holanda de 74.
28’ A única hipótese que temos é que eles, como todas as equipas espanholas, tirando o Valência agora que está lá o Koeman, dão espaço e deixam jogar.
29’ Lesiona-se o Luisão, entra o internacional marfinense Zoro, um dos heróis do OSP. A reviravolta é um dado adquirido. O Bayern oferece dez milhões pelo Zoro, mais o passe do Lúcio, sem sequer o ver jogar. JAM-JB-NL dizem que o Zoro não aqueceu, mas esquecem-se que ele não precisa, pois nas suas fibras musculares arde a chama obrigadosápíntica.
31’ Que passe lúbrico do Rui Costa, mas o internacional sub-21 português Nélson arrancou tarde.
32’ De forma algo básica, os adeptos do Getafe cantam “Que viva España”. O OSP vê isto como algo de previsível, mas confessa esperar sempre mais elevação por parte de súbditos. Também é verdade que basta olhar para Alvalade para ver que isto com os monárquicos não é só rosas.
33’ Levou 33 minutos até alguém falar do Celta: vai bardamerda, NL.
34’ Com todos os reveses de hoje — o vermelho do Cardozo, a rosca do golo deles, a lesão do Luisão —, há uma atmosfera de irrealidade à volta deste jogo. Isto não parece ser a sério.
35’ E esta falta do Graneros não era para vermelho? Qual amarelo, se a falta foi sobre o Rui Costa.
36’ O Nélson está com tão pouca confiança que nem é capaz de mandar charutos para a frente; prefere passar ao Quim para que seja ele a fazê-lo. O OSP recomenda uma ida a um cabeleireiro de homens para ele recuperar a auto-segurança. Quando sair daquela porta e respirar o ar fresco da rua, o cheiro a laca do cabeleireiro para trás e um novo penteado, o Nélson vai sentir-se novo, vai sentir-se fresco.
37’ O OSP só sabe que, desde que o Zoro entrou, eles ainda não foram lá à frente. O terror afecta.
38’ O Zoro safa um golo. O Chelsea oferece 15 milhões, mais o passe do Alex, por ele; o SLB recusa. Entretanto, confirma-se que a última vez que o Quim agarrou um cruzamento foi em 1989, jogava então no Ruivanense.
39’ Ganda jogada do Léo. Eu sei que ele tem 32 anos, mas podem renovar contrato com ele, por favor? Só pelos serviços prestados, por favor? Assim tipo um golden farewell, por favor?
40’ Que jogo voltívolo. O internacional sub-21 romeno Sepsi está a jogar em que posição?
41’ O Nélson estraga uma grande jogada. Entra em cena JAM, o tom de voz prenhe de white man’s burden: “E o Nélson não pode fazer isto, é claro que o Nélson não pode abordar assim a jogada…”
43’ Claro que é um truísmo que todos os sul-americanos são duros, excepto o Di María.
44’ O árbitro, um polaco, faz o Rodríguez e um atleta do Getafe apertarem a mão para fazerem as pazes. Mas isto é algum jogo de iniciados? Em acção, sem dúvida as beatas e irritantes influências de Karol Wojtyla.
45’ Só pelo que correu na primeira parte, o Rodríguez merece um contrato de seis anos. Sim, vale a pena pagar por esta atitude, mesmo que seja um bocadinho mais caro do que aquilo que se estava à espera. Ao menos, deste os benfiquistas já conhecem a qualidade. Por favor, implora o OSP, não o deixem ir para o Porto: é que ele não é propriamente o Jankauskas… O SLB tem de manter a asa esquerda Ceboléo a todo o custo. É o nosso Gre-no-li.
46’ JAM: “Jorge, numa palavra, a primeira parte.”
JB: “É, é muito complicado…”

