7.3.08

Fidalguito anoréctico

Jogamos sempre em casa quando visitamos os tipos das riscas verdes. Não podemos deixar de ter um certo carinho por uma casa onde a vitória nos sorri tantas vezes, e a qual associamos a um local de alívio.

E isso é um perigo! A acomodação é um perigo, pois facilmente nos esquecemos que aquilo é gente que não interessa; jet-set com complexos de inferioridade em relação ao taberneiro, que se acham melhores porque nasceram em esteira de ouro (já na altura não chegava para a madeira), monárquicos, enquistados e ressabiados. Os "melhores" no pior da tugalandia, que vivem toda a sua vida a desejar poder comer uma sande de torresmos em público. Não se poder ser em público o que se anseia verdadeiramente provoca úlceras e algumas hemorróidas, mas é a única coisa a que se podem agarrar na auto-ilusão de que são os melhores.

Daí que o acto de se identificarem com um tipo como o Liedson seja paradoxal mas até compreensível. A criatura tem tanto de jet-set quanto o Menezes tem de político sério. Mas eles adoram-no. Afinal de contas, o tipo safa-os de tudo e mais alguma coisa. Mas creio que a admiração que têm pelo anoréticozinho é um pouco como a que certos "ex-tios" têm pelo jardineiro. Não tendo dinheiro para manter a casa em condições concentram-se no jardim. Como mesmo para isso não há cheta (principal razão para cedo expulsarem os putos de casa, como aqui foi tão bem explicado) têm de se contentar com um gajo qualquer, que já foi bom a aparar a relva mas que já está destruído pelo álcool, a droga ou o abandono familiar (ou tudo isso ao mesmo tempo). Tem ar de arrumador (e se calhar até o é) mas ainda dá uns toques no jardim nos vinte minutos por dia em que está sóbrio. Não é grande coisa, pode até ser um pouco fraquinho, mas como aquela casa é uma desgraça o tipo até parece um artista, e o patrão não se cansa de assim o epitetar.


No sábado passado estavam órfãos do esquelécticozinho, mas aquilo lá se compôs porque o glorioso ainda não contratou o Cajuda (ou um qualquer puto de dez anos). Vivemos de um futebol à inglesa de segunda, que até obriga o Cardoso a marcar de cabeça na sequência de um canto do Rui Costa, o Magnífico (se Maomé obriga a um chorrilho de loas quando é referido, não vejo por que não deverá passar-se o mesmo com alguém bem mais merecedor).

Por este andar o Camacho ainda vai ser capaz de orientar tacticamente uma equipa, e o Vieira de perceber de futebol.


(blurghhh 1 - Benfica 1)

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