O lado infantil dos adultos merece aclamações, sonetos, refrões, prosas, pinturas quando não hossanas. Desde a rebeldia infantil de James Dean até à visão de criança de Spielberg, passando pelo erotismo lactente de Dali, ser miúdo é uma bênção em qualquer actividade que possa merecer o epíteto de arte.
Mas não no futebol. No futebol ser criança é pecado. "Infantil" é insulto e precede sempre o "erro". A intensidade desta forma socialmente aceite de pedofobia é de tal ordem, que os jogadores mais jovens são apenas dignos de elogios quando lhes são reconhecidos sinais de maturidade.
O que é considerado como uma bênção para qualquer arte, não pode encontrar excepção no futebol. E, obviamente, não encontra.
O abençoado Benfica 2007 é um conjunto de crianças que poderiam trocar um campo de futebol por um parque infantil sem qualquer esforço de adaptação. As correrias frenéticas de Nélson, os dribles excessivos de Di María, a desfaçatez das finalizações de Cardozo ou o egoísmo de Rui Costa, podem ver-se em qualquer brincadeira de qualquer pátio de qualquer escola primária.
O abençoado Benfica 2007 é um conjunto de crianças que poderiam trocar um campo de futebol por um parque infantil sem qualquer esforço de adaptação. As correrias frenéticas de Nélson, os dribles excessivos de Di María, a desfaçatez das finalizações de Cardozo ou o egoísmo de Rui Costa, podem ver-se em qualquer brincadeira de qualquer pátio de qualquer escola primária.
E foi com correrias frenéticas, dribles excessivos e finalizações com desfaçatez que o Benfica ganhou em Donetsk (ou "Dounéte", na versão Pedro Gomes da TSF).
Ao ver os jogos deste Benfica, o Obrigadosápinto sente-se como um pai da Opus Dei, vendo os seus 11 filhos a brincar num qualquer jardim. "Não corras para longe, Nelson!"; "Empresta a bola aos outros meninos, Rui"; "Não empurres a menina, David."
E, apesar do cansaço provocado pelos constantes alertas, aflora um sorriso paternal na nossa face. Porque ser pai, mesmo de miúdos tão mal comportados, acaba sempre por ser recompensador.
E, apesar do cansaço provocado pelos constantes alertas, aflora um sorriso paternal na nossa face. Porque ser pai, mesmo de miúdos tão mal comportados, acaba sempre por ser recompensador.
(Shakhtar Donetsk, 1 – SLB, 2)
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