28.8.09

Pézinhos de Coentrão

Mensagem para a Direcção de Marketing do SLB: desenvolvam o "Coentrão Pass", o cativo+bilhete de época para ver os jogos em que o Coentrão participe. Nos jogos em que ele não entrar (tremo só de pensar nessa hipótese), reembolsam o titular do pass. Desenvolvam isso que eu compro.

É com infinita alegria que volto a ter um jogador fetiche. O último já foi há uns bons anos: Carlitos. Não o primo do Quaresma mas aquele anão extremo direito. Extremo, digo bem. Carlitos poderá ter sido um dos últimos extremos do futebol. Só com um drible, como um extremo que se preze (se alguém não fizer imediatamente uma ligação ao Garrincha, por favor não volte a este blog). Como diria Mário Wilson, com Carlitos pingava sempre qualquer coisa: se não um cruzamento certeiro, e do local de onde devem sair os cruzamentos (muito perto da linha final), um canto ou, pelo menos, um lançamento lateral. Mas perder a bola, meus amigos, nos poucos jogos que fez no SLB, isso não acontecia. E ainda providenciou uma mão cheia de golos ao Tomás e ao Vanhanhon (nunca soube escrever o nome deste gajo).

Coentrão partilha com Carlitos o cabelo oxigenado e o ar de bimbo. Acresce ser muito mais jogador. Mas jogador de futebol, não jogador de futebol moderno. Não é como o cabrão do Di Maria, um gajo que é um interprete fiel do futebol moderno, sendo que este consiste em fazer tudo como se se estivesse a ser perseguido por 20 gajos da Quinta da Princesa.
E há de ser o cabrão do Di Maria que há de render uns milhões e não o Coentrão, para bem dos nossos pecados.

O Coentrão, dizia eu, joga futebol. É a inteligência em movimento, enquanto o cabrão do Di Maria é, apenas, movimento.
O Coentrão joga futebol porque domina o tempo. Não o tempo no sentido AntimiodeAzevediano do termo, mas o tempo no sentido musical.

O Coentrão deve ser dos poucos jogadores do mundo que sabe driblar sem ser em velocidade. Não faz como o cabrão do Di Maria, e mesmo o Ronaldo e até o Messi, que tornaram
o drible numa corrida de obstáculos.
O Coentrão domina o tempo, por isso consegue driblar parando e depois acelerando. E com um domínio tal, que só me lembro de coisa similar (mas ainda em melhor) com Fernando Chalana.

Vejam lá se se lembram, no jogo da UEFA com os...ah... com os coisos... duma jogada encostada à linha, em que o Coentrão vem com a bola, um dos coisos vem todo lançado, o Coentrão para... e depois arranca... e o coiso fica tão perdido que lhe acerta em cheio. O cabrão do Di Maria, na mesma jogada, correria com o coiso atrás até à linha final.

Portanto, encontrei (finalmente) alegria durante uma época (como sabem, eu nos últimos anos tenho sido mais adepto da pré-época): Coentrão.
Se as minhas filhas, por absurdo, algum dia deixarem de ser sócias do SLB, o Coentrão passa a ser o meu herdeiro.

Quanto ao jogo com os...ah...coisos, demos 4, o Cardozo ia arrancando a cabeça de um dos coisos no penalti, o Saviola marcou um golo, também, mas tirando o Coentrão, tudo o resto foi basicamente futebol moderno.
E o futebol moderno entretém, é verdade, mas não apaixona. Daí Coentrão. Um gajo que saiu dos anos 80. E nesses anos, tudo era mais lento (até uma merda de um jogo com 48k demorava uma tarde a carregar), mas verdadeiramente apaixonante.

SLB, 4 - Ah...Coisos..., 0

19.8.09

Maldita Peçonha


Cinquenta e cinco mil pessoas juntaram-se no domingo para assistir a mais uma bela tradição portuguesa, o Benfica a empatar na primeira jornada do campeonato. E a tradição era mais completa no final da primeira parte, em que jogávamos pior de que o cocó de um pombo incontinente.

