25.6.08

Vatas e Paneiras

Pinto da Costa tem um longo historial de roubos despudorados de jogadores ao SLB (com muitos barretes pelo meio mas com Deco e Jardel a dourar a borla) e só uma vez, uma única vez, teve que tragar um sapo em matéria de tráfico de profissionais da bola.

Corria um ano próximo da década de 90, quando o candidato a presidiário se afirmou preocupado com o SLB, dadas as contratações firmadas de Vítor Paneira e Vata.
Permitam-me que refresque a memória a quem a tem mais acalorada: Vata militava no Varzim e Paneira no Vizela, então na 2ª divisão.
Esta afirmação, como, aliás, todas as que Pinto da Costa profere, maravilharam a imprensa, que implicitamente comparava estes jogadores sem cartel com os tiros mais recentes do Porto na embarcação encarnada : Dito e Rui Águas.
Pois bem, Vata concedeu-nos uma Bola de Prata e uma mão de ouro e Paneira afirmou-se como um médio muito respeitável.

Rui Costa anda por esses céus fora em busca de meia equipa. Gabe-se o esforço, saliente-se os milhões dispendidos e anseie-se por pontaria certeira.

Mas para o ano, não gostaria de ter jogadores que dão respostas em 3 semanas, ou que têm que pressionar o seu clube para sair por menos, ou a negociar contratos durante meses, e muito menos roedores de cordas. Ou se tem dinheiro e se bate com ele para empurrar a caneta para o contrato (o que não parece que venha a conhecer) ou contratamos Vatas e Paneiras. Porque com Paneiras e Vatas, ficamos com a contabilidade mais bonita (e eu aprecio um bom relatório e contas) e até perdoamos um ou outro Beto, ou Fernando Aguiar, que venha no pacote.

21.6.08

O Tio Quique

Somos um povo (ou uma raça, numa concepção cavaquista) que nunca deixou de ser uma criança, com o misto de insegurança, dependência de orientação paternal e felicidade histriónica que esta personificação acarreta.

Procuramos quem nos guie, mas, acima de tudo, quem faça acontecer as coisas que queremos para nós mesmos. E exigimos o que queremos aos “pais” que pela vida nos vão aparecendo (o último foi Sócrates, que já deserdámos), com a nossa particular melancolia enraivecida, que nos leva ao Fado, a Fátima e ao Futebol. Os famosos três efes, que não foram criados por Salazar, mas, simplesmente, aproveitados para mais facilmente nos embalar nos seus braços duros mas tristemente reconfortantes durante 40 anos.


E no futebol, o cada vez maior efe, também precisamos de um patriarca, “um”, alguém. Não um projecto, uma estrutura, ou uma equipa, mas sim um messias que nos conduza com velocidade pela estrada da vitória.

O acaso faz-nos a vontade de 20 em 20 anos. Deu-nos Guttman, Eriksson e Mourinho (embora este último, estupidamente, sem o aproveitarmos). Todos eles mudaram tácticas, melhoraram jogadores e alcançaram vitórias. Foram uns pais para nós e enquanto os tivemos fomos felizes, recebendo generosas mesadas em golos.
Se a história mantiver esta série aritmética, vamos ficar órfãos durante mais 15 anos. Temos, por isso, que nos contentar com aquele Tio que não é brilhante mas até é porreiro, que não deslumbra mas cumpre, que não nos dá, de caras, 20 euros, mas arranja 10.


É isso que espero de Quique: que seja o Tio porreiro, com quem seja agradável passar o fim-de-semana.

19.6.08

SLB: lista de dispensas

Zoro, porque "costamarfinense" é indizível e eu respeito muito os relatores da rádio.
Katsouranis, porque está farto e nós estamos fartos de ele estar farto.
Nuno Assis, porque já excedeu a quota de toques de calcanhar.
Makukula, porque não se joga bem de skis e ele nasceu com uns nos pés.
Edcarlos, porque revela falta de sentido posicional, falta de sentido de corte e falta de tempo de salto. A única coisa que não lhe falta é lentidão.
Luís Filipe, porque (obviamente) sim.


Os restantes que fiquem, que eu agradeço. E, por favor, não me falem na saída de Luisão que eu ainda sou menino para deixar para trás 25 anos de ausência de confronto fisico.

Agora sim (finalmente!) o defeso

Agora que já terminou a participação portuguesa na competição que está a decorrer em terras alheias, pode, enfim, começar o defeso. O defeso a sério, como nós gostamos e precisamos, com noticias várias e diárias do SLB.

