27.7.11

Antes de mais, Gaitan

Agora que o Interesse Nacional, assim mesmo, em maiúsculas, é constantemente veiculado por qualquer tipo, desde o Presidente da República ao padeiro, é boa altura para colocar as prioridades em ordem.

Francisco Sá Carneiro referia que em primeiro lugar estava o país, depois os portugueses e só então o partido. Com as devidas e, acreditem, sinceras desculpas, permita-me, Senhor Doutor, se porventura me estiver a ler lá onde esteja, rectificar para:
primeiro o Benfica, depois o Eusébio, seguindo-se o país e alguns portugueses e os partidos que se lixem.

Após este necessário enquadramento, não será difícil constatar que o maior imperativo nacional não é reduzir o défice, nem dinamizar a economia, nem tentar ensinar os putos a ler e escrever mas sim pôr o Gaitan a jogar no meio.

Se tentássemos quantificar a importância de colocar o Gaitan a jogar no meio para a economia nacional em, por exemplo, pontos base de taxa social única, esta passaria a negativa, passando o estado a pagar uns bons 50 mil euros por cada colaborador que as empresas contratassem.

Gaitan no meio é, em primeiro lugar, humano, como oposição à desumanidade que é encostá-lo a uma linha. Não quer dizer que ele não o faça bem, fá-lo com a inteligência e a classe dos predestinados, e não da forma sôfrega e estruturalmente estúpida, embora frequentemente útil, reconheço, praticada pelo Di Maria.

O Gaitan preso numa linha é como vestir calças largas à Jennifer Lopez: para quê esconder tanta coisa boa?

Mas libertar o Gaitan para o meio não é fácil. Que ninguém pense que substituir o Aimar pelo Gaitan resolvia a coisa. Com os laterais perros que temos (ainda, no caso do Maxi, e, parece-me, até ao final da época lá pela esquerda) o Aimar tem que fazer de Riquelme, aquele papel irritante de "deixa estar que o pai faz", indo buscar a bola onde ele esteja, mesmo que à saída da área, porque os outros meninos não são capazes.
Não vamos gastar o Gaitan nisso. O Gaitan, como se diz em futebolês, tem que ficar no último terço. É aí que ele ata e desata defesas, encontra linhas para os seus passes, e espaço para os seus golos deliciosamente em câmara lenta.

Ora, para andar por esses lados, temos a melhor solução e a menos má.

Para a melhor, teríamos, em primeiro lugar, que resolver o engulho do Cardozo. O Cardozo, que eu até aprecio, embora, como qualquer outro fellow man, me enfureça com aquela pastelice, responde a uma necessidade ultrapassada a 25 anos: uma referência na área.
Para além de demodé, começa a ser confrangedor ver um jogador que teve nos primeiros indícios de qualidade o que foi afinal o seu auge. E desde o ano passado e daqui para a frente, como até o próprio Cardozo sabe, será sempre a descer.
Em resolvendo este engulho, poderíamos ter dois tipos móveis lá a frente. Podia-se manter o Saviola, que esta época até está a jogar menos com as canelas, e arranjar outro tipo, um Jara que consiga parar uma bola, um Lisandro Lopez, por exemplo.
Cá mais atrás, teríamos o Witsel, que é já, claramente, o único verdadeiro centro campista que o SLB tem desde o Stromberg, mais o Javi (eu preferia o Mastricht, mas se calhar já seria pedir muito).
A começar na direita o Gaitan, que com gajos que se mexessem na frente e se fossem encostando às pontas, já lhe permitiriam andar no meio à vontade.
Na esquerda Perez, Nolito ou o Bruno, sendo este o meu preferido.

Esta, meus amigos, era equipa para ganhar ao porto, ao Domingos e até a algumas equipas na fase de grupos da Champions.
A solução menos má seria substituir o Saviola pelo Gaitan.

Mas, infelizmente, não me parece que nenhuma destas hipótese avance e lá teremos a Jennifer Lopez de calças largas.

20.7.11

Já lá Mora

Eu não gosto deste jogos de preparação apesar de não os deixar de ver. É o vício, um tipo vê qualquer coisa em que jogue alguém com uma camisola do SLB. Há umas semanas, tal era o cold turkey, até vi uma final do Zon Kids entre o SLB e os lagartos, algo inexplicável para a minha mulher e, realmente, para qualquer outro ser racional.
Mas esta coisa não se explica e ainda bem porque tenho mais que fazer.

Lá vi mais este jogo, não apenas de preparação mas de apresentação, o que me encanita ainda mais, mas de forma muito distraída. De tal forma que só reparei que estávamos a jogar em 4-3-3 lá para os 40 minutos.

