27.11.08

Quero o clique!

O Benfica corre o risco de ganhar habitualmente. Em Portugal, vivemos assim durante 48 anos e as consequências não foram as melhores. Mas ganhar habitualmente não é uma má sensação para quem passava vergonhas com semelhante regularidade. Apenas tenho embirração por ganhar à Demo. O Demo teve um período em que ganhava habitualmente. Num jogo seguro (graças às viagens ao Brasil e às suas nacionais em terras lusas emigradas) e certinho. Aquilo eram épocas seguidas de um futebol modorrento, minando o jogo do outro, enfastidiando-nos até ao estupor. Nós gostamos é de bola. Lembro-me de estar a ver o Manchester City-Chelsea (do Mourinho) e desejar estar no Carlisle-Bradford United de uns meses atrás e £22 a menos.


Se tivéssemos uma equipa de Nelos, Tavares e Paredões, ganhar assim far-nos-ia ter um sorriso nos lábios ante os nossos colegas súbditos de Paulo Bento (bem, na verdade já o temos….)


Uma pessoa não quer andar com aquelas metáforas de “fomos dar uma lição aos estudantes” e tal, até porque gente que contrata um esbirro do Demo-mor, com tendência para olhar para o chão quando há cotovelos à solta contra jogadores da sua equipa, é, redundantemente, idiota. Ter o Domingos não há Paciência a dirigir jogadores é meio caminho para a perda do espírito de equipa. Contudo, há que reconhecer a sabedoria de inovar nos ínvios caminhos para o domínio do futebol português e o seu apodrecimento. Não contente com o comprar de jogadores de rivais para os debilitar, o ceder de outros para minar adversários, e o alugar de árbitros à jorna, resolveu emprestar treinadores. É vê-los a pejar ex-jogadores imbuídos do espírito fóculportista (viscosidade, trapaça e cheiro a enxofre), por equipas adversárias. Ora, se havia o costume de não se jogar com jogadores emprestados contra a casa-mãe, parecia-me bem proibir treinadores de treinarem contra a casa-mãe. Permita-me, quem já está a pensar argumentar que isso só fragilizaria a equipa adversária do Demo, que discorde por antecipação, lançando um argumento preventivo e, a meus olhos, evidente. É preferível ter uma equipa (supostamente) desorganizada do que uma instruída para perder. Imagino a tensão dos jogadores numa equipa do Domingos não há Paciência que se arriscam a jogar bem contra o fóculporto …


Dito isto, estou muito agradecido ao Quique por nos ter posto a ganhar, por ser um treinador capaz e um homem inteligente, conhecedor, bem-formado e bonito. Na verdade, a definição de

um verdadeiro benfiquista, espécie há muito arredada dos bancos benfiquistas (lembremos que os bigodes foram, no seu tempo, imprescindíveis para a beleza de um homem).


Estou, dizia, agradecido. Agradecido mas expectante. Parece-me que falta um clique ao Benfica. Um daqueles cliques salvadores que farão do Benfica um rolo compressor. É que o tempo está a passar e, daqui a uns meses, nem Reyes nem Suazo por cá se encontrarão. Precisamos de um clique como os daqueles pára-quedistas aliados lançados atrás das linhas inimigas na Segunda Guerra, e que os salvou de levar um balázio. É que, meus amigos, nem me passa pela cabeça não ser campeão este ano. E em estilo. Venha então esse clique salvador.



Académica 0 – Benfica 2

17.11.08

No Name Boys no TIC - as verdades

Escomalha da mais reles que pode existir
Hugo Dias
.
Todos nós temos um NN dentro de nós
Trivelasvesgas
.
Ainda por cima burros, porque usam um símbolo de extrema direita, quando grande parte dos elementos da claque, pela sua etenia, seriam alvo de discriminação nazi
Carla Gonçalves
.
Aprendam a não cuspir para o ar, pois no melhor pano cai a nódoa
António Abreu
.
Temos os ladrões do BPN á solta e a procurar um novo emprego provavelmente nalguma Empresa Pública mas o que os media e os ACAB querem é tentar destruir e enxovalhar um Grupo que não aceitou vergar-se perante mais um ataque á Liberdade de Expressão em Portugal
Hugo Castro

Excertos dos comentários à noticia no Record

Show me da money!

Pensar em todos os cêntimos que desperdicei neste jogo de salários em atraso… bem falta fariam a alguns jogadores do Estrela.

Fico sempre maravilhado como diferenças abissais de salários se esbatem em campo. É algo a que já me habituei, mas fico sempre maravilhado, apesar de um gajo se habituar à maravilha poder ter consequências quando chegado ante o Grand Canyon. Se alguma vez lá for, logo vos contarei se o baile que o Gondomar deu aqui há uns anos em nossa casa danificou de modo permanente a minha capacidade de percepcionar o mundo exterior.


