21.12.09

Até deu para para rodar o Luís Filipe


E o Urreta, o Carlos Martins, o Weldon, o Filipe Menezes

18.12.09

Ainda bem que não gosto de couve-flor, porque se eu gostasse de couve-flor, comeria couve-flor e eu detesto couve-flor

Fomos para um jogo europeus descontraídos, jogámos com uma segunda equipa, confiantes, e ganhámos tranquilamente, com naturalidade. Era a feijões, mas posso habituar-me a isto.

A ver o Di Maria fazer coisas boas é que nunca me habituarei. Porque não é possível. Ele afinfa-lhes dois secos, manda uma à barra, e, depois, ante-assiste o golo do AEK. Estamos sempre com o coração nas mãos.


(Letra de €40M?)

Mas é bom é que vá marcando golos destes na Europa. Que siga o instinto. O problema é quando ele tenta pensar. É que ele não sabe pensar, portanto, apenas pensa que pensa, por isso, quando tenta, pensa mal.


Se Di Maria fosse piloto eu confiaria nele (e no seu instinto) para conduzir no Mónaco, mas nunca nas suas capacidades de estacionamento na Calçada do Duque. Demasiadas fórmulas e variáveis, o grau de inclinação da subida, o ângulo de entrada da traseira, a chuva que molha os paralelepípedos, o Joaquim torneiro mecânico que apita, o arrumador que diz para destroçar, o pé direito que só serve para andar, aquilo era coisa para a desgraça.


Não penses, filho, age, age para o Estádio Cidade de Manchester, eles lá gostam de pessoas como tu.


Benfica, 2 - AEK, 1

14.12.09

Passa a bola, Luke Skywalker!

Numa altura em que Portugal parece estar debaixo do olhar permanente de Mordor, há que, como em todos os momentos em que o mal parece impor-se, apelar às nossas virtudes e concentrarmo-nos na luta pelo bem.
Não é fácil, concedo. Pais, mais do que nunca, dizem aos seus petizes para seguir a carreira política como forma de se safarem, tal como os pais nórdicos, lá pelos princípios do milénio, diziam aos seus filhos para se juntarem aos Vikings.

Mas temos que apelar aos nossos mais intrínsecos valores civilizacionais e combater o mal, em todas as circunstâncias e a todo o momento.

Na prequela do grande embate entre as forças do bem e as forças do mal, os nossos rapazes baquearam. Mas não é altura de esmorecer, porque a defesa do bem, por ser a rainha das batalhas, assim o exige.

O jogo com o Fóculporto(c) não é decisivo para a classificação, nem para o estado anímico da equipa e merdas que tais. É decisivo para a moral. Porque a profusão do bem não é conseguida sem a derrota do mal, principalmente quando o mal em presença é daqueles puros, monocromáticos à George Lucas.

Se vai ser mais difícil porque temos o meio-campo todo lesionado, estou-me completamente borrifando. Até podem por o Luís Filipe a nº10.

O que é obrigatório é que o SLB encare o jogo com o Fóculporto(c) com a importância superior que este merece, e que o ganhe, nem que para isso os rapazes tenham que acabar com cãibras nas orelhas.
Que a Força esteja convosco.

Olhanense, 2 - SLB, 2

p.s. (c) FNV

Para resolver esse problemazinho no campeonato, faça tomar quatro por semana, se se esquecer pode fazer tomar um ou dois, que fazem o mesmo efeito.

Sendo um texto escrito depois do jogo contra o FC Demo C, as informações, sensações e más disposições poderiam contaminar este relato, fugazmente inspirado numa partida em que as coisas correram como deveriam correr, em que o Benficar funcionou bem, se bem que não na perfeição, em que o Di Maria se pareceu vagamente com o jogador que alguns clubes estrangeiros (esperamos) pensam que é, em que frases de cinco linhas sem ponto final saem escorreitas e coerentes.



Os golos foram pingando de forma aparentemente natural. Houve trabalho e uma Académica destemida. E sentimos que quando há algum problema o Cardozo está lá para o resolver. Ou então o Ramires, ou o Aimar, ou o Saviola...meu Deus, não há volta a dar, temos mesmo de ser campeões. Se não o somos este ano, não passamos de um clube a jogar em constante "ano 2012".


Num ano em que Aimar ganha cargas perto na nossa área aos 80 minutos e corre para o ataque, não há desculpas para o falhanço. Num ano em que recuperamos não só Aimar mas também o Cardozo-com-o-Quique-jogas-no-banco, que se segue ao desperdício de um Reyes a jogar quase como em Sevilha, e de um Suazo que veio passar férias a Portugal com a cumplicidade do amante cigano, temos de estar lá, no final do percurso, com o ouro numa mão, a lanterna na outra e o pé bem fincado na cara do tipo que sobe as escadas atrás de nós.



Benfica, 4 – Académica, 0

8.12.09

Pieolorussia?


