Três semanas e meia ausente, tanto que se perde, porque o devir benfiquista é ininterrupto. Contudo, há no OSP perspicácia pós-estival suficiente para perceber que duas das coisas mais importantes que aconteceram entretanto foram as contratações do Aimar e do Reyes. E, só pela visão que ambas revelam, o Rui Costa está prestes a demonstrar que ainda agora começou e já é o Michael Phelps do dirigismo desportivo português (e não pelas razões que o vulgo costuma associar ao Phelps). Pouco importa se o Aimar vem para cá cheio de caruncho e se contratar o Reyes implica contratar também, ao que parece, toda a família do gajo, porque o que o Rui Costa fez foi confirmar que é, pelo menos, um vendedor de futuros (tal qual o Phelps). E pouco importa que, no fim de tudo, o Rui Costa se venha, afinal, a revelar como mero vendedor de ilusões (a confirmar, tal qual o Phelps), porque o que ele fez foi provar uma vez mais que é, ao mesmo tempo, gerador e parte do inconsciente colectivo benfiquista, cujo excesso absoluto e por vezes grotesco compreende como ninguém.
Pelo menos o OSP já está cheio de vontade de ir à Luz só para ver o Aimar e o Reyes, e imagina que assim estarão todos os benfiquistas. A expectativa em relação a mais este começo, à dor de mais este renascer, tornou-se, como uma coxa trabalhada pelo Pako Ayestarán, eminentemente palpável. E é isso que o Rui Costa está a anunciar aos benfiquistas – se bem que por outras palavras, como é natural. Desta vez, contudo, é importante notar que não se trata de uma expectativa como a do ano passado em relação ao Adu, que chegou cá coberto de hype sobretudo por ser o melhor e mais regular jogador da história do Championship Manager, ou como a de há sete anos em relação ao Zahovic, então o ápex absoluto da equipa-maravilha (o OSP sente-se compelido a confessar que experimentou um não-tão-pequeno-quanto-isso episódio de refluxo gastroesofágico ao escrever sobre o Zahovic); não, desta vez o Aimar vem como antigo titular da selecção argentina, como antigo 10 da selecção argentina, e o Reyes como um gajo por quem o Wenger, um conhecido forreta com algum jeito para ver talento futebolístico jovem, pagou 35 milhões de euros, quando ele tinha 21 anos.
Depois de tudo o que leu e ouviu, contudo, o OSP 1) espera agora que acabem, antes de irem mais longe, as comparações entre o Aimar e o Rui Costa, já que o Aimar é um jogador de último terço, e pura e simplesmente nem parece ao OSP que tenha força para fazer um passe longo à Rui Costa (aliás, é melhor nem o tentar, porque, com o físico que o Aimar tem, decerto a rotura muscular espreita, ansiosa, a toda a hora); 2) e jubila por aquele remate ao poste do Reyes, com o Feyenoord, a primeira vez que ele tocou na bola como jogador do SLB, não ter entrado, porque se teria tornado algo que ele nunca poderia superar, e o notoriamente irracional Terceiro Anel jamais se aperceberia disto e ficaria para sempre insatisfeito com tudo o que ele viesse a fazer daqui em diante. (Por outro lado, até porque veio de um cruzamento perfeito do tão injustiçado Makukula, o OSP tem de admitir que teria sido o melhor golo da história do novo Estádio da Luz. Como é que a merda da bola não entrou...?)
Todas as acções do Rui Costa no mercado têm sido, excepto o arrastar do interesse no Luis García, mas incluindo a dignidade mantida no caso do Rodríguez (e sim, até o ele ter despachado o Petit, como qualquer pessoa que tenha visto a época passada e o Europeu com olhos de ver terá de admitir), passe genial atrás de passe genial, além de que parece haver petróleo na Luz, com tanta contratação na última época (três milhões pelo Maxi fucking Pereira?!?) e nesta. (E o OSP divaga sobre quão melhor tudo poderá ser, quando finalmente acabar o contrato com a Olivedesportos, e treme de gozo só de pensar…) No fundo, confirma-se, como o OSP já disse mais do que uma vezzzzzzzzzz… que tudo que o Rui Costa fazia enquanto jogador era apenas sinal de uma natureza elevada, de uma inteligência então feita cinética, no campo, hodiernamente feita sagacidade e paciência, no gabinete.
E, se o jogador de futebol normal está muito abaixo do que ele era enquanto jogador, o Rui Costa não fica ressentido com isso, nem busca por Espanha pelo mundo apenas jogadores que sejam geniais, como ele foi. Não, o que ele faz é mostrar que descobriu qual o segredo das equipas de sucesso em que jogou (e das que observou de fora, porque o Rui Costa não se pode reduzir ao empírico, é muito mais reflexivo do que isso). Não se trata de fazer equipas-maravilhas ano após ano, trata-se apenas de ter, numa equipa, três ou quatro foras-de-série, e arranjar oito ou sete tipos para olharem por eles. Pela primeira vez em década e meia, parece haver um plano para o SLB, percebe-se que há ali uma ideia. E, no fim de contas, é sempre daí que tudo parte (tal como com o Phelps).
O Rúben Amorim, o Yebda, o Jorge Ribeiro, o Balboa, o Sidnei, o Fellipe Bastos – parecem sólidos, e é só isso que é necessário. Agora protejam o Aimar, o Di María, o Carlos Martins e o Reyes. E, se necessário, podem fazê-lo obrigadosápinticamente, ou seja, com excesso de agressividade.
Sem comentários:
Enviar um comentário