Contrariamente à opinião do vulgo, o OSP não olha para os ingleses simplesmente como empiristas reprimidos incapazes de pensamento especulativo e que só se libertam em public houses à sexta à noite, ao sábado o dia inteiro e no domingo até às sete da tarde, ou em jogos de futebol no estrangeiro. É certo que, como se sabe, um filósofo inglês é incapaz de escrever sobre um camelo referindo-se somente à sua beleza, como o faria um filósofo francês, ou, sem sequer ver o camelo, mas partindo apenas do mais profundo da sua consciência moral, como o faria um alemão, mas tal não quer dizer que não seja capaz de usar de poesia, de abstracção. Só um povo assim, afinal, podia ter a metáfora “How goes the enemy?” para dizer “Que horas são?”.
É que o verdadeiro inimigo é o relógio, mas não porque, como dizem os grandes bardos bifes Pink Floyd, faça com que a morte fique sempre um passo mais perto, mas sobretudo porque o tempo erode a memória (alas, que é essa a tragédia do homem, como o rumor "Paulo Sousa para treinador-adjunto do SLB" prova). O OSP não nega que esta época do SLB está a ganhar um certo carácter "OK, fica o Mário Wilson como treinador até ao fim da época, porque a equipa precisa de amor, e vamos lá ver se isto acaba depressa", mas rejeita o terror pânico e o acabrunhamento actuais.
E foi por isso que demorou duas semanas a proferir juízo sobre o jogo com o Marítimo: porque, por um lado, se considera, de forma parlapatona, a consciência colectiva do benfiquismo e, por outro, porque é preciso que os benfiquistas não se esqueçam de que o Chalana, porra, ao menos o Chalana está a tentar inovar, a tentar fazer diferente, a experimentar jogadores, a ensaiar novas ideias. Esta pausa para os jogos da selecção podia fazer com que os benfiquistas se esquecessem de que, afinal, se o Makukula não tivesse rematado ao poste, quando estava somente a 116 centímetros da linha de baliza, já sem o guarda-redes do Getafe à frente, e o Edcarlos tivesse mostrado ser capaz de correr atrás do avançado do Marítimo com a motricidade normal do jovem jogador de 23 anos que é, o Chalana estaria nesta altura a ser louvado como um grande motivador e um possível novo Toni. Por enquanto, ainda vai bem a tempo de fazer melhor no SLB do que o Manuel José. Por isso, calma, ah, e, Chalana, o OSP está contigo. Porque o SLB, neste momento, precisa é de fleuma.
(Marítimo, 1 – SLB, 1)
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