O que posso eu dizer sobre uma equipa que desconheço, de um país que nem sabia que existia e de um jogo que não vi? Nada? Não, meus amigos. Da mesma forma que o António Peres Metello (tem doi lês, não tem?) ganha a vida a falar sobre o que desconhece, eu consigo escrever, e completamente grátes, sobre algo que não vi. Não posso escrever muita coisa, mas posso escrever duas coisas:
A primeira é que jogos com estas equipas destes países não puxam por um gajo. Um puto do meu trabalho perguntou-me se eu não ia ver o jogo. E eu arrasei-o com tantas perguntas - "Com quem? Da onde? O quê, a URSS já não existe? Tás parvo, puto? Sabes que idade é que eu tenho? Queres levar um biqueiro?", etc, etc -que o o puto quando deu por ela já tinha perdido a primeira parte.

A segunda coisa é que se eu fosse presidente do SLB - e não sou porque a minha mulher não deixa - o passe do Fábio estaria já nesta altura indexado ao maior dos seguintes valores, a cada momento: valor do déficite orçamental do estado português, mas pós eleições (que a mim não me enganam, eu não sou nenhum Constâncio) ou 150.000 robalos - dos congelados - à cotação do Vara.

E é só. Bem hajam.

BATE, 1 - SLB, 2

30.11.09

E o Sporting é campeão, ó é, ó é, e o Sporting é campeão, ó é, ó é

Um dos poucos males de o Benfica estar a jogar como está é a extraordinária motivação com que as equipas de menor dimensão o enfrentam. Nos primeiros 20 minutos do jogo de sábado isso foi por demais evidente. O Sporting jogou mais nesse período de tempo de que nos 180 minutos em que partilhou o campo com Sp.Braga e FC Demo. Jogou como a final que era, a final do seu campeonato, o único que realmente lhe importa, o que o opõe ao Glorioso. E, como as coisas andam, empatar em casa com o Benfica foi suficiente para aglomerações no Marquês de Pombal, apitos pela Avenida de Liberdade abaixo e banhos etilizados no Rossio.


Felizmente, Quim defendeu tudo o possível e até um impossível, impedindo os caros seguidores do esquelécticozinho de festejarem como se o troféu da Liga dos Campeões se aconchegasse no seu bafiento museu. Salvou-nos da humilhação de perdermos com o Sporting (quem?!). Como de costume, isso não é suficiente para que certos benfiquistas não deixem de o achar uma bosta de búfalo seca, alegando que ele raramente defende o impossível. Bem, mas masoquistas há em todo o lado.

O que realmente me preocupa é o tempo que ainda falta para Janeiro. A cotação do Di Maria vem por aí abaixo à medida que os jogos passam; a não ser que os tipos do City sejam tão burros a comprar quanto ele jogar, nesse caso já não estarei tão preocupado. As decisões erráticas de Di Maria, para muitos o motor deste Benfica renovado, são o equivalente futebolístico das leis do caos da física, só que mais imprevisíveis. Não me interpretem mal, eu até aprecio o jogador, principalmente se o vendermos por €40 milhões.



Mas também há umas coisas a dizer sobre jogadores do outro lado. Alguns de nós, refugiados em Londres para assistir a modalidades desportivas mais dignas de Caco Antibes, não puderam deleitar-se com verdadeiras pérolas, tais como a versatilidade de Polga, jogador de vastos recursos, ainda que nenhum deles futebolístico.


Uma vez que isto no futebol não lhe corre muito bem, apresentou a sua candidatura para ponta-direita da equipa de andebol, ao fazer um belo bloco a um remate na zona dos nove metros. Isto foi só o Paulo Bento deixar o clube e é ver as misturas de modalidades que tanto lhe desagradavam a ressurgir . Só que ser-se eclético no Sporting é fazer muitas coisas e nenhuma delas bem. Sugiro-lhes, por isso, que pratiquem menos modalidades. Serão maus em menos coisas.

Ah, e parabéns pela vitória no campeonato.

Sporting, 0 – Benfica, 0

29.11.09

O menino não é ponta de lança, pois não?

Corria o ano de 1992. O Senhor Jorge de Brito, depois de uma época de Ericksson que de títulos rendeu apenas mais um dos maiores jogos de sempre (para os mais novos e mais esquecidos, foi em Londres, frente ao Arsenal), decidiu-se por mais um treinador estrangeiro: Ivic.
No jogo de apresentação, ainda por cima com uma equipa que tenho ideia ser muito jeitosa (salvo erro o Real Madrid ou então o Farense - jogavam de branco), o SLB de Ivic mereceu do Record a referência à semelhança com o Ajax dos anos 70 (muito se bebia naquela redacção). Enganaram-se, pois rapidamente o SLB de Ivic começou a jogar como o Ajax do século XXI ou o Tires de 1998 (é escolher). Mas apesar disso, Ivic entrou para a história do SLB, devido a umas decisões de carácter extravagante. Na verdade, foram de carácter demente, mas aqui, pelo OSP, cultiva-se o respeito pelos mais velhos.
A mais emblemática dessas decisões, foi o estreitamento do campo do SLB. Dizia ele que isso beneficiava a equipa que mais atacava. E, numa conferência de imprensa, ele, no seu linguajar portugohispanoitalojugoanglés passou uns bons minutos a esclarecer os méritos da sua decisão. O problema é que não se percebeu nada do que o senhor disse e eu, até hoje, mantenho a ânsia de compreender essa decisão (a outra ânsia que tenho é saber quem é que matou o JR Ewing - não vi esse episódio).
Outras decisões houve de Ivic que marcaram os tempos. Escolher as posições dos jogadores pelo seu cabedal, por exemplo. Ele viu por lá um rapaz barbudo, troncudo e com perna grossa e lá o pôs a trinco. Era o Isaías e, por acaso, até lhe fez bem. Depois viu um jovem alto e colocou-o a treinar na área. Passados uns minutos, vendo o jovem a encolher-se, a não saltar e a não fazer ideia do que poderia ali fazer, Ivic perguntou-lhe: "O menino não é ponta de lança, pois não?". O petiz respondeu que não, que jogava no meio-campo. E lá foi, treinar para onde devia. O menino chamava-se Rui Costa, by the way.