segunda parte

48’ Com o Di María, na verdade, neste momento o OSP oscila entre beijos gordos e mandá-lo rodar no Olhanense. Entretanto, confirma-se que o Milan afinal só oferece meio milhão, mais o passe do cadáver do Maldini, por ele.
50’ A lesão do De la Red dá tempo à realização para filmar demoradamente o Laudrup. Era um grande atleta, o Rui Costa da sua geração. O estilo de um não tem nada que ver com o estilo do outro, mas não há dúvida de que são da mesma linhagem.
51’ O OSP está a pensar que se calhar não era mal pensado o SLB tentar jogar pelo meio em tabelinhas, em vez de o fazer pelos flancos para cruzar, já que quem está na área para cabecear são o Sepsi e o Rodríguez. É só uma ideia.
52’ O OSP adora o entusiasmo sensual (pensou em escrever “africano”, mas quer mostrar que é possível vencer comportamentos condicionados e recusa-se a generalizar grotescamente, como fazem os jornalistas desportivos em Mundiais de futebol) do futebol do Nélson, mas, neste momento, bola que lhe é passada é jogada desperdiçada. Como parece distante aquele centro para o Nuno Gomes contra o Porto, em 2005, sem dúvida o melhor cruzamento feito por um lateral-direito do SLB desde os tempos de Minervino Pietra (é impossível escrever somente “Pietra”). Um processo de declinação singular de quem um dia fez esquecer o Miguel.
55’ Drink Sepsi: o OSP pede desculpa por escrever isto, mas foi mais forte do que ele. Além disso, o Sepsi não é nada mau atleta, tem um bom remate e é daqueles laterais altos que fazem parte das fantasias mais indizíveis do Mourinho. Speaking of which, o Paulo Ferreira devia acender uma vela ao Mourinho todos os dias.
58’ Rodapé da SIC: “Veja a história do pastor cego que guarda 230 ovelhas, domingo, no ‘Jornal da Noite’.” Obrigado por animarem os benfiquistas.
59’ É um facto que o Mourinho hoje não sai da cabeça do OSP, mas a verdade é que as únicas equipas que sabem exactamente o que fazer quando estão a jogar com dez são as dele. Óbvia e logicamente, devem treinar para essa contingência. Já se fosse o emaciado rosto do Jesualdo a ser filmado no banco do Getafe, a vitória não fugiria ao SLB.
60’ O Real Madrid oferece 20 milhões, mais o passe do Sergio Ramos, pelo Zoro; o SLB recusa.
61’ O Inter oferece 25 milhões, mais o passe do Chivu, pelo Zoro; o SLB recusa.
62’ (1) Entra o Mantorras, entra o SLB no domínio do irracional. É desconsolador ver o Mantorras ser usado desta maneira, é desconsolador ver o adereço anímico em que ele se transformou (o OSP acha obviamente que ele devia ter entrado mais cedo, ao menos para o SLB ter um raio de um ponto de referência no ataque), mas a verdade é que o SLB tem uma dívida de gratidão para com ele que nunca poderá ser paga, já que o Mantorras ficou com a carreira e o joelho arruinados para ajudar o clube. Quanto aos benfiquistas, terão sempre aquele 3-3 em Aveiro para se lembrarem dele no seu melhor.
62
(2) Via-se na expressão do Di María (cujo passe desvalorizou 126% entre os 22 e os 62 minutos, a ponto de o treinador do Olhanense dizer que não o quer no plantel por o considerar demasiado individualista) o quanto lhe desgostou sair, e percebe-se: com toda a equipa a jogar com tanta garra, ninguém merece ser substituído. Excepto o Luís Filipe, mesmo sem estar a jogar.
62
(3) JAM: “Agora, com Mantorras, o SLB pode surpreender na velocidade.”
63’ É sempre enternecedor ver o Rui Costa a jogar de cabeça. A tentar jogar de cabeça. A saltar à bola. A fingir que salta à bola.
66’ O Rui Costa tenta chutar à baliza de pé esquerdo, mas não tem força. Também é verdade que, nos mais recentes 80 minutos da sua carreira, jogou 70 deles com dez. Num ápice, ficou com 37 anos.
67’ Grande golo do Getafe, e o coração do OSP parte-se, quando filmam o Rui Costa. Nélson, o OSP sabe que ainda estás traumatizado por causa daquele golo do Quaresma o ano passado, mas, se não queres meter o pé quando tens um avançado à frente, ao menos estica-o.
69’ Como é que esta bola do Rodríguez e do Edcarlos não entra, foda-se? Pronto, hoje não é o dia do SLB, tal como esta não tem sido a sua década. Se tivesse sido o Zoro a rematar, e não o Edcarlos, esta bola entrava, porra, e, se era para magoar o guarda-redes, o Zoro magoava-o mesmo.
73’ O OSP sabe que o Getafe está com mais um e tem mais área livre para jogar, mas a marca das boas equipas é o espaçamento entre os atletas, e eles sabem espaçar-se. Afinal, como escreveu o Valdano, no que é a coisa mais inteligente que o OSP jamais leu sobre futebol (e, porventura, sobre a vida), à medida que uma equipa ataca, o campo vai ficando cada vez menos comprido, mas a largura é sempre a mesma. Nota: contrastar com o tudo-ao-molho do SLB actual.
74’ O Getafe também faz com que seja a bola a mover-se, o que lembra o OSP da segunda coisa mais inteligente que ele jamais leu sobre futebol (e, porventura, sobre a vida), também via Valdano, que cita o Menotti: “Era só o que faltava, ter de correr para jogar futebol.”
75’ A diferença actual entre o SLB e o Porto também se vê na maneira como, hoje e ontem, cada um deles jogou com dez.
76’ Golo! O Mantorras é o irracional, mas também o inexplicável. O guarda-redes do Getafe sabe-o agora. Vamos ao empate!
78’ Sabe-se que o SLB está mal, quando um árbitro escolhe sempre dar o benefício da dúvida ao Getafe. Portugal precisa de mais camas no Algarve, porque isto das férias baratas em Marbelha tem consequências subliminares significativas.
80’ O público que deixa os dirigentes “entristecidos” tem sido inexcedível. A mensagem, de novo, é que, se a equipa lutar, os benfiquistas encorajam-na. É, até, bastante simples.
85’ Os atletas do SLB estão a jogar como berserkers numa saga nórdica. Assim vale a pena.
88’ Pela sua impetuosidade, determinação no correr, importância para o plantel e como símbolo para o clube, o Zoro é considerado inegociável por Luís Filipe Vieira: “25 milhões mais o Chivu? Não brinquem com o SLB. O Zoro não sai por menos de 68 milhões, tal como o Simão não saía por menos de 25 milhões. Convençam-se duma coisa: os tempos em que brincavam com o SLB já acabaram.”
89’ Os atletas do SLB estão exaustos, com toda a energia de fumadores de maço e meio em campeonatos de futsal entre empresas. Não vai dar.
93’ Não deu mesmo. Fica 1-2.

