30.11.09

E o Sporting é campeão, ó é, ó é, e o Sporting é campeão, ó é, ó é

Um dos poucos males de o Benfica estar a jogar como está é a extraordinária motivação com que as equipas de menor dimensão o enfrentam. Nos primeiros 20 minutos do jogo de sábado isso foi por demais evidente. O Sporting jogou mais nesse período de tempo de que nos 180 minutos em que partilhou o campo com Sp.Braga e FC Demo. Jogou como a final que era, a final do seu campeonato, o único que realmente lhe importa, o que o opõe ao Glorioso. E, como as coisas andam, empatar em casa com o Benfica foi suficiente para aglomerações no Marquês de Pombal, apitos pela Avenida de Liberdade abaixo e banhos etilizados no Rossio.


Felizmente, Quim defendeu tudo o possível e até um impossível, impedindo os caros seguidores do esquelécticozinho de festejarem como se o troféu da Liga dos Campeões se aconchegasse no seu bafiento museu. Salvou-nos da humilhação de perdermos com o Sporting (quem?!). Como de costume, isso não é suficiente para que certos benfiquistas não deixem de o achar uma bosta de búfalo seca, alegando que ele raramente defende o impossível. Bem, mas masoquistas há em todo o lado.

O que realmente me preocupa é o tempo que ainda falta para Janeiro. A cotação do Di Maria vem por aí abaixo à medida que os jogos passam; a não ser que os tipos do City sejam tão burros a comprar quanto ele jogar, nesse caso já não estarei tão preocupado. As decisões erráticas de Di Maria, para muitos o motor deste Benfica renovado, são o equivalente futebolístico das leis do caos da física, só que mais imprevisíveis. Não me interpretem mal, eu até aprecio o jogador, principalmente se o vendermos por €40 milhões.



Mas também há umas coisas a dizer sobre jogadores do outro lado. Alguns de nós, refugiados em Londres para assistir a modalidades desportivas mais dignas de Caco Antibes, não puderam deleitar-se com verdadeiras pérolas, tais como a versatilidade de Polga, jogador de vastos recursos, ainda que nenhum deles futebolístico.


Uma vez que isto no futebol não lhe corre muito bem, apresentou a sua candidatura para ponta-direita da equipa de andebol, ao fazer um belo bloco a um remate na zona dos nove metros. Isto foi só o Paulo Bento deixar o clube e é ver as misturas de modalidades que tanto lhe desagradavam a ressurgir . Só que ser-se eclético no Sporting é fazer muitas coisas e nenhuma delas bem. Sugiro-lhes, por isso, que pratiquem menos modalidades. Serão maus em menos coisas.

Ah, e parabéns pela vitória no campeonato.

Sporting, 0 – Benfica, 0

29.11.09

O menino não é ponta de lança, pois não?

Corria o ano de 1992. O Senhor Jorge de Brito, depois de uma época de Ericksson que de títulos rendeu apenas mais um dos maiores jogos de sempre (para os mais novos e mais esquecidos, foi em Londres, frente ao Arsenal), decidiu-se por mais um treinador estrangeiro: Ivic.
No jogo de apresentação, ainda por cima com uma equipa que tenho ideia ser muito jeitosa (salvo erro o Real Madrid ou então o Farense - jogavam de branco), o SLB de Ivic mereceu do Record a referência à semelhança com o Ajax dos anos 70 (muito se bebia naquela redacção). Enganaram-se, pois rapidamente o SLB de Ivic começou a jogar como o Ajax do século XXI ou o Tires de 1998 (é escolher). Mas apesar disso, Ivic entrou para a história do SLB, devido a umas decisões de carácter extravagante. Na verdade, foram de carácter demente, mas aqui, pelo OSP, cultiva-se o respeito pelos mais velhos.
A mais emblemática dessas decisões, foi o estreitamento do campo do SLB. Dizia ele que isso beneficiava a equipa que mais atacava. E, numa conferência de imprensa, ele, no seu linguajar portugohispanoitalojugoanglés passou uns bons minutos a esclarecer os méritos da sua decisão. O problema é que não se percebeu nada do que o senhor disse e eu, até hoje, mantenho a ânsia de compreender essa decisão (a outra ânsia que tenho é saber quem é que matou o JR Ewing - não vi esse episódio).
Outras decisões houve de Ivic que marcaram os tempos. Escolher as posições dos jogadores pelo seu cabedal, por exemplo. Ele viu por lá um rapaz barbudo, troncudo e com perna grossa e lá o pôs a trinco. Era o Isaías e, por acaso, até lhe fez bem. Depois viu um jovem alto e colocou-o a treinar na área. Passados uns minutos, vendo o jovem a encolher-se, a não saltar e a não fazer ideia do que poderia ali fazer, Ivic perguntou-lhe: "O menino não é ponta de lança, pois não?". O petiz respondeu que não, que jogava no meio-campo. E lá foi, treinar para onde devia. O menino chamava-se Rui Costa, by the way.