Ao ver o SLB- Guimarães lembrei-me desta ultima história. Porque também tivemos um menino por lá que não é, seguramente, ponta de lança. Pode ter sido, no Brasil, poderá vir a ser noutro lugar qualquer. Mas agora, nesta época, não é. Tem medo que se pela dos defesas, o que é bastante chato quando se tem que passar por eles, não salta se não estiver sozinho, o que num desporto colectivo é difícil, não para uma bola, não dribla, não remata. Está bom para ministro da república portuguesa, mas não para ponta de lança do SLB.
E o Jesus alinhou naquele acto de não o substituir cedo para não queimar o jogador. Pois que me perdoe o pai do Keirrison - um adepto acérrimo do Lizard King tem sempre o meu respeito - mas o menino que se queime.

Como é emprestado o Guardiola, se um dia o aceitar no plantel, que o salve das queimas. Por aqui, perdemos um jogo graças a isso, porque o menino só foi substituído lá para o final da segunda-parte, colocando a equipa numa situação pior do que se estivesse a jogar com menos um. Com menos um não se centra para lá a bola. Com o menino, os outros ainda viam lá alguém com uma camisola igual à deles e passavam. Só depois é que se apercebiam do erro ("ora foda-se, afinal era o Keirrison").

A eliminação da Taça, embora estúpida, até dá jeito. Já referi por aqui que o SLB de Jesus não terá corda para isto tudo. Foi pena é ser esta e não a da Liga, que tem mais jogos. E para além disso, corremos o risco de ir outra vez à final com o Sporting e ver o Pedro Lima no lançamento da medalha.

SLB, 0 - Guimarães, 1

28.11.09

O profianço também compensa


Tempos houve em que as conquistas se faziam através de um Blitzkrieg. Tempos, no que ao Benfica diz respeito, que são bem recentes. Levamos as nossas brigadas muito móveis, bombardeamos, baleamos e baionetamos com afinco, e, depois, abrandamos ligeiramente; apenas para Blitzkriegar um pouco mais tarde. Aliás, pensando bem, os nossos jogos têm sido um Blitzkrieg constante, o que contraria o significado do conceito. Talvez no Instituto de Altos Estudos Militares se teça um novo instrumento teórico para as artes da guerra, o "Benficar". Pelo menos justificariam, de algum modo, as mordomias e luxuosas instalações de Pedrouços.



Nada disto se passou com a Naval, porém. Foi preciso alambar com a enxada e começar a escaqueirar o muro que o lagarto da Figueira construiu em frente do francês irredutível, mas sem bigode, que guardava as redes destes pescadores betinhos. E olhem que aquilo foi coisa para hora e meia de uf and puf, investir pela esquerda, acometer pela direita, arremeter pelo centro, e apenas com o redobrado empenho no investir (pela esquerda, como o verbo indica) é que o Javi Garcia arremeteu (pelo…? ….. Muito bem!) e nos colocou no nosso lugar: o primeiro. Bem, mais ou menos no primeiro, ainda assim cinco pontos à frente dos que interessam (esperemos).


Não foi dia para "Benficar", mas para uf and puf. Muitos outros dias destes virão, alguns em que mesmo o uf and puf não será suficiente, haverá dias em que a água não terá tempo para furar a pedra. Contudo, sabemos que este ano, mesmo que o "Benficar" não funcione, a água nunca deixará de pingar visando furar a insolente pedra.


Benfica, 1 - Naval, 0




19.11.09

40 milhões de razões para gostar do Di Maria*

Só houve uma coisinha, uma coisinha só, que nunca perdoei ao Manuel Galrinho Bento (que a sua alma esteja em descanso). E não, não foi ter dado aquele frango em Craiova e ter dito que era do creme que tinha na perna - essa já lhe perdoei há uns 10 anos. Foi ter dito, num documentário sobre Eusébio da Silva Ferreira, que o que o distinguia era o "potente remate".

