1.9.08

Em cima deles

A A5 estava completamente parada devido ao encerramento da faixa direita (que bela analogia com o estado do país poderia aqui apresentar, mas neste blogue dedicamo-nos a uma causa maior).
Era essa, segundo a imprensa, a dúvida de Quique: encerrar a faixa direita (com Amorim) ou acelerar o trânsito (com Reyes).
Quique escolheu Reyes e mais dois canhotos para acompanhar Aimar no ataque, num 4-4-2 de papel, porque na relva foi um 4-2-4, dada a fogosidade (há também quem lhe chame indisciplina táctica) dos dois extremos.

Eu gosto de dois tipos de futebol:

Aquele comummente apelidado de científico, mecanizado, cínico, ou outro qualquer insulto mascarado de adjectivo, que resulta de muita pestana queimada e voz enrouquecida para colocar em prática muito estudo, numa actividade cuja arte e precisão encontra apenas paralelo no que sai das mãos de um ancião relojoeiro suíço. Estou-me a referir ao futebol de qualquer equipa de Capello ou de qualquer equipa alemã (selecção, naturalmente, incluída) dos anos 80 e princípios dos 90.

E o seu directo inverso, o futebol desbragado, inconsciente, inconsistente, louco, frenético e normalmente ineficaz, extraordinariamente exemplificado no Everton dos anos 80 ou no Benfica 93/94 e que o nosso imortal Ângelo exemplo acabado do jogador à Benfica – apelidava, simplesmente, de “ir para cima deles”.


E no sábado “fomos para cima deles”. Mesmo depois do abraço de Katso a Lucho (merecido, pelo sempre maravilhoso futebol deste argentino), continuámos a “ir para cima deles”. Com cruzamentos, remates e cantos. O Porto, esse, jogava em contra-ataque, como há muito na Luz não jogava. O golo apareceu, numa cavalgada à Futre do Fernando Aguiar com pés, porque “eles não saíam de baixo de nós”.
Depois, o meio cérebro do grego deixou de funcionar e fez o que a todos de vermelho no estádio apetecia fazer: arriou uma vistosa sarrafada no Rodríguez e o jogo acabou.
O Porto, o favorito (porque manteve o Lucho), o estruturado (porque manteve o Lucho), o campeão em título (porque teve o Lucho) não conseguiu marcar um golo a uma equipa que alinhava com 6 jogadores (se considerarmos apenas os jogadores com um mínimo de 30% da sua capacidade física inicial).


Em resumo: talvez inspirados pela presença de Vanessa Fernandes, os nossos lads apostaram no triatlo: primeiro meteram água, depois fartaram-se de pedalar e depois arrastaram-se penosamente até à meta.

Excelentes indicações vi eu naquele Inferno (que, desta vez, até contou com a presença de um Demo de carne e osso e tudo):

Uma equipa irresponsavelmente empolgante, que tanta excitação e maus resultados nos vai dar;

O Quim a sair da baliza e a agarrar ou socar as bolas (pareceu mesmo um guarda-redes);

Um Porto com mais respeitinho e com um Lisandro que já saiu da fase Acosta (se não perceberem esta, escrevam que eu explico).

E se isto (ainda) não for suficiente para animar as hostes benfiquistas, pensem nisto: segunda jornada e estamos apenas a 2 pontos do Porto. Temos ou não o título ao nosso alcance?

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