Bem sabemos que o jogo de domingo não era propício a este tipo de maravilhamento; para haver uma "diferença abissal de salário", é necessário que uma das partes o tenha. O salário. De certo modo, o Benfica ganhou um a zero a uma equipa de amadores. Diga-se que ganhou bem, tão bem quanto mal jogou. Se o Nuno Gomes não aguentasse a bola na área (como se de Brian Deane se tratasse) três ou quatro segundos antes do passe para o puto, as coisas teriam ficado ainda mais manhosas.


Apesar de tudo, tenho esperanças num bom resultado no campeonato. Afinal de contas, fomos o único dos três grandes que conseguiu pontuar com o líder. E em sua casa! Grandes feitos nos estão destinados, seguramente.

De qualquer modo, resta-nos acreditar no futuro, já que o presente nos coloca algumas dúvidas. Uma equipa com Suazo, Aimar, Cardozo e Reyes que não consegue dominar um jogo contra virtuais amadores não é realmente uma equipa. Aliás, os constantes e perenes apelos à compreensão de um período de "contrução da equipa" começam a soar estafados. Quão difícil é reunir uma equipa minimamente coerente para bater o Penafiel?


Mais uma vez foi preciso recorrer a S. Joaquim de Famalicão e à tão mal amada Maria Amélia.


Resta-nos ser estóicos e continuar a acreditar nas obras de Santa Engrácia da Liga Sagres.

E rezar para que não venha aí nenhum terramoto.

16.11.08

Cuíca, cuíca, cuíca

O timing do nascimento do OSP não foi excelente. Seria, se as suas faces se tivessem enchido de borbulhas na década de 50 e não de 80, se tivesse trauteado “Lá vamos, cantando e rindo, levados, levados, sim, pela voz de som tremendo, das tubas, clamor sem fim” e não “See them walking hand in hand across the bridge at midnight, heads turning as the lights flashing out are so bright”, se assistisse aos socos no ar de Eusébio e não ao encosto de Bento a Manuel Fernandes.
Não foi excelente, sem dúvida, mas foi bom. Começámos com Baroti, um protótipo de bom homem, e continuámos com Eriksson, um daqueles que, sem aviso, mudaram o futebol. Como afirmou Fernando Martins, outro bom homem, numa inesquecível entrevista televisiva: "Eriksse é, cuíca, o melhor treinador do mundo.”
Ver a nossa equipa a ser treinada, não só por, “cuíca”, o melhor treinador do mundo, mas, e essencialmente, por alguém que revolucionou o jogo, é, por um lado, um privilégio, mas, por outro lado, uma espécie de maldição.
Depois disso, tudo parece pouco. A exigência agiganta-se, e, com ela, os treinadores – muitos – apequenam-se aos nossos olhos.
Uma das grandes qualidades do gentleman sueco era a disponibilidade táctica, um sinal claro de inteligência. Recordemos uma eliminatória com o Olympiakos, de 83, em que, da primeira mão, trouxemos uma desvantagem de um golo. Na segunda mão, Eriksson apresentou 3 defesas, com um magnífico Shéu à sua frente, e perto da baliza o estilista Filipovic a marcar cedo um golo, num toque superlativo de destreza. Depois do veludo do jugoslavo, a ganga do dinamarquês Maniche, que não só massacrou uma defesa preparada para algo mais macio, como fechou o jogo disparando o três a zero.
Um treinador inteligente não hesita em procurar superiorizar-se a um adversário, quer através de uma escolha criteriosa de jogadores, quer através de uma modificação táctica.
Quique andava-nos a preocupar. O 4-4-2 entretinha-nos, mas desesperava-nos, quando desalinhava em 4-2-4 e a preocupação-mor residia num prenúncio de monotacticismo, e pesadelos começavam a surgir em que Quique, por detrás da sua guapa figura, escondia um coração de Peseiro e um cérebro de Fernando Santos.
Contra o Aves, Quique mudou, e a mudança transbordou para o jogo contra o Estrela da Amadora. É um sistema que o OSP não abraça, de forma continuada, mas que suporta. É bom ver o Aimar ali, apesar de pouco ter jogado hoje, e um meio-campo com gente. Não é sistema com futuro, porque já não temos um Simão que carregue a bola para fora daquele diamante, nem laterais que consigam cruzar sem acertar nos defesas primeiro. Mas é um outro sistema. E, do pobre jogo de hoje – sem quaisquer segundas intenções para com os jogadores do Estrela de Amadora –, fica-nos a esperança que Quique, afinal, seja, “cuíca”, um bom treinador.



SLB, 1 – E.Amadora, - 0

14.11.08

A Taça não voou

O Desportivo das Aves apresentou-se na Luz de forma tão macia que, aos 3 minutos de jogo, já qualquer penafidelense tinha arranjado forma de poder enxovalhar, durante uns tempos, qualquer habitante da Vila das Aves.