"Potente remate" era o que distinguia o Senhor Eusébio da Silva Ferreira, portanto. A mesma coisa que distinguia o Beto - aquele rapaz oxigenado que o Koeman adorava - e o famoso, e saudoso, Bóbó do Boavista.

Isto levanta o debate sobre o que distingue um grande jogador. Então vamos lá ver: dotes físicos ajudam, com certeza que sim - a velocidade, a tal "potência de remate", a agilidade - mas não são determinantes - não se alguém ainda se lembra da calamidade física que era o Fernando Chalana.

Técnica, sim, não há grande jogador sem ela. Mas o que não faltam na história do futebol são jogadores de boa técnica e até de elevado potencial físico que nunca se aproximaram, sequer, de ser grandes jogadores (os lagartos devem-se lembrar do Amunike, por exemplo).

O que define, então, um grande jogador?
A capacidade de tomarem as melhores decisões muito mais vezes do que os outros. É isso que diferencia os homens dos meninos.

Exemplificando: Cruyff na final de 74, vendo-se sem linhas de passe (eu também domino o futebolês, para além do inglês técnico) forçou o drible sobre o Vogts, até entrar na área e sofrer o penalty. Não tentou tabelar, nem chutar, havia alemães por todo o lado, logo forçou a passagem. Capacidade técnica? Sim. Bom pique? Claro. Mas o que foi determinante? A melhor decisão.
Eusébio, em 65, contra o Real Madrid, recebe a bola, dois madrilenos à frente, adianta a bola e passa pelo meio dos dois, remata na linha da grande área. Capacidade fantástica de explosão? Sim. Velocidade fabulosa? Com certeza. "Potente remate"? Obviamente. Mas o que distingue esta jogada? Nenhum outro jogador se lembraria de passar entre dois jogadores e não entrar na área, chutando no seu limite, surpreendo os defesas e o portero. Logo, a melhor decisão.
Maradona, em 86, na final com a Alemanha, depois dos slalons contra a Inglaterra e a Coreia, ao minuto 84, rodeado de alemães, faz um passe de primeira para o Burruchaga marcar o terceiro da Argentina. Técnica, não sei quê, não sei que mais? Sim, catano, é o M-a-r-a-d-o-n-a. Mas o que sempre o distingiu não foi conseguir dar toques na bola até com o cu mas sim decidir tão bem como decidiu nessa final e muito mais vezes do que qualquer outro .

E chegamos, finalmente, a Di Maria. Di Maria é veloz, ah pois é; tem um bom pique, ah pois tem; bom drible, sim senhor; mas não é um grande jogador. Porquê? Porque decide muitas vezes mal.
"Então", perguntam vocês em coro, "porque é que o Di Maria está muito melhor este ano do que nos anos anteriores?"

Porque, caros leitores deste vosso blogue (sim, vocês dois - olá mãe!), está i) a jogar bastante mais tempo ii) passou a ter mais liberdade, podendo vir buscar a bola mais atrás e em qualquer lado do campo, e não a jogar como extremo puro, como nos anos anteriores.

A conjugação destes dois factores dão-lhe muito mais posse de bola do que nas anteriores épocas. Basta aumentar os lances em que intervém para fazer mais coisinhas bem feitas. Mas não está a decidir bem mais lances em termos relativos mas sim em termos absolutos.

Se o compararmos, por exemplo, com o Fábio Coentrão, que tem menos duzentos e tal minutos jogados, este tem seis assistências e o Di Maria népia (ou uma, vá, não consegui nenhuma fonte conclusiva).

Isto quer dizer que o Fábio decide melhor mais vezes do que o Di Maria. E sendo certo que o primeiro ainda não é um grande jogador (há-de ser, se Eusébio quiser), pois que o Angelito muito menos.

Agora, não julguem que eu não gosto do rapaz, ah pois com certeza que gosto. Então se se confirmar o interesse do Man. City, vou ter 40 milhões de razões para gostar dele.


* post dedicado ao meu amigo jms

16.11.09

(PBEC) Processo de Belenização Em Curso

O Sporting contrata o tipo que foi dispensado do Asteras (?), e do Marítimo há apenas umas semanas. Isto depois dos treinadores do Académica e do Olhanense (duplo !) terem recusado o seu "honroso" convite. Ainda assim, é uma contratação que faz sentido.

O maior êxito do Carvalhal, nos últimos tempos, é de ser o único nesta temporada a conseguir estacionar eficazmente o seu autocarro na saída da garagem do Glorioso. É só a isso que as osginhas aspiram frente à nossa equipa. Querem apenas que ele repita o "êxito" daqui a duas semanas, para que se possam ufanar campeões. Afinal, o jogo contra o Benfica é, desde há muito, o único campeonato do Sporting.

