8.3.09

E tu, Quique, percebeste?

Os adeptos mais exigentes que já encontrei foram os do Benfica. Os tipos eram completamente loucos.
Graeme Souness

Mandam as regras de boa gestão que um novo gestor comece por conhecer onde, com quem e para quem vai gerir.
Os treinadores que têm passado pelo SLB têm ignorado essa regra.
Camacho, o menos intelectualmente dotado de todos os treinadores com que o OSP teve de lidar (e, sim, incluindo Mário Wilson e Chalana), despachava o descontentamento dos adeptos, esses tipos completamente loucos, como nos apelidou Souness, com uma frase simplista: “Eles julgam que este é o Benfica de Eusébio.” Ora, Camacho não só desconhecia que nunca houve um Benfica de Eusébio, como desconhecia de todo quem foi Eusébio.
Este tema merece toda uma outra profundidade. Mas, por agora, digamos apenas que o SLB sempre foi um clube de esforço, sempre mais em força do que em jeito, com vitórias suportadas em suor, com uma ou outra pincelada de arte.
É bom lembrar que a dimensão europeia que o SLB alcançou na década de 60 começou antes de Eusébio, com a vitória sobre o Barcelona. E mesmo a resposta – suada, muito suada – ao poderio inegável do Real Madrid, no eterno jogo dos 5-3, foi dada, antes do pianista moçambicano, por um carregador de piano de seu nome Cavém.
É óbvio que, sem Eusébio, é muito difícil de imaginar que o SLB conseguisse, depois disso, marcar presença em mais 3 finais. Mas Eusébio era uma peça completamente SLBiana, com um brilhantismo que começava pelo seu esforço e dedicação, antes das suas correrias e remates decisivos.
O que ficou então desses tempos? Não uma limitada e impossível exigência de resultados, muito menos de réplicas da arte de Eusébio da Silva Ferreira, mas sim, como desde a fundação do SLB, a exigência de esforço.

Os completamente loucos adeptos do SLB estiveram ao lado da equipa que Toni levou a Estugarda, e também da que Koeman, há pouco tempo, levou aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. E apoiámos Tuebas e Edmundos, e até, com grandíssimo esforço, Betos, moços com uma aptidão futebolística similar à de um mamute, porque suaram aquelas belas camisolas até esgotarem a ultima caloria do seu corpo.

Por tudo isto, aqueles últimos 20 minutos do SLB contra o Leixões foram, aos nossos olhos, dignos do SLB. O Aimar como trinco, o Nuno Gomes a fechar a esquerda, os defesas com pelo na venta e olhar guerreiro, tudo junto num pacote que se tornou o melhor momento – so far – da época.
Quique congratulou-se por os adeptos terem percebido o que estava em causa. Esteve quase lá. Os adeptos, Quique, gostam muito de ver os gajos que envergam as nossas camisolas a suarem as estopinhas para ganharem um jogo.

Agora, Quique, apesar de, passados todos estes meses, não conseguires pôr a equipa a jogar futebol, vê lá se percebes que o que nós queremos é que, pelo menos, ponhas os teus meninos, regularmente, a suar. E, se tu perceberes isto, também nós nos congratularemos.

SLB – 2, Leixões - 1

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