necropsia

. Valeu pela vontade, mas a verdade é que o SLB nunca mostrou estar preparado para jogar com dez, e teve 80 minutos para o fazer. É pena, porque o Getafe, tal como o Espanhol o ano passado, é bem vencível. O OSP referiu isto há pouco tempo, mas o facto é que se tornou demasiado simples vir jogar à Luz em jogos da UEFA, e uma vitória do Getafe parece ter deixado de escandalizar. Do Getafe. Na Luz. Mesmo com o SLB com dez. Se o ponta-de-lança do SLB é expulso, mas há outro no banco, há que equilibrar a equipa. Com tudo o que a situação actual do Camacho acarreta, se ele convoca o Mantorras, tem de ser porque ele pode jogar, e a realidade é que, sempre que o faz, pelo menos alguma coisa acontece. O que é mais do que se pode dizer, afinal, de 80% dos jogos em que o Nuno Gomes joga a titular, onde se passam minutos sem que uma agulha bula no ataque.
. JAM/JB/NL: ...

(SLB, 1 - Getafe, 2)

7.3.08

Fidalguito anoréctico

Jogamos sempre em casa quando visitamos os tipos das riscas verdes. Não podemos deixar de ter um certo carinho por uma casa onde a vitória nos sorri tantas vezes, e a qual associamos a um local de alívio.

E isso é um perigo! A acomodação é um perigo, pois facilmente nos esquecemos que aquilo é gente que não interessa; jet-set com complexos de inferioridade em relação ao taberneiro, que se acham melhores porque nasceram em esteira de ouro (já na altura não chegava para a madeira), monárquicos, enquistados e ressabiados. Os "melhores" no pior da tugalandia, que vivem toda a sua vida a desejar poder comer uma sande de torresmos em público. Não se poder ser em público o que se anseia verdadeiramente provoca úlceras e algumas hemorróidas, mas é a única coisa a que se podem agarrar na auto-ilusão de que são os melhores.