Não nos podemos contentar com apenas 5 ou 6 hipóteses de transferência. Precisamos de mais.
Por isso, caros senhores da Bola, Record e Jogo, mandem lá voltar as vossas tropas da neutral e insonsa Suiça e toca a especular.

10.6.08

Essa deficiência chamada Portugal

"Não sou doente por Portugal, sou deficiente", emigrante português na Suiça, ouvido na TSF.

3.6.08

A angústia perante o conhecido

Hoje, um colega meu demonstrava alguma angústia por não conhecer nenhum dos potenciais contratados pelo Benfica. Quem é esse Djebbour?, perguntava ele, numa tentativa de sustentar o estado angustiado.
Angústia, disse-lhe eu, sentem os sportinguistas: nós não conhecemos o Djebbour, mas eles conhecem perfeitamente o Postiga.

O que é preciso mudar no Benfica

Houve várias pessoas que se cansaram - e me cansaram – a escrever sobre o que tinha que mudar no Benfica. O LFV vinha sempre no top das mudanças mas estava sempre bem acompanhado por uma catrefada de jogadores. Apenas ficaram de fora os restantes membros do CA da SAD porque ninguém sabe o nome deles.

Não me entendam mal, o Benfica tem que mudar algumas coisas, de facto. Só que, muitas vezes, são pequenas coisas que têm que mudar, pequenos detalhes. E um desses pequenos detalhes que merece urgente alteração é a águia Vitória (ou será Victória?).

Apesar de não ser daqueles que deixaram escapar uma lágrima aquando do primeiro voo do bicho, confesso que achei alguma graça. Até à décima vez. Depois comecei a ficar impaciente. A partir da quinquagésima, fiquei frustrado por não me lembrar do local onde o meu pai guarda a caçadeira. Depois da centésima, comecei a ganhar coragem para perguntar a um Noname Boy onde é que poderia comprar uma espingarda de longo alcance a um preço módico.

O raio da águia dá galo. E uma águia que dá galo é, claramente, contra natura e tem que ser eliminada. O pior de tudo é ver o estupor do animal a esvoaçar em círculos, com a carne mesmo ali à frente do bico. Tal qual o Luís Filipe quando tem o Maxi mesmo ali à sempre e flecte para o lado e passa para o Tonel.
A tal de Victória (ou será Vitória?) não é um prenúncio, é um espelho das últimas equipas do Benfica: desorientadas e com fome de carne, ao invés de fome de bola.

O bicho tem que ser substituído por algo que represente o que tem faltado ao Benfica: vigor, pujança, velocidade, força, determinação.
Por isso, mandem a Águia mais o anão do seu criador embora e substituam-na por um Touro. Sim, um Touro. E em vez de termos um puto com voz fininha a gritar “Vitória, vem” teremos um forcado a gritar “Ei, Touro, Touro, Touro” e os seus ajudas, como uma verdadeira equipa, a pegar o bicho, perante o aplauso verdadeiramente emocionado da multidão (onde eu estarei) e o pasodoble ruidoso irrompendo das colunas.

É por aqui que temos que começar. Adeus Vitória, venha daí o Touro.

Só ainda não decidi como apelidar o quadrúpede. Se fosse Red Bull ainda teríamos como bónus um montante simpático de patrocinio.

2.6.08

Antes que passe o defeso

Tentámos, até agora, manter um registo actualizado da carreira do Benfica, com uma sequência temporal de crónicas dos seus jogos.
Mas o nosso tempo não abunda e, especialmente, aquele final de época (e que alivio poder utilizar o passado) não ajudou.
Temos jogos em atraso, pois temos, mas já nem nos lembramos quais. Melhor dizendo, não nos queremos lembrar nem muito menos escrever sobre isso.

A coerência deste blogue esfumou-se. Paciência. Pior seria deixar o defeso sem qualquer nota. Porque o defeso é, simplesmente, o meu período preferido da época. É o tempo de todos os sonhos e ilusões, em que, por breves mas intensos momentos, temos uma equipa fantástica.
Recordo, há muitos, muitos anos, uma notícia do Record (sempre o Record, esse formidável vendedor de ilusões) que anunciava a possibilidade de o Rummenigge ingressar no Glorioso. Que mentira descarada mas maravilhosa.

E é isso o defeso: mentiras atrás de mentiras, cada vez mais descaradas, cada vez mais maravilhosas. E eu estarei cá para as comentar. Com um sorriso infantil no rosto e a credulidade no máximo.