Mensagem para a Direcção de Marketing do SLB: desenvolvam o "Coentrão Pass", o cativo+bilhete de época para ver os jogos em que o Coentrão participe. Nos jogos em que ele não entrar (tremo só de pensar nessa hipótese), reembolsam o titular do pass. Desenvolvam isso que eu compro.
É com infinita alegria que volto a ter um jogador fetiche. O último já foi há uns bons anos: Carlitos. Não o primo do Quaresma mas aquele anão extremo direito. Extremo, digo bem. Carlitos poderá ter sido um dos últimos extremos do futebol. Só com um drible, como um extremo que se preze (se alguém não fizer imediatamente uma ligação ao Garrincha, por favor não volte a este blog). Como diria Mário Wilson, com Carlitos pingava sempre qualquer coisa: se não um cruzamento certeiro, e do local de onde devem sair os cruzamentos (muito perto da linha final), um canto ou, pelo menos, um lançamento lateral. Mas perder a bola, meus amigos, nos poucos jogos que fez no SLB, isso não acontecia. E ainda providenciou uma mão cheia de golos ao Tomás e ao Vanhanhon (nunca soube escrever o nome deste gajo).
Coentrão partilha com Carlitos o cabelo oxigenado e o ar de bimbo. Acresce ser muito mais jogador. Mas jogador de futebol, não jogador de futebol moderno. Não é como o cabrão do Di Maria, um gajo que é um interprete fiel do futebol moderno, sendo que este consiste em fazer tudo como se se estivesse a ser perseguido por 20 gajos da Quinta da Princesa.
E há de ser o cabrão do Di Maria que há de render uns milhões e não o Coentrão, para bem dos nossos pecados.
O Coentrão, dizia eu, joga futebol. É a inteligência em movimento, enquanto o cabrão do Di Maria é, apenas, movimento.
O Coentrão joga futebol porque domina o tempo. Não o tempo no sentido AntimiodeAzevediano do termo, mas o tempo no sentido musical.
O Coentrão deve ser dos poucos jogadores do mundo que sabe driblar sem ser em velocidade. Não faz como o cabrão do Di Maria, e mesmo o Ronaldo e até o Messi, que tornaram
o drible numa corrida de obstáculos.
O Coentrão domina o tempo, por isso consegue driblar parando e depois acelerando. E com um domínio tal, que só me lembro de coisa similar (mas ainda em melhor) com Fernando Chalana.
Vejam lá se se lembram, no jogo da UEFA com os...ah... com os coisos... duma jogada encostada à linha, em que o Coentrão vem com a bola, um dos coisos vem todo lançado, o Coentrão para... e depois arranca... e o coiso fica tão perdido que lhe acerta em cheio. O cabrão do Di Maria, na mesma jogada, correria com o coiso atrás até à linha final.
Portanto, encontrei (finalmente) alegria durante uma época (como sabem, eu nos últimos anos tenho sido mais adepto da pré-época): Coentrão.
Se as minhas filhas, por absurdo, algum dia deixarem de ser sócias do SLB, o Coentrão passa a ser o meu herdeiro.
Quanto ao jogo com os...ah...coisos, demos 4, o Cardozo ia arrancando a cabeça de um dos coisos no penalti, o Saviola marcou um golo, também, mas tirando o Coentrão, tudo o resto foi basicamente futebol moderno.
E o futebol moderno entretém, é verdade, mas não apaixona. Daí Coentrão. Um gajo que saiu dos anos 80. E nesses anos, tudo era mais lento (até uma merda de um jogo com 48k demorava uma tarde a carregar), mas verdadeiramente apaixonante.
SLB, 4 - Ah...Coisos..., 0