Ao ver o SLB- Guimarães lembrei-me desta ultima história. Porque também tivemos um menino por lá que não é, seguramente, ponta de lança. Pode ter sido, no Brasil, poderá vir a ser noutro lugar qualquer. Mas agora, nesta época, não é. Tem medo que se pela dos defesas, o que é bastante chato quando se tem que passar por eles, não salta se não estiver sozinho, o que num desporto colectivo é difícil, não para uma bola, não dribla, não remata. Está bom para ministro da república portuguesa, mas não para ponta de lança do SLB.
E o Jesus alinhou naquele acto de não o substituir cedo para não queimar o jogador. Pois que me perdoe o pai do Keirrison - um adepto acérrimo do Lizard King tem sempre o meu respeito - mas o menino que se queime.

Como é emprestado o Guardiola, se um dia o aceitar no plantel, que o salve das queimas. Por aqui, perdemos um jogo graças a isso, porque o menino só foi substituído lá para o final da segunda-parte, colocando a equipa numa situação pior do que se estivesse a jogar com menos um. Com menos um não se centra para lá a bola. Com o menino, os outros ainda viam lá alguém com uma camisola igual à deles e passavam. Só depois é que se apercebiam do erro ("ora foda-se, afinal era o Keirrison").

A eliminação da Taça, embora estúpida, até dá jeito. Já referi por aqui que o SLB de Jesus não terá corda para isto tudo. Foi pena é ser esta e não a da Liga, que tem mais jogos. E para além disso, corremos o risco de ir outra vez à final com o Sporting e ver o Pedro Lima no lançamento da medalha.

SLB, 0 - Guimarães, 1

28.11.09

O profianço também compensa


Tempos houve em que as conquistas se faziam através de um Blitzkrieg. Tempos, no que ao Benfica diz respeito, que são bem recentes. Levamos as nossas brigadas muito móveis, bombardeamos, baleamos e baionetamos com afinco, e, depois, abrandamos ligeiramente; apenas para Blitzkriegar um pouco mais tarde. Aliás, pensando bem, os nossos jogos têm sido um Blitzkrieg constante, o que contraria o significado do conceito. Talvez no Instituto de Altos Estudos Militares se teça um novo instrumento teórico para as artes da guerra, o "Benficar". Pelo menos justificariam, de algum modo, as mordomias e luxuosas instalações de Pedrouços.



Nada disto se passou com a Naval, porém. Foi preciso alambar com a enxada e começar a escaqueirar o muro que o lagarto da Figueira construiu em frente do francês irredutível, mas sem bigode, que guardava as redes destes pescadores betinhos. E olhem que aquilo foi coisa para hora e meia de uf and puf, investir pela esquerda, acometer pela direita, arremeter pelo centro, e apenas com o redobrado empenho no investir (pela esquerda, como o verbo indica) é que o Javi Garcia arremeteu (pelo…? ….. Muito bem!) e nos colocou no nosso lugar: o primeiro. Bem, mais ou menos no primeiro, ainda assim cinco pontos à frente dos que interessam (esperemos).


Não foi dia para "Benficar", mas para uf and puf. Muitos outros dias destes virão, alguns em que mesmo o uf and puf não será suficiente, haverá dias em que a água não terá tempo para furar a pedra. Contudo, sabemos que este ano, mesmo que o "Benficar" não funcione, a água nunca deixará de pingar visando furar a insolente pedra.


Benfica, 1 - Naval, 0




19.11.09

40 milhões de razões para gostar do Di Maria*

Só houve uma coisinha, uma coisinha só, que nunca perdoei ao Manuel Galrinho Bento (que a sua alma esteja em descanso). E não, não foi ter dado aquele frango em Craiova e ter dito que era do creme que tinha na perna - essa já lhe perdoei há uns 10 anos. Foi ter dito, num documentário sobre Eusébio da Silva Ferreira, que o que o distinguia era o "potente remate".

"Potente remate" era o que distinguia o Senhor Eusébio da Silva Ferreira, portanto. A mesma coisa que distinguia o Beto - aquele rapaz oxigenado que o Koeman adorava - e o famoso, e saudoso, Bóbó do Boavista.

Isto levanta o debate sobre o que distingue um grande jogador. Então vamos lá ver: dotes físicos ajudam, com certeza que sim - a velocidade, a tal "potência de remate", a agilidade - mas não são determinantes - não se alguém ainda se lembra da calamidade física que era o Fernando Chalana.

Técnica, sim, não há grande jogador sem ela. Mas o que não faltam na história do futebol são jogadores de boa técnica e até de elevado potencial físico que nunca se aproximaram, sequer, de ser grandes jogadores (os lagartos devem-se lembrar do Amunike, por exemplo).