8.11.09

Orgulho e preconceito

Se Jane Austen fosse uma jovem portuguesa contemporânea, um dos seus livros mais afamados teria um título mais curto - Preconceito - ou mais enigmático - Preconceito peculiar.
Isto porque em Portugal orgulho é sentimento que raramente se encontra. Explicações podem haver muitas. Uma das teses que defendo - a par de o declínio do SLB moderno ter começado com Valdo, tese que um destes dias (ou anos, para dizer a verdade) terei o prazer de apresentar - tem a ver com o nosso ambiente infantil. Passo a explicar: numa daquelas cadeiras para encher uma licenciatura de 5 anos, levei com um bicho chamado Psicologia Económica. Um dos temas abordados tinha a ver com o impacto económico das histórias infantis, o que, à partida, parece tema para entrar directamente numa lista dos prémios Ig Nobel. Mas olhem que não: a tese passava pela diferença entre as histórias contadas às crianças americanas e às europeias. Às primeiras, eram histórias de heróis, pessoas maiores do que a vida, personagens reais como a maior parte dos presidentes americanos. Não me lembro dos exemplos das histórias europeias, mas se pensarmos cá no nosso canto e, em particular, na minha geração, toda e qualquer personagem era para mandar abaixo: tudo o que era monarquia era fascista, pois se era glorificado por Salazar; sobravam o Soares que queria vender o país aos americanos, o Sá Carneiro que também era fascista e o Cunhal que comia criancinhas ao pequeno-almoço, se bem que, neste ultimo caso, eu ainda acredito nisso. E até as nossas gloriosas descobertas, deixaram de ser o que deu novos mundos ao mundo, para ser o que deu novos escravos ao mundo.
Em suma, aos putos americanos apontaram-lhes a estrada da glória e a nós a porta do psiquiatra.

Já quanto ao preconceito, eu, sinceramente, não me parece que haja um traço assim tão mais forte nos portugueses do que noutro povo qualquer, quer quanto a estrangeiros, negros, gays, ou outra minoria qualquer. Isto porque o preconceito dos portugueses incide, não sobre uma minoria, mas sobre uma maioria: os portugueses. É verdade, os portugueses odeiam-se. É o self-bulying, uma actividade que os portugueses adoptam continua e metodicamente.

Quero com isto dizer que os portugueses não têm orgulho em absolutamente nada? Não, por Toutatis. Há também por cá uma pequena aldeia de orgulho no meio do império Romano do auto-preconceito: o SLB. Não se confunda este orgulho, que é do verdadeiro, com aquele esporádico com a selecção. Para começar, a maior parte dos papalvos, e papalvas, que se excitam com qualquer vitória de Portugal, tipo 2 a 0 a Angola, não percebem um boi de futebol e apenas se servem disso para terem um pretexto para virem para a rua buzinar e molhar o cu em fontes publicas. Isso não é uma demonstração de orgulho, é hooliganismo consentido. E mais: esta malta, se alguma coisa correr mal, dirá tanto mal da selecção como da ministra da educação.
O orgulho é outra coisa, é um sentimento enraizado, sólido e desprovido da necessidade de explicação, que não soçobra perante adversidades. Pode, quanto as tais adversidades têm maior constância, ser bastante discreto, mas está lá.

Mas há ocasiões em que ele salta mais cá para fora e em Goodison Park foi uma delas. Não propriamente pelo resultado ou exibição - que foram ambos bons, note-se - mas pela recepção ao Eusébio. Orgulho é ver que o maior símbolo do SLB se encontra plantado nos genes de qualquer ser que se digne a perceber um bocadinho de bola e que lhe prestam a merecida homenagem.
E aos politicamente correctos - a.k.a. esquerdalhos - que andam para aí a bater nos Descobrimentos, lembrem-se só do seguinte: sem eles não teríamos Eusébio. E por termos Eusébio, toda e qualquer atrocidade cometida lá pelos séculos quinzes e dezasseis fica liminarmente perdoada e esquecida.

O Kunta Kinte que me perdoe.

Everton, 0 - SLB, 2

7.11.09

Cansado de massacrar deu milho a certos pardais

«Vêem? Eu não vos disse? Ao 312º teste a sério o Benfica não ia aguentar. Basta jogarem contra o líder do campeonato em sua casa, sofrerem um golo fora de série aos sete minutos de jogo, terem um golo anulado inexplicavelmente, e verem o vosso melhor marcador expulso depois de ter levado duas bofetadas sem que o bofeteador o fosse, para não ganharem. Afinal, este Benfica não vale nada!» Líder do Núcleo Sportinguista de Alpiarça, que vê no relvado e nos árbitros a razão para o Polga não saltar do chão, o Vukcevic correr incompreensivelmente para a bandeirola de canto em todas as jogadas, e o André Marques não saber que existe uma modalidade desportiva chamada futebol.



Esta personalidade do osp acha que isto pode até não ter sido assim tão mau. É uma derrota que diminui a pressão em vez de a aumentar. Todos ficam conscientes de que o Benfica é uma boa equipa, até uma grande equipa, mas não o Milan de Sacchi. E, acontecida a derrota, que tenha sido ali, contra um bom adversário, mas que não é o FC Demo ou o Vila Miséria Clube de Portugal.



