Procuramos quem nos guie, mas, acima de tudo, quem faça acontecer as coisas que queremos para nós mesmos. E exigimos o que queremos aos “pais” que pela vida nos vão aparecendo (o último foi Sócrates, que já deserdámos), com a nossa particular melancolia enraivecida, que nos leva ao Fado, a Fátima e ao Futebol. Os famosos três efes, que não foram criados por Salazar, mas, simplesmente, aproveitados para mais facilmente nos embalar nos seus braços duros mas tristemente reconfortantes durante 40 anos.
E no futebol, o cada vez maior efe, também precisamos de um patriarca, “um”, alguém. Não um projecto, uma estrutura, ou uma equipa, mas sim um messias que nos conduza com velocidade pela estrada da vitória.
O acaso faz-nos a vontade de 20 em 20 anos. Deu-nos Guttman, Eriksson e Mourinho (embora este último, estupidamente, sem o aproveitarmos). Todos eles mudaram tácticas, melhoraram jogadores e alcançaram vitórias. Foram uns pais para nós e enquanto os tivemos fomos felizes, recebendo generosas mesadas em golos.
Se a história mantiver esta série aritmética, vamos ficar órfãos durante mais 15 anos. Temos, por isso, que nos contentar com aquele Tio que não é brilhante mas até é porreiro, que não deslumbra mas cumpre, que não nos dá, de caras, 20 euros, mas arranja 10.
É isso que espero de Quique: que seja o Tio porreiro, com quem seja agradável passar o fim-de-semana.
2 comentários:
Lembro que na excelente foto aqui colocada, o personagem de Tom Hanks, que faz de tio de Alex Keaton em Family Ties, é alcoólico.
Que este nosso tio não o seja também.
Frederico Roque
Era alcoólico, sim senhor, fica o reparo. Mas um tipo porreirissimo.
E o SLB nem se tem dado muito mal com tipos porreiros e alcoólicos, como o Toni.
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