O que define, então, um grande jogador?
A capacidade de tomarem as melhores decisões muito mais vezes do que os outros. É isso que diferencia os homens dos meninos.

Exemplificando: Cruyff na final de 74, vendo-se sem linhas de passe (eu também domino o futebolês, para além do inglês técnico) forçou o drible sobre o Vogts, até entrar na área e sofrer o penalty. Não tentou tabelar, nem chutar, havia alemães por todo o lado, logo forçou a passagem. Capacidade técnica? Sim. Bom pique? Claro. Mas o que foi determinante? A melhor decisão.
Eusébio, em 65, contra o Real Madrid, recebe a bola, dois madrilenos à frente, adianta a bola e passa pelo meio dos dois, remata na linha da grande área. Capacidade fantástica de explosão? Sim. Velocidade fabulosa? Com certeza. "Potente remate"? Obviamente. Mas o que distingue esta jogada? Nenhum outro jogador se lembraria de passar entre dois jogadores e não entrar na área, chutando no seu limite, surpreendo os defesas e o portero. Logo, a melhor decisão.
Maradona, em 86, na final com a Alemanha, depois dos slalons contra a Inglaterra e a Coreia, ao minuto 84, rodeado de alemães, faz um passe de primeira para o Burruchaga marcar o terceiro da Argentina. Técnica, não sei quê, não sei que mais? Sim, catano, é o M-a-r-a-d-o-n-a. Mas o que sempre o distingiu não foi conseguir dar toques na bola até com o cu mas sim decidir tão bem como decidiu nessa final e muito mais vezes do que qualquer outro .

E chegamos, finalmente, a Di Maria. Di Maria é veloz, ah pois é; tem um bom pique, ah pois tem; bom drible, sim senhor; mas não é um grande jogador. Porquê? Porque decide muitas vezes mal.
"Então", perguntam vocês em coro, "porque é que o Di Maria está muito melhor este ano do que nos anos anteriores?"

Porque, caros leitores deste vosso blogue (sim, vocês dois - olá mãe!), está i) a jogar bastante mais tempo ii) passou a ter mais liberdade, podendo vir buscar a bola mais atrás e em qualquer lado do campo, e não a jogar como extremo puro, como nos anos anteriores.

A conjugação destes dois factores dão-lhe muito mais posse de bola do que nas anteriores épocas. Basta aumentar os lances em que intervém para fazer mais coisinhas bem feitas. Mas não está a decidir bem mais lances em termos relativos mas sim em termos absolutos.

Se o compararmos, por exemplo, com o Fábio Coentrão, que tem menos duzentos e tal minutos jogados, este tem seis assistências e o Di Maria népia (ou uma, vá, não consegui nenhuma fonte conclusiva).

Isto quer dizer que o Fábio decide melhor mais vezes do que o Di Maria. E sendo certo que o primeiro ainda não é um grande jogador (há-de ser, se Eusébio quiser), pois que o Angelito muito menos.

Agora, não julguem que eu não gosto do rapaz, ah pois com certeza que gosto. Então se se confirmar o interesse do Man. City, vou ter 40 milhões de razões para gostar dele.


* post dedicado ao meu amigo jms

16.11.09

(PBEC) Processo de Belenização Em Curso

O Sporting contrata o tipo que foi dispensado do Asteras (?), e do Marítimo há apenas umas semanas. Isto depois dos treinadores do Académica e do Olhanense (duplo !) terem recusado o seu "honroso" convite. Ainda assim, é uma contratação que faz sentido.

O maior êxito do Carvalhal, nos últimos tempos, é de ser o único nesta temporada a conseguir estacionar eficazmente o seu autocarro na saída da garagem do Glorioso. É só a isso que as osginhas aspiram frente à nossa equipa. Querem apenas que ele repita o "êxito" daqui a duas semanas, para que se possam ufanar campeões. Afinal, o jogo contra o Benfica é, desde há muito, o único campeonato do Sporting.