O intervalo entre o primeiro e o segundo tempo fez bem aos nossos jogadores. Os intervalos motivados pelas 387 quedas nos jogadores do Marítimo talvez não tanto. Creio que, no total, em "assistência" prestada, foram uns 12 minutos (!!); mais os três das substituições, e os pózinhos das paragens legais chegámos a uns quinze minutos. No final tivemos mais...cinco. Senti-me numa máquina do tempo; entontecido pelo calor e pela peçonha na baliza do Marítimo. Nesta, peganhenta e com propensão para se estender como o menino jesus nas palhinhas/JVP (riscar o que não interessa), andámos a bater como se não houvesse amanhã. To no avail.

Até trocámos de botas ofensivas, e constatámos que o preço não é o mais importante. Chanatos comprados na feira de Carcavelos parecem valer mais do que botas oriundas da Louis Vuitton da Avenida da Liberdade.

Gostei do massacre final, do Coentrão, melhor jogador em campo, e do Weldon-mais-oportunidades-por-minuto-quadrado.

Não gostei de peçonhas fingidas, quarenta e cinco minutos desperdiçados e da arbitragem portuguesa.

SLB, 1 - Marítimo, 1

3.8.09

Reality check III

Com uma equipa que custou 50 milhões, o "melhor treinador português", um presidente eleito após golpe palaciano e um responsável pelo futebol que já percebeu que o seu passado de jogador não lhe dá lugar a abébias, o SLB tem que ser campeão. Não como nas outras épocas, em que se alegava o passado para justificar a pressão do presente. Esta época, o Vieira, por tudo o que fez, disse e gastou, não tem escapatória.
Por isso, Jesus está em contra-relógio para montar uma equipa que comece logo a ganhar. Aposta, já nestes jogos a brincar, em somente 12/13 jogadores, para se rotinarem rapidamente.
Estas coisas costumam pagar-se caro lá mais para a frente, não só pelo cansaço dos titulares, como também pela falta de ritmo dos outros quando forem chamados a jogar (basta lembrar qualquer época, em qualquer clube, de Fernando Santos).

Derrotas prematuras nas taças (UEFA, Portugal ou da Liga) serão, por tudo isto, bem vindas.

2.8.09

Reality check II

Os jogos de pré-época deveriam servir para nos preparar para o campeonato, certo?
Então, o Atlético Madrid é uma espécie de Porto, o Sion uma espécie de Sporting e o Guimarães (este, o do Vingada) uma espécie de Guimarães.
Faltou um teste com uma equipa que jogue como a esmagadora maioria das equipas que ocupam a nossa Liga: encostadinhos lá atrás.
Aquelas belas jogadas de contra-ataque que fizemos hoje são inaplicáveis no maior parte do campeonato.
Aproveitem o tempo que ainda resta para fazerem uns jogos com o Belém, o Leiria e outros que tais, para perceberem o que têm que sofrer para ganhar à equipa típica lusitana.

Reality check

Vi, finalmente, o primeiro jogo completo do SLB versão Jesus.
Reparei que a defesa, apesar de continuarmos a ter apenas um lateral (ainda não é desta FNV), está segura; no meio-campo, Javi equilibra, Aimar recuperou mais bolas do que em toda a época passada, Di Maria fez mais coisas boas do que em toda a sua vida e Ruben lá está (e isto é um elogio); na frente, o Conejo corre e o Cardozo marca de qualquer maneira; do banco, saltaram um Carlos Martins de pés bastante acertados, um Fábio Coentrão com uma arte de levar lágrimas aos nossos olhos, o brazuca ex-belém que é um Derlei comprado numa loja de chineses e o não-sei-quê-sson que não teve tempo para vermos grande coisa, a não ser que tem mais acne do que em toda a escola C+S de Mem Martins.

O SLB está mesmo em grande, não há dúvida. Quando empatarmos com o Marítimo é que vai ser o caralho.