No dia em que o nome do homem-aranha volta a ser evocado (em vão, diga-se, porque nenhum Marvel deve andar nas bocas do povo por dá cá aquela palha), esta personalidade obrigadosápintiana mostra-se acontentada. Agruras da vida pessoal levam este vosso servidor a levantar-se a horas de ir acordar o galo. O galo que vive no barracão do Ti Rita de Montemor-o-Novo, pelo que toma tempo a lá chegar. Assim, as horas da noite são uma pequena tortura.
Confesso que momentos houve, ao longo da segunda parte, em que as pálpebras pesaram. Não fora os ocasionais (pouco ocasionais) golos carpinteiros, que me levavam para fora do torpor como se um desfibrilador acabasse de me acariciar o peito, e eu nem via o final do jogo. Bem-haja a tremedeira benfiquista.
Se descontarmos o facto de o Paços de Ferreira ter marcado ontem um quarto dos golos que marcará em toda a temporada, o jogo não foi desagradável. O Benfica, depois de anos e anos, joga para ganhar (e anos e anos e anos...), e confesso que a minha veia de desportista não dopado quer é ver o Benfica a jogar para ganhar, a marchar para cima deles, e o resto que se lixe (já a veia de desportista dopado quer ganhar com um penalty, mal assinalado, cobrado com a mão – mas é veia que mantenho bem garrotada)!
Claro que o Paixão tentou estragar o jogo (como é seu costume), mas nem o facto de o Bruno apitar mais que um comboio em noite de nevoeiro a atravessar as favelas de Mumbai me enervou mais do que o inevitável (we will always have Campo Maior). Até chegou ser divertido ver o Yebda a sofrer duas duras faltas de seguida e ser marcada uma falta contra o Benfica porque os amarelos caíam com o impacto.
Na verdade, sinto o contentamento de uma criança que é apanhada a roubar um doce, leva uns açoites, mas ainda se ri, pois o doce já cá canta. Mais um pouco e apanhava os açoites sem ir a tempo de engolir atabalhoadamente o docito. Os 3 pontos já cá cantam, o Benfica atacou (mesmo que mal), e os carpinteiros não foram a tempo de nos açoitar. Porém, há apontamentos a reter:
O Nuno Gomes joga bem é com outro avançado ao lado, e o Benfica em Portugal deveria jogar sempre assim. Entendo que ainda não se tenha percebido isso. Afinal de contas, só faz doze anos o Nuno Gomes joga bem nessas condições.
O Reyes está para o Quique como o Maxi estava para o Camacho. Irá jogar sempre que consiga estar em pé. Isso não significa que, apesar de aliviar tão mal quanto remata bem, não estejamos perante um jogador fora de série (mauzinho de cabeça, é certo), e ouvir os "comentadores" dizer que é curto para as necessidades do Benfica é como ouvir dizer que as armas nucleares são fraquinhas.
Deviam é ir apitar para os caminhos de ferro indianos.
Paços de Ferreira 3 - Benfica 4
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1 comentário:
“O Reyes está para o Quique como o Maxi estava para o Camacho. Irá jogar sempre que consiga estar em pé.” Não que alguma vez me tenha importado de me desdizer, mas acho que, afinal, esta é que deve ser a frase que servirá de lema oficioso ao OSP em 2008/09. Precisa, claro, de ser amarelada pela época para se saber se será verdade. Se vier a ser, Cosme, se o Reyes nunca sair da equipa por puro imperativo categórico, terás sido o profeta de uma nova idade, o vislumbrador de uma revolução de tipo coperniciano no futebol português. Talvez em todo o futebol.
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