8.11.09

Orgulho e preconceito

Se Jane Austen fosse uma jovem portuguesa contemporânea, um dos seus livros mais afamados teria um título mais curto - Preconceito - ou mais enigmático - Preconceito peculiar.
Isto porque em Portugal orgulho é sentimento que raramente se encontra. Explicações podem haver muitas. Uma das teses que defendo - a par de o declínio do SLB moderno ter começado com Valdo, tese que um destes dias (ou anos, para dizer a verdade) terei o prazer de apresentar - tem a ver com o nosso ambiente infantil. Passo a explicar: numa daquelas cadeiras para encher uma licenciatura de 5 anos, levei com um bicho chamado Psicologia Económica. Um dos temas abordados tinha a ver com o impacto económico das histórias infantis, o que, à partida, parece tema para entrar directamente numa lista dos prémios Ig Nobel. Mas olhem que não: a tese passava pela diferença entre as histórias contadas às crianças americanas e às europeias. Às primeiras, eram histórias de heróis, pessoas maiores do que a vida, personagens reais como a maior parte dos presidentes americanos. Não me lembro dos exemplos das histórias europeias, mas se pensarmos cá no nosso canto e, em particular, na minha geração, toda e qualquer personagem era para mandar abaixo: tudo o que era monarquia era fascista, pois se era glorificado por Salazar; sobravam o Soares que queria vender o país aos americanos, o Sá Carneiro que também era fascista e o Cunhal que comia criancinhas ao pequeno-almoço, se bem que, neste ultimo caso, eu ainda acredito nisso. E até as nossas gloriosas descobertas, deixaram de ser o que deu novos mundos ao mundo, para ser o que deu novos escravos ao mundo.
Em suma, aos putos americanos apontaram-lhes a estrada da glória e a nós a porta do psiquiatra.

Já quanto ao preconceito, eu, sinceramente, não me parece que haja um traço assim tão mais forte nos portugueses do que noutro povo qualquer, quer quanto a estrangeiros, negros, gays, ou outra minoria qualquer. Isto porque o preconceito dos portugueses incide, não sobre uma minoria, mas sobre uma maioria: os portugueses. É verdade, os portugueses odeiam-se. É o self-bulying, uma actividade que os portugueses adoptam continua e metodicamente.

Quero com isto dizer que os portugueses não têm orgulho em absolutamente nada? Não, por Toutatis. Há também por cá uma pequena aldeia de orgulho no meio do império Romano do auto-preconceito: o SLB. Não se confunda este orgulho, que é do verdadeiro, com aquele esporádico com a selecção. Para começar, a maior parte dos papalvos, e papalvas, que se excitam com qualquer vitória de Portugal, tipo 2 a 0 a Angola, não percebem um boi de futebol e apenas se servem disso para terem um pretexto para virem para a rua buzinar e molhar o cu em fontes publicas. Isso não é uma demonstração de orgulho, é hooliganismo consentido. E mais: esta malta, se alguma coisa correr mal, dirá tanto mal da selecção como da ministra da educação.
O orgulho é outra coisa, é um sentimento enraizado, sólido e desprovido da necessidade de explicação, que não soçobra perante adversidades. Pode, quanto as tais adversidades têm maior constância, ser bastante discreto, mas está lá.

Mas há ocasiões em que ele salta mais cá para fora e em Goodison Park foi uma delas. Não propriamente pelo resultado ou exibição - que foram ambos bons, note-se - mas pela recepção ao Eusébio. Orgulho é ver que o maior símbolo do SLB se encontra plantado nos genes de qualquer ser que se digne a perceber um bocadinho de bola e que lhe prestam a merecida homenagem.
E aos politicamente correctos - a.k.a. esquerdalhos - que andam para aí a bater nos Descobrimentos, lembrem-se só do seguinte: sem eles não teríamos Eusébio. E por termos Eusébio, toda e qualquer atrocidade cometida lá pelos séculos quinzes e dezasseis fica liminarmente perdoada e esquecida.

O Kunta Kinte que me perdoe.

Everton, 0 - SLB, 2

7.11.09

Cansado de massacrar deu milho a certos pardais

«Vêem? Eu não vos disse? Ao 312º teste a sério o Benfica não ia aguentar. Basta jogarem contra o líder do campeonato em sua casa, sofrerem um golo fora de série aos sete minutos de jogo, terem um golo anulado inexplicavelmente, e verem o vosso melhor marcador expulso depois de ter levado duas bofetadas sem que o bofeteador o fosse, para não ganharem. Afinal, este Benfica não vale nada!» Líder do Núcleo Sportinguista de Alpiarça, que vê no relvado e nos árbitros a razão para o Polga não saltar do chão, o Vukcevic correr incompreensivelmente para a bandeirola de canto em todas as jogadas, e o André Marques não saber que existe uma modalidade desportiva chamada futebol.



Esta personalidade do osp acha que isto pode até não ter sido assim tão mau. É uma derrota que diminui a pressão em vez de a aumentar. Todos ficam conscientes de que o Benfica é uma boa equipa, até uma grande equipa, mas não o Milan de Sacchi. E, acontecida a derrota, que tenha sido ali, contra um bom adversário, mas que não é o FC Demo ou o Vila Miséria Clube de Portugal.



Obviamente, também já há benfiquistas que dizem que o golo do H.Viana se deve a falha do Quim, e que um guarda-redes a sério tinha apanhado aquela bola. Já não vale a pena repetir que o único guarda-redes a apanhar aquela bola seria o homem-aranha, e esse não está disponível.



Benfica é águia, aos pardais o que é dos pardais

FC Demo B, 2 – SL Benfica, 0