23.3.09

A prostituição intelectual é exercida por intelectuais prostitutas (ou prostitutos)?

Porque é que, quando o Quim faz uma defesa, salva o Benfica, e, quando o Moreira faz uma defesa, faz simplesmente uma defesa?
Porque é que os dois lances em que o Quim entregou o golo a jogadores lagartos foram omitidos de tudo o que é imprensa?
Que raio de poder tem o Quim sobre a imprensa, que até leva jornalistas a escrever que Quique o ostracizou?
Será que o Quim é do PS?
Será que a Senhora Dra. Marta Crawford tem explicação para isto?

22.3.09

Afinal, parece que ganhámos a Liga dos Campeões

A Taça da Liga era irrelevante. Não merecia muito esforço, atrapalhava o calendário do campeonato, não compunha a vitrine de ninguém, não salvava épocas a clube nenhum.
Mas bastou um erro de arbitragem, ainda por cima de um árbitro que os comete frequentemente, contra todo e qualquer clube - aqui e lá fora -, para parecer que tinha acontecido um atentado terrorista ou mais uma chacina numa escola.
Um erro de arbitragem, daqueles que acontecem em toda a santa jornada, e toda a tv se encheu de comoção, revolta, medalhas atiradas para o chão, exigências de desculpas e o catano.

Afinal, esta taça, esta insignificante taça, era a Liga dos Campeões.
Eu não sabia. A sério. Acreditei naquele palavreado todo, na semana passada.
Mas da próxima vez avisem, se fazem favor, dado que dei ao jogo a importância que julgava que ele tinha. Só vi a segunda parte e, confesso, a contragosto, dado que estava ocupado a ver - in loco - o bem mais entusiasmante ADO-Juventude de Viana, em que a minha ADO - a equipa com o equipamento mais bonito do mundo - levou 9 a 5.

SLB, 1 - Sporting, 1 (3-2 em gp)

20.3.09

Medo cénico

Para vencer a Taça da Liga, o Quique poderia apostar no "medo cénico". Para isso, poderia mandar todos os jogadores do SLB colorar de louro o cabelo e ensinar-lhe umas frases básicas em alemão, tipo:


"Moutinho, Ich kenne Kinder unter 5 Jahren höher als Du", ou

"Veloso, Paulo Bento hat eine bessere Friseuse als Du", ou ainda

"Rochemback, dein Ass passt nicht mehr auf dem Platz des Handels".


Enquanto o jogo decorria, os no name cantariam "glorreiche SLB, glorreiche SLB".

Com algum grau de certeza, o SLB aguentaria até aos penalties. E, aí, bastaria o primeiro penalty marcado ser assinalado com um sonoro "Tor", e todos os jogadores do Sporting, com os olhos cravejados de lágrimas, falhariam.


Sim, trata-se de um esquema muito rebuscado e de difícil execução. Mas bastante mais difícil será o Quique conseguir fazer, numa semana, aquilo que não conseguiu em 6 meses: pôr a equipa a jogar à bola.



15.3.09

O Padinha quer o livro de reclamações

Tanto para escrever e tão pouco tempo:


1. O OSP é, propositadamente, um saco de lacunas. Mas isso não quer dizer que não possa haver, aqui e ali, um esforço para as colmatar. Uma delas, tendo em conta que se trata de um blogue sobre o SLB e, por isso, indirectamente sobre futebol, tem a ver com o discurso, ora na primeira pessoa do singular, ora no plural jornalístico. Inspirado por Miguel Veloso, um moço claramente leitor dos livros da Anita, especialmente do "Anita vai ao cabeleireiro", hoje vou escrever, a partir do ponto 2., na terceira pessoa.

2. O Padinha, no post antecedente, atravessou-se num prognóstico. Terá dado azar? Não, certamente que não. O Padinha teve apenas uma fase de superstição, nomeadamente durante o caminho que nos levou, em 89/90, à final de Estugarda. Com o seu irmão, Padinha corria as casas de pasto da Rua dos Soeiros em busca de lombinhos de porco, missão essa bastante mais complicada em Bruxelas e em Estugarda. Ainda assim, esse reforço de colesterol não foi suficiente para contentar os deuses, que entenderam não dar confiança ao Veloso (o António, o outro, o Miguel, estava em casa provavelmente, na casa do Néné - a ler a Anita). E de superstições ficou o Padinha cheio.