Daí que o acto de se identificarem com um tipo como o Liedson seja paradoxal mas até compreensível. A criatura tem tanto de jet-set quanto o Menezes tem de político sério. Mas eles adoram-no. Afinal de contas, o tipo safa-os de tudo e mais alguma coisa. Mas creio que a admiração que têm pelo anoréticozinho é um pouco como a que certos "ex-tios" têm pelo jardineiro. Não tendo dinheiro para manter a casa em condições concentram-se no jardim. Como mesmo para isso não há cheta (principal razão para cedo expulsarem os putos de casa, como aqui foi tão bem explicado) têm de se contentar com um gajo qualquer, que já foi bom a aparar a relva mas que já está destruído pelo álcool, a droga ou o abandono familiar (ou tudo isso ao mesmo tempo). Tem ar de arrumador (e se calhar até o é) mas ainda dá uns toques no jardim nos vinte minutos por dia em que está sóbrio. Não é grande coisa, pode até ser um pouco fraquinho, mas como aquela casa é uma desgraça o tipo até parece um artista, e o patrão não se cansa de assim o epitetar.


No sábado passado estavam órfãos do esquelécticozinho, mas aquilo lá se compôs porque o glorioso ainda não contratou o Cajuda (ou um qualquer puto de dez anos). Vivemos de um futebol à inglesa de segunda, que até obriga o Cardoso a marcar de cabeça na sequência de um canto do Rui Costa, o Magnífico (se Maomé obriga a um chorrilho de loas quando é referido, não vejo por que não deverá passar-se o mesmo com alguém bem mais merecedor).

Por este andar o Camacho ainda vai ser capaz de orientar tacticamente uma equipa, e o Vieira de perceber de futebol.


(blurghhh 1 - Benfica 1)

5.3.08

Melhor dizendo: este não é o Benfica de Béla Guttman

«Este não é o Benfica de Eusébio»
Camacho in Record

4.3.08

Golpes de pancrácio obrigadosápínticos (MCMVI)

"Entrevistador: O Rui Costa teve pouco espaço para jogar ali no meio-campo...!?
Rui Costa: É bom sinal.... quer dizer que aos 36 anos ainda há respeito.

Foi sempre assim. O homem estava de pé, a querer fugir para o autocarro, estoirado de velho e de 90 minutos a correr atrás de insconscientes e/ou idiotas, mas arranjou sempre neurónios para não ser óbvio, para não falar com a espinal medula. É sempre assim."

2.3.08

Ai traidores, ai traidores de verde pino

É verdade (e é triste) que não passa de um jogo para o segundo lugar, mas atenção, que não é assunto de somenos. É sempre preciso ganhar ao Sporting, sobretudo para mostrar que na infâmia continuarão a viver os seguintes nomes: Emílio de Carvalho, Henrique Costa, António Couto, António Rosa Rodrigues, Cândido Rosa Rodrigues, Albano dos Santos, Daniel Queirós dos Santos e José da Cruz Viegas. E, claro, e sobretudo, Paulo Sousa.

Momento Zandinga

Sporting e Benfica empatam (a zero ou a um), salvo se o Sporting marcar primeiro e nos 15 minutos iniciais. Nesse caso, ganhamos 5 a 2.
Eu sei que é óbvio que será assim mas apeteceu-me escrevê-lo.

1.3.08

Para 290 milhões de euros, vamos embora: qual é a capital de França?

[No jogo com o Braga, os adeptos] saltaram das cadeiras dez ou 12 vezes para gritarem golo. Camacho, 26.02.08

Por distracção, só hoje o OSP reparou nesta preciosidade, mas finalmente tudo se tornou claro: o Camacho não é treinador limitado, um estratega básico ou um entrevistado cujas conferências de imprensa têm mais lugares-comuns do que uma entrevista ao conversa com o Sócrates na SIC – afinal parece que ele padece é de Alzheimer.

Por finalmente perceber a obsessão do Camacho com todo e qualquer dispensado do Real Madrid, o padrão incompreensível das suas substituições, os elogios semanais ao Porto, a audácia de sair à rua com aquele cabelo e o facto de ele ter visto dez a 12 oportunidades no jogo com o Braga, o OSP está agora mais calmo, sente-se clarividente. Ou então, nesta fase em que o futebol do SLB lhe provoca tudo menos vontade de saltar, das duas uma: o OSP a) está cego ou b) tem a teimosia de achar que um remate do Petit que sai quase ao lado da bandeirola de canto, a 4,46 metros de distância do solo, não pode propriamente ser considerado uma oportunidade de golo.

(cont.)

17 afectado por invisualidade temporária quando em recintos desportivos
Ex.: [se calhar estou a ficar o., mas não vi aquela finta do Luís Filipe]
18 pouco razoável, turrão, cabeçudo
Ex.: [chama-me o., mas no meu tempo 3-0 à Naval não era uma goleada]

E mesmo só mais um ano não será pouco?