O Jesus passou do mono-tacticismo para o multi-tacticismo, o que é bom, mas acabo os jogos com dores de cabeça. Porque já é difícil tentar decifrar quem são os jogadores, lembrar-me dos nomes correctos (não consigo acertar com o nome do calmeirão canhoto - o ... Maric?) e, agora, ainda perceber o sistema táctico. É muita coisa para um tipo que já não tem 20 anos.

Mas enfim, do que consegui perceber parece que já temos um central (Garay), o que já não é mau. O defesa esquerdo, o tipo que ainda se equipou no aeroporto porque deve ter vindo directamente para o jogo, lá está ou lá esteve. Assim de repente, não me parece nada mau nem nada bom. Para mim, insisto, era David Simão e mais nada. O Jardel demonstrou inequivocamente que, simplesmente, não é. Não é, nem será. Por isso, contra os turcos mil vezes Garcia-Garay.
No meio campo, de futuro, contra os Rio Aves desta vida: Javi, Bruno ou Enzo, Gaitan, Aimar. Contra os Guimarães: calmeirão canhoto (Majic?), Witsel , Aimar ou Bruno. Na Europa, contra o porto e contra o Domingos: Bruno ou Enzo, calmeirão canhoto (Matir?), Witsel, Gaitan.

Na frente, e para ganharmos os jogos todos, era apostar de caretas em Nolito e Mora.

Mora só jogou uns minutinhos mas tentou logo um chapéu a 30 metros. É de jogador ou não é de jogador? Não o dispensem pelo amor de Eusébio.

Imaginem gigantescas tarjas na Luz, lá para Fevereiro, com o Mora já com 20 golos (incluindo aquele hat-trick em Nou Camp), dizendo "Já lá Mora".

Vão ver que dormirão francamente melhor.





17.7.11

Notícias: primeiro as más e depois as boas, incluindo uma para a selecção

Despachando as más notícias:
i) O nosso lateral direito passou às meias-finais da Copa América, pelo que vai chegar ainda mais tarde e ainda mais cansado.
ii) O nosso outro possível lateral direito - Danilo - ainda não foi contratado.
iii) Ainda não sabemos muito bem se já temos lateral esquerdo; a notícia da contratação do Capdevilla não descansa antes preocupa porque ele é lento e ataca mal. Já era lento e atacava mal quando era novo e nessas coisas a idade não ajuda. Quanto ao outro, um tal de Emerson, não sei se é bom ou mau, certamente muito bom não será, esperemos que não seja muito mau. Mas venha lá um, porra!
iv) O Jorge Jesus continua a saber trabalhar tão bem psicologicamente os seus jogadores como o Teixeira dos Santos trabalhou o orçamento da nação. A uma semana e pouco da primeira mão da eliminatória da Champions, sabendo que muito provavelmente terá que contar com alguns dos enxertos defensivos que têm jogado, nada melhor lhe ofereceu dizer que "100 por cento dos jogadores que jogam à frente dele (Artur) não serem os jogadores de futuro na equipa do Benfica”. Este agora anda a aprender psicologia com as Tiger Moms.
v) Com a lesão hoje do Miguel Vítor teremos provavelmente a dupla Javi-Fábio Faria a jogar com os turcos. Ui que emoção se avizinha. Mas note-se que uma das melhores coisas que nos poderiam acontecer era sermos forçados a jogar com o David Simão a defesa esquerdo. Já o disse e repito: este puto cheira a Coentrão com melhor cabelo.
vi) O Mora não jogou mais e isto deve querer dizer que vai ser dispensado. O OSP declara 3 dias de luto.
Mas também há notícias boas:
i) Não temos um grande guarda-redes. Só vi grandes guarda-redes de dois tipos opostos: chanfrados (como o Shumacher, o Bento ou o Schmeichel) ou estilosos (como o Dassaev, o Michel - apesar do cabelo à Brian May - ou o Damas). O Artur claramente não é chanfro mas também não é estiloso. Mas não tem o ar de prisão de ventre do Quim nem o ar acagaçado do Roberto. Assim, temos um guarda-redes jeitoso, que não fará defesas que dão pontos mas também não dará grandes frangos (para os mais antigos, um tipo Fonseca, do porto), o que é uma franca evolução relativamente às últimas épocas.
ii) A boa notícia para a selecção é que, pelos vistos, o Eduardo vai ser emprestado. Pela lógica, apesar desta não ser abundante para os lados da Luz, o Eduardo vai ter a peidola bem sentadinha no banco, o que desinibirá o Paulo Bento, que vai por o Patrício a jogar (eu acho que este puto, numa equipa grande, vai longe).
iii) As eliminações do Brasil e Argentina poderiam também ser boas notícias mas se, por um lado, nem sabemos se o Luisão regressará sabemos que, se regressar, virá tão preso como veio o ano passado e imprestável durante pelo menos um mês. Quanto ao Garay o homem não joga hà 500 anos, por isso também precisa dumas semanas para por o motor a funcionar. Portanto esta dificilmente será uma boa notícia.
iv) A melhor noticia de todas é que o Jesus parece que vai deixar de ser mono-táctico. A táctica louca dos dois últimos anos poderá e deverá continuar para cerca de 30 jogos por ano (campeonato e taças caseiras) mas não dá para a europa, contra o porto ou contra o Domingos. Por isso, o 4-4-2 clássico que hoje se apresentou com os belgas, com o "Crouch" e o cabeludo do belga no meio e com dois gajos soltos lá a frente, tem futuro. Dá para segurar a bola, cansa, por isso, menos a equipa, e fica-se menos dependente do Aimar para transportar jogo e do Cardozo para marcar. O 4-4-1-1 da segunda parte já parece coxo se não tiver o Gaitán como o penúltimo 1. Talvez com o Bruno César com menos 10 quilos a coisa resulte. Mas, reforço, é a melhor notícia desta época saber que vamos jogar como homenzinhos contra equipas mais fortes do que a média nacional.