3. O Padinha não foi, durante esta semana, inspirado apenas por Miguel Veloso. Foi, também, inspirado pelo benfiquista José Eduardo Martins, que, provavelmente por o ser, sabe bem que um bom e sonoro "Pró caralho" é largado de acordo com o interlocutor, e não com o local. E o tal de Candal visivelmente merece não só a sonora caralhada, como uma boa mochela encostada à testa. Mas a inspiração do deputado Martins acabou por ser indirecta, porque o que interessa para o post de hoje é outra citação de um político, bem imbuída de vernáculo: "Em Portugal, há tanta falta de profissionalismo, que até as putas se vêm." João Soares dixit.


4. O prognóstico não falhou. O Padinha não se baseou em qualquer conjugação astral, nem largou búzios ou cartas, porque tudo o separa da Maya (a começar pelo peito, bastante mais pequeno e peludo, e ainda de origem). O prognóstico assentou no facto de o Vitória, como todas as equipas treinadas por Cajuda, jogar o "jogo pelo jogo".


5. Jogar o "jogo pelo jogo" é a qualidade mais apreciada pela imprensa portuguesa, em qualquer treinador. Pois essa é a característica que irrita mais o Padinha, seja ela do Cajuda ou do Cruyff. Os treinadores não são pagos para porem a sua equipa a dar espectáculo, mas sim para porem as suas equipas a ganhar. O Padinha está-se a borrifar para o espectáculo, até porque detesta o suposto maior espectáculo do mundo, incluindo o Cirque du Soleil, esse filme de ficção científica de série Z com música de elevador. O Padinha quer que o SLB ganhe ou, no mínimo, que se esforce para o conseguir. E um tipo que "jogue o jogo pelo jogo", como Cruyff fez contra o Milan de Capelo, esse extraordinário profissional, está a gozar com quem lhe paga e o apoia. Está a demonstrar uma falta chocante de profissionalismo.


6. Não há nada melhor do que jogar contra uma equipa que "jogue o jogo pelo jogo". São equipas previsíveis e que deixam jogar. E, no passado sábado, foi o jogo em que os jogadores do SLB mais conseguiram ir à linha, apesar de se terem esforçado tanto como uma anémona. E, se tivessem feito uma reanimação cardíaca ao Cardozo procedimento que o Padinha aconselha a todos os 15 minutos que o fizesse esticar uma perna ou simplesmente não fugir da bola, lá teríamos marcado um golo na primeira parte, e lá teríamos o prognóstico do Padinha completamente certo.


7. Se há crítica que esta equipa do SLB não merece é a de "jogar o jogo pelo jogo". De facto, e com particular ênfase no jogo passado, o SLB não jogou o jogo. Ponto. Final. Parágrafo.


8. O Padinha, como já referiu, não quer a sua equipa a jogar o que se entende normalmente por bem. Não quer, de todo. Quer apenas, e o Padinha reforça o apenas, que façam aquilo que milhões de pessoas pagam para fazer diariamente: suar. E, no sábado, especialmente naqueles primeiros 15 minutos da segunda parte, em que os meninos pareciam ter saído de um copo de água, a coisa já foi mais do que medíocre, paupérrima ou qualquer outro adjectivo depreciativo. Foi o zero absoluto, algo que, supostamente, é um preceito teórico, mas que, afinal, acabou por ser demonstrado no Estádio da Luz.


9. O Padinha não conhece em detalhe a legislação aplicável ao Livro de Reclamações. Mas, depois do jogo com o Vitória, acha que o SLB deveria ter um. E o Padinha faz daqui um apelo a todos os benfiquistas: dirijam-se ao Estádio da Luz e peçam o livro de reclamações. Mas deixem que o José Eduardo Martins seja o primeiro a reclamar. Ele escreverá algo que a todos nós, naquele sábado, apeteceu dirigir àquela amálgama de corpos vestidos de encarnado.


Benfica, 0 - Vitória de Guimarães, 1

12.3.09

Por razões a apresentar depois do jogo...

... o jogo com o Guimarães vai ser o mais fácil da época.

