Os resultados de uma sondagem indicaram que os pais contemporâneos incluíram “jogador de futebol” entre as profissões que queriam que os seus filhos adoptassem. É fácil de compreender: os clássicos “médico” ou “advogado” implicam muito estudo, inteligência q.b. e, acima de tudo, demasiado tempo até se ver a cor do dinheiro. Com sorte, um futebolista tem o primeiro ordenado aos 16 anos e a independência financeira (dele e da restante família) aos 20.
No Porto a educação é diferente. É educação à “bairro da lata”, onde os miúdos não vão à escola porque têm que ajudar a sustentar a família. Aprendem a contar com o avô diabético, a escrever meia dúzia de palavras com o tio, quando este está em liberdade condicional, e aprendem, sobretudo, a sobreviver, durante o dia enquanto fogem dos putos mais velhos e à noite do pai alcoólico. Naturalmente, são personagens de Ettore Scola. Tipos raivosos que devolvem na idade adulta as agressões sofridas na infância, especialmente aos afortunados “betinhos” (Bruno Alves a agredir o Nuno Gomes o ano passado, ring a bell?).
João Pinto, Fernando Couto, Jorge Costa, Paulinho Santos, Ricardo Costa, Bruno Alves… um pelotão impressionante de Feios, Porcos e Maus. E Vítor Baia, poderão perguntar, onde é que encaixa nisto? Simples. É o puto esperto, o caso de sucesso do bairro da lata que todas as mães apontam aos filhos que acabam de se iniciar na droga, a excepção que confirma a regra.
Para tristeza do Obrigadosápinto, é no Benfica que se encontra a pior educação. É a do pai frustrado, que estoirou a fortuna dos avós em negócios inviáveis, que descarrega toda a sua fúria no seu filho primogénito. Quer que o seu filho seja tudo aquilo que ele não foi mas, para isso, coloca-lhe todos os obstáculos possíveis e tenta humilhá-lo sempre que pode, porque é assim que ele se fará homem. Quando lhe dá uma hipótese e o filho se safa, lá vai ele para o banco, para ganhar humildade (como o Moreira). E se ele, apesar disso, continua a querer jogar, vamos castigá-lo, enviando-o para a equipa B (como o Maniche). A maior parte dos filhos do Benfica tornam-se nuns indigentes futebolísticos, perdidos nas ruelas das divisões secundárias. Bizarro, Abel, Valido, Resende, Edgar, Bruno Caíres… nem esperanças os deixaram ser. Casos de sucesso, nos últimos 20 anos, apenas dois: o Rui e o fdp.
Mas apenas tiveram sucesso porque, quando meninos e moços, no Benfica estava Eriksson. Um escandinavo, lá está.
Um filho no futebol e todos os sonhos familiares se cumprem: a carreira de empresário do pai, a casa à beira-mar da mãe e a loja de roupa (perdão, de moda) da irmã.
É, por isso, cada vez mais fácil aos clubes de futebol “raptarem” adolescentes habilidosos à sua família, integrando-os nas suas auto-denominadas escolas.
Os clubes passam a tratar da saúde, higiene, alimentação e educação dos petizes. Se pensarmos bem, trata-se de algo que as conservadoras famílias britânicas praticam há séculos: o envio dos seus filhos para colégios internos, só para rapazes, com disciplina rígida, campos de relva com fartura e visitas à família apenas nas épocas festivas. Troquemos Ascot por Alcochete ou Oxford pelo Seixal e ficamos com uma analogia completa.
Não havendo rankings publicados deste tipo de escolas, há, contudo, resultados que poderemos analisar, nomeadamente as carreiras dos antigos alunos.
O Sporting criou o segundo melhor jogador português de sempre (Futre), o mais regularmente competitivo da época de 90 e princípio deste século (Figo) e o segundo melhor jogador actual (Ronaldo). Mas todos eles saíram do seu clube de nascimento antes da consagração. Ou, numa versão mais cínica, todos eles tiveram que sair para alcançar a consagração. O que isto nos diz sobre o tipo de educação da Academia Sportinguista? Educação escandinava, claramente. Cedo são “atirados às feras”, para aprenderem a viver longe da asa materna. Futre, Figo e Ronaldo estrearam-se cedo, todos por volta dos 18 anos na equipa sénior. Depois, são motivados pelos pais a sair de casa e ir à vida deles. Ou ameaçando-os com castigos (empréstimo à Académica), cortando-lhes na mesada (baixo salário) ou por outro pretexto qualquer (primeira proposta de 7 dígitos).