Obviamente, também já há benfiquistas que dizem que o golo do H.Viana se deve a falha do Quim, e que um guarda-redes a sério tinha apanhado aquela bola. Já não vale a pena repetir que o único guarda-redes a apanhar aquela bola seria o homem-aranha, e esse não está disponível.



Benfica é águia, aos pardais o que é dos pardais

FC Demo B, 2 – SL Benfica, 0

29.10.09

A não esquecer


Estou contente, mas o FC Demo está só a 3 pontos...

27.10.09

Pastilhas com sabor a chá, sabem onde se compra?

O gesto dos 4 dedos é perfeitamente aceitável, teve alguma piada e é uma reacção normal e até relativamente comum, para um puto dos NoName. Não, definitivamente, para o treinador do SLB.

Por bons resultados, gramamos o pastilhar de boca aberta e o espancamento da língua portuguesa. Mas mais do que isso - que já não é pouco - não.

Há que perceber que treinar o SLB não é a mesma coisa que treinar o Sixty-Nine num torneio de futebol de salão na Tapadinha, mesmo que a quantidade de golos marcados seja sensivelmente a mesma.




26.10.09

A um passo da imortalidade

Ainda com os olhos encadeados com o brilho daquele cruzamento do Fábio para o segundo golo - um cruzamento à Beckham mas sem pose adamada - senti, e fortemente, que Jesus, esta noite, esteve a um passo da imortalidade.
Não pela goleada (outra), porque o SLB este ano debita golos como o nosso Governo emite dívida, nem pelo gesto rasteiro dos quatro dedos espetados, nem por qualquer outra coisa que se tenha passado durante o jogo.

Foi durante a flash interview que eu comecei a cheirar o momento, a imaginar uns segundos de youtube com triliões de visualizações, a preparar-me para daqui a uns 30 anos explicar este momento aos meus netos.
Jesus, segurando os braços enquanto triturava a pastilha, com o queixo mais tenso que o soutien da Simona Halep, disparou "Quer-me fazer mais perguntas sobre futebol?" ao repórter da SportTV. E eu imaginei o tipo de microfone a voltar a insistir na história do túnel ou a pedir a Jesus para comentar o facto de o Machado lhe ter chamado cretino e visualizei - em câmara lenta e a preto e branco, juro - a melena do Jesus a dirigir-se com inusitada violência contra a cabeça do anão irritante e BANG: Imortalidade. Primeiro treinador a agredir um repórter numa flash interview. O clip a abrir a CNN, a RAI, a BBC, e com destaque no Guardian, um oitavo de coluna no Times e uma referência na New Yorker. Imortalidade.
Mas não. A camisola do SLB pesa muito e reduz todos - até Jesus - a uma simples mortalidade.

SLB, 6 - Nacional, 1

23.10.09

Nada como inverter as coisas

Cansados de estar nos últimos lugares, os Colchoneros apostam, de uma vez por todas, em estar entre os primeiros da segunda divisão:

Cá para mim já é muito bom ver o Benfica jogar à Benfica

The scale of the humiliation might have been even greater but for Angel Di María, Benfica's brilliant Argentinian playmaker who orchestrated the collapse, driving a shot against the crossbar and drawing a couple of exceptional saves from Tim Howard. As it was, Everton returned from Lisbon having suffered their heaviest defeat in European competition. The Guardian

Benfica have built up a formidable list of victims in this impressive stadium; Manchester United and Liverpool have both been knocked out of the European Cup here in recent seasons, but they have rarely devoured their opposition with such relish. The Independent



The most vivid nightmares of David Moyes were re-enacted at the Stadium of Light last night as the manager’s ravaged, motley team were picked apart, thrashed and ultimately embarrassed by a Benfica side that demonstrated grace and menace in equal, epic proportions. The Times


In the end it was just the five for the Eagles, but it could easily have been more on a night that Everton will want to forget in a hurry. The Goal.com


It was a stirring performance from Benfica, particularly their eight South Americans, which augurs well for their pursuit of trophies this season. BBC


Benfica, 5 - Everton, 0


21.10.09

You can´t always get what you need

O desempenho do SLB de Jesus é anacrónico. Se os jogos fossem às 3 da tarde de domingo, então provar-se-ia, definitivamente, que Einstein tinha razão. E como vivemos num clima de um saudosismo doentio, com pavilhões a encherem-se para ver a Kim Wilde e os Foreigner, não é de estranhar a histeria que acompanha as goleadas frequentes do SLB. Voltámos aos anos 80, portanto.
Essa histeria confirma que eu tenho uma percepção diferente do que é um jogo de futebol da minha equipa, quando comparado com a esmagadora maioria dos outros adeptos do SLB.
Um jogo da minha equipa é uma batalha que eu quero ganhar. Se ganhar com um bocado de baile, com mais do que um golo de diferença, é bónus. Mas no essencial, a alegria pela vitória dos 3-6 em Alvalade e do 1-0 na Luz com o golo de Luisão foi a mesma.
E esta forma de ver os jogos do SLB, acompanha-me praticamente desde que comecei a ver, conscientemente, futebol. Há 25 anos já só ia a jogos com resultado menos previsível, ou seja, com o Porto, Sporting, uma outra equipa que estivesse mais atrevidota (tipo o Guimarães do Cascavel e do Ademir), e competições europeias. E o que então me chocava, era uma porrada de gajos que só iam ver os outros jogos. E justificavam essa atitude com o facto de que nos jogos que eu via, eles ficarem nervosos e assistirem a poucos golos. Em suma, não se divertiam.