9.3.09

Encabulado

A esperança de ver o Benfica jogar um pouquinho à bola há muito que se esvaiu. É constrangedor ver a nossa equipa a jogar (?!). Tempos houve em que jornalistas PRECianos andavam por terras deste Portugal humilhando o povo com a intenção de o educar ou de o forçar a tal (parece que uns contemporâneos ainda o fazem, mas já sem a parte da educação).


Sempre com esse nobre objectivo em vista, perguntavam à mais Bolhoa das varinas o que achava dos empréstimos de capital do FMI ao estado português. Capital, as senhoras só conheciam Lisboa (e não tinham a certeza), e FMI era peixe que não vendiam. Ninguém ganhava com essas rábulas, e mesmo eu, espectador incauto, porque precoce, mudava constrangido de canal (inevitavelmente para o segundo), fisicamente indisposto com a humilhação pública de uma pessoa com idade para ser minha avó. Passados todos estes anos, sinto o mesmo quando vejo o Benfica Quiqueano a jogar. Pelo menos a senhora não tinha bem noção da vergonha que a faziam passar.



Naval, 1 - Benfica, 2

8.3.09

E tu, Quique, percebeste?

Os adeptos mais exigentes que já encontrei foram os do Benfica. Os tipos eram completamente loucos.
Graeme Souness

Mandam as regras de boa gestão que um novo gestor comece por conhecer onde, com quem e para quem vai gerir.
Os treinadores que têm passado pelo SLB têm ignorado essa regra.
Camacho, o menos intelectualmente dotado de todos os treinadores com que o OSP teve de lidar (e, sim, incluindo Mário Wilson e Chalana), despachava o descontentamento dos adeptos, esses tipos completamente loucos, como nos apelidou Souness, com uma frase simplista: “Eles julgam que este é o Benfica de Eusébio.” Ora, Camacho não só desconhecia que nunca houve um Benfica de Eusébio, como desconhecia de todo quem foi Eusébio.
Este tema merece toda uma outra profundidade. Mas, por agora, digamos apenas que o SLB sempre foi um clube de esforço, sempre mais em força do que em jeito, com vitórias suportadas em suor, com uma ou outra pincelada de arte.
É bom lembrar que a dimensão europeia que o SLB alcançou na década de 60 começou antes de Eusébio, com a vitória sobre o Barcelona. E mesmo a resposta – suada, muito suada – ao poderio inegável do Real Madrid, no eterno jogo dos 5-3, foi dada, antes do pianista moçambicano, por um carregador de piano de seu nome Cavém.
É óbvio que, sem Eusébio, é muito difícil de imaginar que o SLB conseguisse, depois disso, marcar presença em mais 3 finais. Mas Eusébio era uma peça completamente SLBiana, com um brilhantismo que começava pelo seu esforço e dedicação, antes das suas correrias e remates decisivos.
O que ficou então desses tempos? Não uma limitada e impossível exigência de resultados, muito menos de réplicas da arte de Eusébio da Silva Ferreira, mas sim, como desde a fundação do SLB, a exigência de esforço.

Os completamente loucos adeptos do SLB estiveram ao lado da equipa que Toni levou a Estugarda, e também da que Koeman, há pouco tempo, levou aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. E apoiámos Tuebas e Edmundos, e até, com grandíssimo esforço, Betos, moços com uma aptidão futebolística similar à de um mamute, porque suaram aquelas belas camisolas até esgotarem a ultima caloria do seu corpo.

Por tudo isto, aqueles últimos 20 minutos do SLB contra o Leixões foram, aos nossos olhos, dignos do SLB. O Aimar como trinco, o Nuno Gomes a fechar a esquerda, os defesas com pelo na venta e olhar guerreiro, tudo junto num pacote que se tornou o melhor momento – so far – da época.
Quique congratulou-se por os adeptos terem percebido o que estava em causa. Esteve quase lá. Os adeptos, Quique, gostam muito de ver os gajos que envergam as nossas camisolas a suarem as estopinhas para ganharem um jogo.

Agora, Quique, apesar de, passados todos estes meses, não conseguires pôr a equipa a jogar futebol, vê lá se percebes que o que nós queremos é que, pelo menos, ponhas os teus meninos, regularmente, a suar. E, se tu perceberes isto, também nós nos congratularemos.

SLB – 2, Leixões - 1