Como qualquer descendente de uma família escandinava, os jogadores de matriz sportinguista guardam pouco afecto à sua casa, não se coibindo de comemorar os seus desaires, ou de se aliarem a famílias rivais.É, por isso, cada vez mais fácil aos clubes de futebol “raptarem” adolescentes habilidosos à sua família, integrando-os nas suas auto-denominadas escolas.
Os clubes passam a tratar da saúde, higiene, alimentação e educação dos petizes. Se pensarmos bem, trata-se de algo que as conservadoras famílias britânicas praticam há séculos: o envio dos seus filhos para colégios internos, só para rapazes, com disciplina rígida, campos de relva com fartura e visitas à família apenas nas épocas festivas. Troquemos Ascot por Alcochete ou Oxford pelo Seixal e ficamos com uma analogia completa.
Não havendo rankings publicados deste tipo de escolas, há, contudo, resultados que poderemos analisar, nomeadamente as carreiras dos antigos alunos.
O Sporting criou o segundo melhor jogador português de sempre (Futre), o mais regularmente competitivo da época de 90 e princípio deste século (Figo) e o segundo melhor jogador actual (Ronaldo). Mas todos eles saíram do seu clube de nascimento antes da consagração. Ou, numa versão mais cínica, todos eles tiveram que sair para alcançar a consagração. O que isto nos diz sobre o tipo de educação da Academia Sportinguista? Educação escandinava, claramente. Cedo são “atirados às feras”, para aprenderem a viver longe da asa materna. Futre, Figo e Ronaldo estrearam-se cedo, todos por volta dos 18 anos na equipa sénior. Depois, são motivados pelos pais a sair de casa e ir à vida deles. Ou ameaçando-os com castigos (empréstimo à Académica), cortando-lhes na mesada (baixo salário) ou por outro pretexto qualquer (primeira proposta de 7 dígitos).
No Porto a educação é diferente. É educação à “bairro da lata”, onde os miúdos não vão à escola porque têm que ajudar a sustentar a família. Aprendem a contar com o avô diabético, a escrever meia dúzia de palavras com o tio, quando este está em liberdade condicional, e aprendem, sobretudo, a sobreviver, durante o dia enquanto fogem dos putos mais velhos e à noite do pai alcoólico. Naturalmente, são personagens de Ettore Scola. Tipos raivosos que devolvem na idade adulta as agressões sofridas na infância, especialmente aos afortunados “betinhos” (Bruno Alves a agredir o Nuno Gomes o ano passado, ring a bell?).
João Pinto, Fernando Couto, Jorge Costa, Paulinho Santos, Ricardo Costa, Bruno Alves… um pelotão impressionante de Feios, Porcos e Maus. E Vítor Baia, poderão perguntar, onde é que encaixa nisto? Simples. É o puto esperto, o caso de sucesso do bairro da lata que todas as mães apontam aos filhos que acabam de se iniciar na droga, a excepção que confirma a regra.
Para tristeza do Obrigadosápinto, é no Benfica que se encontra a pior educação. É a do pai frustrado, que estoirou a fortuna dos avós em negócios inviáveis, que descarrega toda a sua fúria no seu filho primogénito. Quer que o seu filho seja tudo aquilo que ele não foi mas, para isso, coloca-lhe todos os obstáculos possíveis e tenta humilhá-lo sempre que pode, porque é assim que ele se fará homem. Quando lhe dá uma hipótese e o filho se safa, lá vai ele para o banco, para ganhar humildade (como o Moreira). E se ele, apesar disso, continua a querer jogar, vamos castigá-lo, enviando-o para a equipa B (como o Maniche). A maior parte dos filhos do Benfica tornam-se nuns indigentes futebolísticos, perdidos nas ruelas das divisões secundárias. Bizarro, Abel, Valido, Resende, Edgar, Bruno Caíres… nem esperanças os deixaram ser. Casos de sucesso, nos últimos 20 anos, apenas dois: o Rui e o fdp.
Mas apenas tiveram sucesso porque, quando meninos e moços, no Benfica estava Eriksson. Um escandinavo, lá está.
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