O Desportivo das Aves apresentou-se na Luz de forma tão macia que Quique poderia perfeitamente ter feito alinhar Pedro Emanuel no lado esquerdo da defesa, ou outros alinhamentos ainda mais inacreditáveis (se tal for possível).


Quique que apresentou a equipa de forma superinteligente. Fez o Benfica esquematizar-se baseado no losango, levado à fama pelo Sporting. É tido como um esquema tão bem engendrado que torna vitoriosas equipas que nem alcançam uma qualidade de jogo medíocre. Sim, porque o Sporting, além de ter sido reconhecido como o emblema luso que mais cedo se qualificou para a fase eliminatória da Liga dos Campeões, devia também ter sido reconhecido como a equipa que se qualificou jogando de forma mais paupérrima…


Yebda fez questão de demonstrar que a síndrome gripal que o debilitou contra os otomanos não era gripe das Aves ao inaugurar o placard com o cabeceamento mais ortodoxo dos últimos anos. Maxi Pereira fez uma exibição galharda (coroada com um golo proporcionado por mais um toque de génio) e, se continuar a exibir-se desta forma, ainda vão pensar que foi Cristian Rodríguez que chegou atrelado a ele e não vice-versa. Binya voltou a fazer-me desejar que ele tivesse os pés de determinado grego vagaroso, que só marca golos na selecção e que não corre nem a bolas que lhe cheirem a biqueira das chuteiras. Balboa voltou a frustrar os jornalistas e a mostrar que todas aquelas manchetes gloriosas, com trocadilhos envolvendo filmes de Sylvester Stallone, podem ir para a gaveta. Tendo em conta que o melhor que fez no jogo foi roubar bolas aos oponentes, Quique deveria testá-lo a lateral-direito. Afinal de contas, a extremo já vimos que não dá. A sorte de Balboa é ter colegas solidários, como Urreta, que decidiram apresentar um nível de jogo de igual mediocridade.


Não foi o jogo de alto nível que a Liga Protectora dos Animais previa, tendo em conta que envolvia águias e outras aves. Mas importa principalmente o facto de a Taça não ter voado.


SLB 3 – D. Aves 0


Graça, postado por Cosme


Hoje começamos com o que poderá ser um hábito. Contarmos com um convidado de espírito obrigadosápintiano. Durante algumas semanas teremos connosco Graça, directamente da Terra Quente e indolente.


10.11.08

A culpa é da UEFA




Este organismo deveria pôr os olhinhos na União Europeia. Essa coisa de ter turcos no meio de nós só traz problemas. Habituados a calcorrear terras europeias, plantando minaretes e mulheres de burka, não respeitaram Lisboa. Fizeram na nossa cidade a Viena que não conquistaram em 1683. E à frente dos meus olhinhos, que viram os maliciosos turcos ludibriarem os nossos doces e ingénuos centrais.

É certo que o Yebda contribuiu para a vitória dos seus correlegionários religiosos (é por estas e por outras que deveríamos ponderar as lealdades de certos e determinados cidadãos aos estados nacionais e ao grande desígnio europeu), coxeando por todo o campo enquanto oferecia bolas ao campo galatasariano. Mas todos sabemos que o futuro do cristianismo, dos seus valores conservadores e sexualmente repressores (mas, ainda assim, muito nossos), se encontra em terras do Novo Mundo. Não foi por isso de estranhar que as movimentações de Suazo, sempre azafamando a defesa otomana, tenham mantido o espírito de Lepanto bem vivo.




E ainda houve tempo para ver o nosso santo cristão, S. Joaquim de Famalicão, salvar a nossa honra de mais aviltantes humilhações, como já é hábito, e constatar que o jogador em campo que quer sempre realmente vencer é o nosso lateral-esquerdo, seja este, seja o outro. Acho que é da ervinha que grassa por tais locais. Apesar de ser triste ver o Jorge Ribeiro a querer ganhar mais do que o Aimar, o Reyes ou o Cardozo.

Houve falta de respeito por um dos valores basilares da União Europeia, um dos princípios que faz da cultura europeia o que é, a par da abolição da pena de morte e da democracia liberal, o «não vencerás no Estádio da Luz». A quebra de tal princípio é, só por si, suficiente para adiar sine die a entrada dos Otomanos na União Europeia. Lá que enforquem pessoas, destruam cidades curdas, genocidem arménios ou não tenham liberdade de expressão, é uma coisa, mas vir ganhar à Luz é demasiado!

Há que traçar um limite, dizer «basta», c'o Diabo!