Quanto ao resto, deixem-me só dizer que não gosto desta coisa da Taça ou Torneio do Guadiana porque me faz lembrar o Fernando Santos. E não bastando lembrar-me daquela cara enjoada, sempre que me lembro do Fernando Santos tendo a perdoar tudo ao Jesus, o que não é bom.

12.7.11

2-7-Mora


A ressaca de muitas semanas sem um joguinho que seja do SLB leva-nos a ver coisas inimagináveis como um "Selecção de Friburgo" - SLB.

Sobre Friburgo deixem-me dizer-vos que tem menos habitantes que a freguesia de São Domingos de Rana. Se alguém ainda tiver dúvidas sobre o insólito da coisa, basta imaginarem que o SLB tinha jogado com uma "Selecção de São Domingos de Rana".

Mas o que é certo é que a tal "Selecção de Friburgo" até conseguiu reunir cerca de 20 rapazes magros ao contrário do SLB que teve que alinhar com dois gordos: o Miguel Vítor que, ao invés de regressar da Britânia com o corpo em "V", como o Ronaldo ou o Nani, voltou com o corpo em "O", e o Bruno César, que faz lembrar, não apenas no abdómen mas também nos (belos) pés, um jogador dos "80s" que jogava no Belém (quem se lembrar do nome dele é favor usar a caixa de comentários sff).
E desse jogo, o que retirámos? Que o Júlio César pode fazer alguma coisa num relvado mas não com um jogo a decorrer. Regar, cortar relva, são actividades que aconselho mas nada que o leve a aproximar-se de uma bola. Que o Fábio Faria podia tranquilamente substituir o Messi no Barcelona desde que só jogasse com equipas amadoras de cidades com menos de 40 mil habitantes. Que já é tempo de desmascarar o irmão gémeo do Saviola, despedindo-o e obrigando-o a devolver o seu irmão, aquele que jogou há duas épocas.

Seguiu-se o jogo com o Servette, cidade cujo nome parece inventado por uma Tia de Cascais a fazer pedidos no Santini.
E desse jogo, o que concluímos? Que o Jardel tem a mesma destreza pedonal que a do outro mais famoso e seguramente o mesmo jeito para defender. Que o Fábio Faria conseguiria substituir o Miguelito na 2ª divisão de honra. Que o Franco Jara pode substituir muita gente, até a Assunção Cristas no Ministério da Ecoagrícolaterritorial, mas nunca o Saviola (o irmão bom, aquele de há duas épocas atrás). E que o Wass é uma pergunta sem resposta.

E hoje tivemos um embate contra Dijon, localidade vizinha de Ongles (forçadissima esta piada, aviso-vos já).
E neste jogo, o que constatámos?
Que, nesta fase, só temos um defesa (o Vítor, mesmo gordo) e um projecto de um defesa (David Simão, um potencial Fábio de cabelo com coloração natural). Que Fábio Faria conseguiria, não sem alguma dificuldade, substituir o Manél Tremoço no Águias de Camarate.
Que, com as contratações do Danilo e do Witsel, temos cerca de 75 jogadores para o meio-campo, incluindo um Peter Crouch canhoto. E que o Tó Portela, esse eterno jogador para o OSP, reincarnou num uruguaio chamado Mora. Mora, tal como Portela, não utiliza a cabeça para acertar na bola mas sim para furar literalmente a defesa contrária porque um avançado deve estar sempre - sempre! - de olhos na bola. Fosse o OSP utilizador do Facebook e já uma petição estaria lançada: "Mora fica!".

Como corolário destes primeiros jogos da época, arrisco desde já o 11 mais provável para a eliminatória da Champions:
Artur

Miguel Vítor e David Simão

Bruno César, Aimar, Matic, Javi Garcia, Gaitan, Perez e Nolito

Mora

Um 11 com uma disposição táctica que orgulharia Cosme Damião.