A atitude para este jogo contra o Metalist (designação que não envergonharia qualquer banda de heavy metal) seria radicalmente diversa. Porque, com o Grande Capitão, o SLB teria a obrigação de lutar pelo resultado e ele, com imponência, faria questão de afirmar a sua crença nessa demanda. E nós riríamos muito, e atestaríamos a sua incapacidade mental em todas as conversas que antecedessem o jogo.
Mas, quando a equipa entrasse em campo e víssemos Balboa na direita, Urreta na esquerda, Yebda a pivot defensivo, com Aimar e Rúben ao seu lado, e lá na frente Cardozo, Suazo e Nuno Gomes, um onze de sonho para qualquer treinador de bancada, por minutos (e cá estão os tais minutos) nós pensaríamos: “E se isto der? E se afinal for possível?” Mas depois, para aí aos 15 minutos, os outros tipos lá marcariam um golo e retomávamos a consciência. Mas, passados mais 10 minutos, quando o Mantorras entrasse a substituir o Sidnei, lá viriam mais uns minutos (dos tais) em que nós lá deixaríamos adormecer o cérebro, que retomaria sangue após o terceiro golo dos Iron Maiden ou Megadeath, ou lá como os gajos se chamam.
Pois não era, nem foi, mesmo possível.
Quanto ao que se passou no jogo, não há muito a adiantar, porque a primeira parte foi seguida pela rádio, e a segunda parte através do telemóvel. Problemas de infância impedem-me de aderir ao serviço que disponibiliza o Canal Benfica, porque a sua marca faz-me lembrar um colega da pré-primária, fanhoso e ranhoso (não sei se fanhoso porque ranhoso, ou ranhoso porque fanhoso), que, sempre que lhe pedia uma coisa qualquer, um carrinho ou um pião, respondia sempre: “É Meo.” Para além disso, vivo mal com o patrocínio da PT, que, não só nos pintalga uma bancada de verde, como nos põe um sapo à frente do nariz, como que a dizer-nos, antes de cada jogo, “lá vais engolir mais um”. Troquem lá a PT pela Vodafone, se faz favor.
Segundo os tipos da TSF, em especial aquele com voz professoral (mas que é um grandessíssimo xoninhas), o Quique deveria passar uns dias na Grécia, com uma t-shirt a dizer “Ζήτω η αστυνομία”. O homem até das patilhas dele disse mal. Mas eu não posso confiar em gajos que, passados 4 minutos, sim, 4, exclamavam “isto está uma pasmaceira”.Por isso, olhem, o que fica para a história é nada, porque desta Taça UEFA não reza a história. Venha lá o campeonato, e livre-se o Quique de não me permitir a primeira consoada, em muitos anos, como líder.
Benfica, 0 – Metallica, 1
Mas a equipa SLBiana achou que sim. E lá ficou, envergonhada, à espera de não sofrer um golo, e só nos últimos minutos deixou a sua intrínseca natureza tomar conta do jogo.
O Quique tem de tirar a equipa do armário, tem de a fazer assumir-se. Que diabo, até o Goucha já o fez.




Ora, no caso em apreço, o dedo foi apontado ao nariz da defesa encarnada. E recorreram ao futebolês, com expressões do género “em alta comEetição não se podem cometer erros destes”. Alta competição? O adversário foi o Olympiacos, pelo amor de Eusébio. Uma equipa perfeitamente integrada na Europa mediana, que de vez em quando até passa uma fase da Taça UEFA, mas que também leva cinco do Barcelona (como 98% de todas as equipas europeias, aliás).
No que ao OSP diz respeito, deixamos aqui uma declaração formal: o OSP avalizou o contrato do SLB com o Quique, sabendo perfeitamente da equipa irresponsável que aí vinha. Mas essa irresponsabilidade tinha dois lados: sofrer golos como a selecção portuguesa de futebol feminino e marcar golos à SLB versão Toni 94.
O OSP é uma entidade de bem e que acredita, francamente, no princípio da segunda oportunidade. Esperemos então que o Quique e os seus rapazes a saibam aproveitar.