SLB 0 - Otomanos 2

6.11.08

Xistra vs People

O enquadramento jurídico de um país deveria, em tese, responder às mutações da sociedade. No entanto, por várias razões, sendo a mais forte o afastamento entre quem o define – o estado – e os seus destinatários – nós todos –, a lei, quer a sua letra, quer a sua aplicação, acaba por nos marcar o passo, independentemente da nossa vontade de avançarmos mais rápido ou noutra direcção.
No OSP, temos um fraquinho pelo sistema anglo-saxónico. É, na sua aparência, se bem que nem sempre na sua essência, um sistema que persegue a justiça, baseando-se,em grande parte na experiência passada – a chamada jurisprudência. Contrasta com o nosso sistema franco-germânico, que privilegia o cumprimento do que está escrito, independentemente das eventuais particularidades dos casos em apreço.


Por muito que o sistema não continental possa provocar alguns arrepios, e com isso ser hipótese afastada dos nossos tribunais, tem uma vantagem enorme e inegável: é fonte de bons filmes e séries. É absolutamente impossível imaginar uns bons minutos de fita inspirados no nosso sistema legal, embora alguns acólitos dos Cahiers du Cinéma não desdenhassem umas boas 4 horas de cenas de tribunal portuguesas captadas pela mão inerte do Mestre Manoel de Oliveira.
Somos o que somos, podemos fazer o que fazemos, e a tal da jurisprudência afunda-se debaixo dos quilos de códigos que os políticos alimentam constantemente.

O futebol é, assumidamente, uma vítima da lei escrita. Aliás, é plenamente e acabrunhadamente aceite que não há justiça no futebol. Apesar disso, há árbitros – os juízes supremos dos tribunais de relva – que apostam no julgamento do caso concreto, no juízo amplo, no critério largo, e que produzem legislação particular.

Xistra, no Guimarães-SLB, reescreveu, com uma dose enorme de criatividade, a Lei 12 (ver partes a negrito):

(...) Um pontapé-livre directo será concedido à equipa adversária do jogador que no entender do árbitro cometa, por negligência, por imprudência ou por excesso de combatividade, uma das seis faltas seguintes:
· dar ou tentar dar um pontapé num adversário, excepto se o atingir na face direita.

(…) Um pontapé livre directo será igualmente concedido à equipa adversária do jogador que cometa uma das quatro faltas seguintes:
· entrar em tacle sobre um adversário para se apoderar da bola tocando nele (..) excepto se o adversário for natural da Argentina e tenha menos de 1,75 m de altura.
. agarrar um adversário, excepto se este for bastante corpulento.

(..) Todo o acto de simulação que tenha lugar no terreno de jogo com a finalidade de enganar o árbitro deve ser sancionado como comportamento antidesportivo, devendo igualmente sancionar-se o adversário mais próximo do local onde a simulação ocorreu.

Xistra é, claramente, um adepto da jurisprudência, inspirando-se, provavelmente, em casos tão célebres como People vs Pratas ou People vs José Silvano.


Mas não há, de facto, justiça no futebol. Se houvesse, aos 14 minutos do Guimarães-SLB, o Xistra apontaria para o centro do terreno, apitaria duas vezes e explicaria, desta forma, esta decisão apenas aparentemente insólita aos vimaraneneses: um passe de letra, de primeira, de 30 metros, recebido sem mácula, conduzido e executado (quase) à Eusébio, não é algo que possa, nem de perto, ser reproduzido pelos vossos rapazes. Por isso, vão para casa e revejam este golo em loop, dando graças pelo dinheiro que (bem) investiram nestes 14 minutos.

Guimarães, 1 – SLB, 2

5.11.08

Vergastadas tardias


O Suazo é concorrência desleal, para o campeonato e para o Cardozo. O gajo é forte, jeitoso (e não é só pelas as pernas bem torneadas), rápido e pode ser que marque uns golinhos.

E o Cardozo no banco... O Benfica com um goleador no banco. Que veremos a seguir? Um portefólio de acções a valorizar? Um presidente do Porto que nunca tenha comprado árbitros? Um criacionista como vice-presidente dos EUA?... Eh pá... medo...

Confesso que esta substituição do Cardozo pelo Suazo me faz lembrar a do Quim pelo Moretto (embora admita que comparar o Suazo ao Moretto seja como comparar um gajo manhoso de Alfama com o Pablo Escobar).

O nosso Quique embirra com canas que abanam com o vento, mesmo que estas sirvam para vergastar pescadores atrevidos. Como foi o caso.

Aliás, o amor entre Cardozo e Léo, por demais evidente, partirá desse comum sentimento de desamor que Quique lhes destina.

Quique nem precisa de amar Cardozo (já se sabe que os seus desejos mais recalcados se dirigem ao jovem trota-mundos que agora trota pela nossa ala esquerda), basta que o deixe jogar (logo, marcar).

Porque isto, amor, amor, golos à parte.

SLB 2 - Naval 1