A unanimidade está longe de ser um carimbo de veracidade, mas, no primeiro caso, a afirmação comprova-se pelo menos desde o Brasil de 70 (quanto ao segundo caso, é tema para desenvolvimento de outros blogues).
O meio-campo impõe o ritmo do jogo: pela maneira como procura conquistar a bola e em que ponto do campo o faz, pela velocidade com que troca a bola e quando é que a solta para os atacantes, pela elasticidade na união à linha defensiva ou à linha atacante. Uma equipa muito boa impõe o seu ritmo à equipa adversária, condicionando-a a jogar o que a primeira deixa.
Ainda é cedo para definir globalmente o perfil de Quique Flores. Mas, pelas primeiras impressões, o sobrinho de Lola entende o meio-campo como um guarda de passagem de nível: dá instruções para a bola passar. Claro que se trata de uma evolução enorme face a Camacho, que assumia o meio-campo como um controlador aéreo, mas, ainda assim, e apesar de no OSP cedo termos adivinhado que nos esperava uma equipa “de ir para cima deles”, temos algum pejo em incomodar sistematicamente o Prof. Fernando Pádua.
Mas em Berlim, mais uma vez, lá estivemos à beira de um AVC. Aquele 4 de hoje, apesar de integrar Reyes, o melhor alto-pressionador desde o Derlei de Mourinho, com um tempo e uma intensidade próximas da perfeição, integra, também, um geneticamente inábil para o efeito (Nuno Gomes) e dois exclusivamente virados para o ataque, com um deles amiúde mais virado para o absoluto imobilismo (Cardozo).
Com Yebda a acompanhar Katso, a “coisa” disfarça-se, porque o calmeirão sabe receber uma bola, tocá-la, passá-la, enquanto distribui umas encostadelas encorpadas. Mas com Bynia, o disfarce é de loja de chineses, desfazendo-se rapidamente.
Com o golo de Di María, muitíssimo próximo de um enchido, surgiu a oportunidade, através das substituições, de pelo menos passar o meio-campo para três. Mas, apesar dos conselhos de Álvaro Magalhães – “Iehhh… agora deverá sair Nuno Gomes ou Di María… iehhh…para entrar Carlos Martins, para que… iehhh… o Benfica retome o meio-campo” –, Quique, substituindo Katso por Carlos Martins, ainda o reduziu, passando a jogar em 4 - 1,5 - 4,5.
O Hertha não tem equipa para um real massacre, mas, ainda assim, nos últimos 20 minutos esteve tanto tempo na área do SLB como Quim. Valeram Luisão e Sidnei, que, quais David Robinson e Tim Duncan, lá foram varrendo a bola dali para fora.
O resultado foi bom. E foi justo, porque o Sidnei fez aquele passe à Aldair para o Suazo (no OSP, defendemos que há certos passes que deveriam ser considerados golos – Rui Costa teria recebido diversas Botas de Ouro).
No OSP, não somos pró-modernidade ou ovelhas do rebanho da contemporaneidade. Mas convenhamos: nenhuma equipa que aposte em ganhar alguma coisa no Velho Continente alinha, hoje em dia, em 4-2-4.
Mantemos a esperança que Quique Flores não seja como aquelas mães que insistem que o seu filho é o único que está a marchar correctamente na parada. Por isso, vamos presumir que o 4 da frente se deveu à ausência de Rúben Amorim e de uma alternativa válida para Yebda.
Hertha de Berlim – 1, SLB - 1
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