7.1.09

A implosão da mama de Quique

A “boa aparência” era, em tempos idos, uma condição importante para o bem-estar social (e obviamente financeiro), mas consistia, em geral e apenas, numa imagem cuidada. Hoje, a “boa aparência” passa por corpos infiltrados de músculos ou silicone, consoante o género, e tornou-se, em muitas actividades, “a” condição para o sucesso.
A premência da “boa aparência é tão extremada que até personagens caracterizadas pela sua intensa fealdade são interpretadas por pessoas de reconhecida “boa aparência”, como Charlize Theron, quando interpretou uma serial killer, ou Joana Amaral Dias, quando faz de deputada do Bloco.


O cinema e a política são campos em que a forma prevalece facilmente sobre o conteúdo. Carmen Electra – nesse prodígio televisivo que era o Baywatch – não só demonstrava uma inabilidade profunda na disciplina de natação como de interpretação. Mas não recordo queixas de ninguém, porque, de facto, a forma, ou melhor, as formas, prevaleciam sobre o conteúdo.

O Quique foi, até há bem pouco tempo, uma Carmen Electra. Também apresentava um peito protuberante e distractivo, só que, ao contrário de Carmen, sem silicone. As mamas do Quique eram o Pako Ayestarán.

Depois dos tempos do vazio suado de Camacho e da agonia (enternecedora, é certo) de Chalana, Quique colocou-nos um vistoso par de mamas à frente: a “cientificidade” de Pako. Acabavam os tempos do improviso, da ingenuidade, dos apelos ao brio e às “ganas”. Tudo passava a ser controlado, planeado, com os jogadores em campos cheios de fios com sensores, e o Pako, no banco, com um joystick a fazê-los jogar de forma perfeitamente controlada, numa espécie de PES a 3D.


E, por uns tempos, alinhámos naquilo. A equipa não sabia nadar, nem parecia saber interpretar um jogo de futebol, mas Pako, com a sua careca reluzente e o ar de quem domina de cor a Enciclopédia Britânica, naquilo que no seu conjunto constitua um enorme e atraente decote, continuava a distrair-nos do essencial.

E, no essencial, faltava ao Quique, e às suas mamas, bom senso básico. E o bom senso básico passa por não transformar um bom médio-centro num médio-direito medíocre (Rúben Amorim) ou um fantástico cavador transformado num trinco (Binya), passa também por não enviar o lateral-esquerdo errado para o Brasil ou por jogar em contra-ataque contra equipas que não atacam, só para dar alguns exemplos.

A ausência de bom senso não é suprida por “boas aparências”, por mais voluptuoso que fosse o espectáculo científico “sinicolado” de Pako. E, tal como aconteceu há uns anos a Ana Obregon (uma figura central da !Hola! e, curiosamente, uma ex de Hugo Leal), ao Quique, na Trofa, implodiu-lhe uma mama. A “boa aparência” caiu, a forma abriu o pano e deixou ver a completa ausência de conteúdo daquela equipa.

A boa vontade (provavelmente mais o desespero) do OSP ainda deixa, a Quique, uma mama incólume. Uma restiazinha de confiança na estética "Pakiana" que durará até ao Braga.

Mas, se não te safares, amigo Quique, podes ter a certeza de que durante o resto da época haverá mais malta a rever episódios do Baywatch do que a ver jogos do SLB. Mamas por mamas, antes as outras.

Trofense, 2 – SLB, 0

1 comentário:

Ricardo disse...

O Quique deixou o Estafeta da Telepizza (leia-se Balboa) fora dos convocados.

Acho que está a ver se reconquista as mamas.