Ver um jogo do SLB e divertir-me, é como assistir acordado a um discurso do Ministro das Obras Públicas: é impossível. Se eu me quiser divertir a ver futebol, vejo um qualquer jogo da Premier League ou o Barcelona com o Real Madrid, mas nunca, nunca, um jogo com o SLB, porque há coisas com as quais eu simplesmente não brinco.

Este SLB marca golos, tem umas jogadas giras, diverte. Jesus faz aquilo que a maioria dos adeptos benfiquistas querem. Mas ainda tenho dúvidas se ele vai conseguir fazer aquilo que eles precisam.

Monsanto - 0, SLB - 6

14.10.09

Graças a Jesus


Luzes, vénia, acção! A digressão do Benfica, com trejeitos de megaprodução, continua a encantar adeptos em vários pontos do país. A comitiva chega no veículo oficial, altiva mas sorridente para uma massa humana sem paralelo. Com sol, com chuva, eles estão sempre lá. Nem sempre os mesmos. Mas igualmente ruidosos. O grupo agradece e retribui. Vale a pena, o espectáculo.

Ninguém olha a preços e sacrifícios, quando sente a onda encarnada a chegar. O Estádio da Mata Real rebentaria pelas costuras, se as tivesse. Os adeptos do Benfica estão por todo o lado. Sentados, em pé, amontoados nas escadas. Não importa. Quando a equipa está bem, meio país regozija-se. Graças a Jesus.


Paços de Ferreira, 1 - SL Benfica, 3

4.10.09

5-0 ao Leixões? Só?!

Somos espertalhudos e talentosos. Mas JJ quer mais, quer fazer juz ao seu homónimo e embarca agora pelo campo do paranormal (Jesus pressentiu a goleada). Tenta, assim, enveredar pela carreira, infelizmente interrompida pela maçada da política, do seu correlegionário lagarto, o Santana Lopes. Mas, nisso, até eu, com a minha barriguinha e perna às costas, peço meças ao nosso benfiquista emprestado. Ao intervalo, com mais um jogador, considerando a qualidade dos demais matosinhenses sobreviventes em campo e as nossas recentes vitórias também eu previa, tenuamente e a medo, que sou novo destas andanças da astrologia, que talvez mais golinhos entrassem pela baliza.



Claro que isto pouco interessa para os nossos adversários. No início da temporada diziam que o Benfica só ganhava a grandes equipas, que o problema seria quando jogasse com as pequenas. Agora, ganha às pequenas por abadas e diz-se que o Benfica ainda não teve nenhum teste a sério. Se ganha os jogos é porque os outros são fracos, se não ganha é porque o Benfica é fraco.

A única forma de o Benfica ser considerado bom pelos demais é ganhar todos os jogos por goleada, mesmo que seja campeão, ganhe a taça e a Europa. O Benfica já perdeu e empatou esta temporada.

Podem, então, estar descansados, é oficial, o Benfica não presta para nada.

Benfica, 5 - Leixões, 0

22.9.09

Regularização de contas

O que faz de Jesus o melhor treinador que o SLB teve nos últimos nem-quero-pensar-quantos anos? A sua obsessão - como retrata, essa sim, obsessivamente, a imprensa - com tudo o que tem a ver com futebol? Ver todos os jogos de todos os campeonatos? Conhecer todos os jogadores do campeonatos português, brasileiro e eslovaco? Não ter, por tudo isto, vida sexual?
Não, se fosse por isso o Luís Freitas Lobo (que ainda tem menos vida sexual, ou não a tem há mais tempo) seria melhor treinador que ele.

O que faz de Jesus o melhor treinador que o SLB teve nos últimos nem-quero-pensar-quantos anos, é o facto de saber conjugar duas palavrinhas que tão arredias têm andado daquele balneário: senso e comum.

E ter senso e do comum, faz com que cumpra 3 regras basilares para ter sucesso nesta coisa do futebol:
1. Pensar todos os jogos tacticamente. E esta é uma mensagem para os arautos desse neodogma da dinâmica. Portanto, senhores Fernando Santos, Paulo Bento, Peseiro, entre outros, dinâmica e táctica não são conceitos substitutos. E ignorar a táctica em nome da dinâmica é transformar o futebol num jogo de matraquilhos em que só os nossos jogadores é que estão presos aos varões.
2. A táctica (e a tal da dinâmica, se quiserem) é que tem que se adaptar aos jogadores e não o contrário. Isto parece daquelas coisas tão básicas como comer camarões com as mãos. Mas tal como há pessoas que os comem com talheres, também há treinadores que insistem em encaixar peças quadradas num sistema de jogo arredondado, em nome de uma qualquer etiqueta.
3. Dar graxa aos adeptos. Não custa nada mostrar-se hipereléctrico no banco, continuar a atacar quando se está a ganhar e não começar a "controlar o jogo" (outro neodogma) e levar todos os jogadores a bater palminhas no final dos jogos. Afinal, um treinador ainda é pago para satisfazer a gajada que paga bilhetes para os jogos, não é?

