31.5.09

Pois se o Nadal perdeu em Roland Garros

No último jogo do SLB, excelentes indicações de Filipe Bastos e, até, de Balboa. Afinal, Quique tem contrato apenas de uma época, porque, até agora, foi apenas a pré-época. Uma longa, muito longa, pré-época, com experiências até à ultima.



Já defendi por aqui a permanência de Quique, e mantenho essa defesa, embora não tenha gostado nada daquele tímido "chin up". Se Quique quer imitar o Mourinho, tem que começar por investir num bom sobretudo e nunca, nunca mesmo, ocupar o banco com um fato de treino. 
Mas enfim, sempre foi um ano a trabalhar em frente ao Colombo, e há exemplos que se apanham.

Na próxima época teremos Jesus, e um novo bode expiatório. Corrijo: como se trata de Jesus, teremos um bode "respiratório".

Uma das coisas que esta época me ensinou, é que a racionalização não traz alegrias a ninguém. Portanto, a próxima época vai ser só confiança, independentemente dos sinais.
Que diabo, se o Nadal perdeu em Roland Garros, porque raio é que o SLB não pode voltar a ser campeão?



19.5.09

Para ganhar

O mundo mudou, massas de água se abriram, alienígenas nos visitaram e o Quique deu lições de táctica ao Jesus. Os que vituperavam o espanhol louvam-no agora. Bastou o oportunismo do avançado que o treinador pôs a jogar contrariado, e um deslize do Eduardo, para o Quique ser quase bestial e o Jesus quase besta. A consistência dos nossos cronistas desportivos parece a da gelatina durante um sismo chinês.

Eu continuo satisfeito com a possível troca. No passado recente, o slb não tem gostado muito de treinadores portugueses. Sempre virado para o mundo, "entugou-se", passou a louvar o que vem de fora em detrimento do que se encontra por cá. É certo que a experiência do homem-vassoura nos traumatizou, e que se de fora veio Skovdahl também veio Eriksson. No entanto, fazer do estrangeiro a panaceia dos nossos males não resultou nada bem; nem o jogo cauteloso como sinal de um conhecimento pragmático, oposto à vontade de jogar para ganhar. Este brilhante pragmatismo táctico deu-nos um título em 15 anos. Ao nível do Boavista. Ser benfiquista é querer ver a equipa jogar para ganhar em todos os campos portugueses.

É só isso que peço.

Braga, 1 - Benfica, 3

13.5.09

O truque é ignorar a dor

Eu, pecador, me confesso: fui do FCP. Por um par de meses apenas, mas fui. Lá por 78 ou 79, influenciado por um vizinho mais velho e ofuscado por dois títulos seguidos, entreguei a minha pueril alma ao demónio. O meu pai, num gesto que nunca deixarei de lhe agradecer, fez-me ver a luz: eu queria uma bola, e o meu pai recusou. Porque bolas, disse ele, eram só para meninos do SLB.



O SLB era, de facto, a luz, neste país cinzento, neste "meu remorso de todos nós". Ao contrário do que muita gente apontava, o SLB era o clube menos português de Portugal. Este era provinciano, pessimista, invejoso, segregador, dependente. O SLB era universal, ambicioso, trabalhador, liberal. Enquanto, em terras africanas, se tentava calar os indígenas, no SLB punha-se uma braçadeira de capitão num negro. Quando os portugueses estendiam a mão, esmolando, a um parolo de Santa Comba Dão, os benfiquistas arregaçavam mangas e construíam um estádio.

Sim, o SLB não era como Portugal. Era como nós gostaríamos que Portugal fosse.


O SLB aportuguesou-se. Os dirigentes do SLB passaram a vender ilusões, como políticos, e os benfiquistas passaram a desejá-las, como eleitores. O defeso passou a ser uma campanha eleitoral, e Aimar, Reyes e Suazo, o TGV e os 150 000 empregos.


Esta época já tinha acabado. Logo após o primeiro jogo com o Trofense. Estes dois últimos jogos não merecem sequer um comentário, porque foram apenas dois sinais aproveitados pelo herdeiro oportunista para desligar a máquina.

Mas foi uma época diferente das anteriores. Foi a época de Rui Costa, o símbolo do SLB iluminado, o exemplo do homem com humildade ambiciosa, o herdeiro da linhagem real de Cosme Damião, Francisco Ferreira, José Aguas e por aí fora.


Mas, afinal, foi um ministro sem pasta. Mais do que também vender ilusões, foi ele próprio uma delas.


O SLB que o meu pai me apresentou "is no more". E, neste contexto, como é que se consegue aguentar ser benfiquista? Só me consigo lembrar do Lawrence da Arábia: "O truque", dizia ele, enquanto apagava um fósforo com a ponta dos dedos, "é ignorar a dor."




Nacional, 3 - SLB, 1

SLB 2, - Trofense, 2


1.5.09

Lesão benfazeja


Somos fruto de um acaso, perdemos e vencemos de acordo com as decisões impostas ao Quique. Se esse leva a sua avante temos um centro-americano aos tombos numa ilha vermelha num mar adversário. Perde-se. Pode ser que se empate. A preguiça e a bela estampa física são recompensadas.


Se, por outro lado, a fortuna (para nós) o atira para uma maca, a exclusão de partes obriga Quique a colocar em jogo alguém que realmente marque golos.


É desnecessário afirmar aqui que Sá Pinto é bafejado com um pouco de admiração benfiquista (quase toda esbanjada numa certa tarde no Mosteiro dos Jerónimos), mas se a fortuna (sempre ela) não o tivesse atirado para o mesmo leito do Suazo, ainda que não necessariamente ao mesmo tempo (para pena do Sá Pinto), em 2000 o nosso eterno-defesa-central-Humberto colocá-lo-ia a jogar, em detrimento de Nuno Gomes, condenando, assim, Portugal a ser eliminado logo na primeira fase. Seguramente, não daríamos início à tradição de eliminar os nossos mais antigos aliados sempre que a fortuna (a marota) os traz às nossas bandas.


Sugiro que o próximo treinador do Benfica seja aquele tipo que parte o braço ao guarda-redes do Fuga para a Vitória.


“Olha, anda cá para eu te partir a rótula e pôr o melhor jogador em campo”


Benfica, 3 - Marítimo, 2