Agora, o Jesus demonstra dois handicaps fortes que irão dificultar o caminho para a vitória: a escolha de guarda-redes e os jogos Uefeiros fora.
A contratação do Júlio César e, pior, a sua titularidade em alguns jogos, está perto, muito perto, do ofensivo. O SLB tem um maior espólio de maus guarda-redes do que queremos admitir, mas este tipo é daqueles putos que foi parar à baliza porque nenhum outro puto o escolheria para jogar noutro lado. Tem a vantagem, não completamente dispiciente, de fazer o Quim parecer um bom guarda-redes, mas ainda assim, o Moreira - que deveria processar o SLB por crime contra a humanidade - mete o tal do César a um canto. Pelo menos não é marreco.

Quanto aos jogos fora da tal da Liga Europa, o Jesus tem que perceber melhor o que implica treinar o SLB e não o Braga e o Leiria. Dar bailinhos e perder é perder na mesma. Vitórias morais no SLB valem na mesma zero pontos.

Quantos aos jogos em atraso, vamos lá regularizar as contas:
com o Leiria foi um regresso aos jogos dos anos antigos, com uma equipa a jogar com 5 defesas (há quantos anos é que ninguém nos defrontava assim, meu Eusébio) o que é sinal que o
respeitinho está mesmo de volta; e o Bate foi batido levemente, com uma resposta positiva de Jesus a uma das questões que já tinha levantado (a rotação do plantel); e com o AEK, lá está a história da vitória moral. Tirando o Barcelona, ninguém ganhou nada na Europa, pelo menos há 10 anos, a jogar aquilo que se convencionou por "bem".


U.Leiria, 1 - SLB, 2
SLB, 2 - BATE, 0
AEK, 1 - SLB, 0






21.9.09

O Velho do Restelo é portista


O glorioso avalancha, com golos à Maradona e jogadas estudadas.

Temos combinação de talento com estudo, e jogar com inteligência nunca fez mal a ninguém.


Belenenses, 0 - Benfica, 4



9.9.09

O respeitinho é bonito e nós gostamos

Ruy de Carvalho, numa entrevista recente, queixou-se da falta de respeito da juventude de hoje em dia. Respeito no sentido formal - mostrar respeito - mas que, no fundo, revela falta dele.
O não tratar uma pessoa mais velha por você, mas sim por senhor(a), utilizar apenas o vocês a grupos que tratemos por tu, nunca nos referirmos a ele(a), mas sim ao nome ou então, mais uma vez, a senhor(a), são regras naturais para quem tenha bebido meia chávena de chá.
Mas são regras, como referiu Ruy de Carvalho (ou o gajo das novelas, como uma vez foi identificado na rua), em desuso na sociedade portuguesa.
Infelizmente, enquanto o respeito regride, o respeitinho renasce. Sim, o respeitinho salazarento, o do medo de avançar com opiniões por muito que bem fundamentadas e apresentadas com respeito, o das vénias e elogios - sem justificação - a pessoas em cargos de poder (não estou, assim de repente, a lembrar-me de nenhum exemplo - é uma questão, asseguro-vos, apenas de falta de memória), enfim, o calar a boca ou enchê-la com algo que satisfaça alguém em posição que nos possa prejudicar.
Escusado será dizer que um povo que não sabe mostrar respeito mas sim respeitinho, está com uma doença francamente mais grave do que a tal da Gripe A.
No futebol, curiosamente, é bom não nos respeitarem mas ainda melhor terem-nos respeitinho. Não ter respeito pela equipa, é jogar como os jornalistas gostam, à Barcelona de Cruyff, jogar o jogo pelo jogo e essas merdas, e depois levar 4 do Capello.
Já jogar com respeitinho, é entrar no jogo com as cuecas do Federer após um jogo com o Nadal (embora, deva confessar, como federeriado assumido, que tenho esperanças que o US Open resolva esse trauma - também se não for agora, com o Nadal com menos saúde que o doente médio do IPO, nunca será).

A degradação da qualidade do SLB nas ultimas décadas, levou a que o respeitinho se sumisse. Eu sou do tempo (já tenho quase metade da idade do Ruy de Carvalho, portanto tratem lá por você os vossos amigos brasileiros) em que quando uma equipa empatava na Luz, havia chamadas de capa com "Milagre" e uma foto do keeper adversário a ser levado em ombros (lembro-me do Lucio do Tirsense, por exemplo). Nestes anos negros, quando o SLB empatava e até, imagine-se, perdia, eram os próprios jogadores encarnados que iam em ombros, para não levarem porrada.
E a degradação do SLB foi tão acentuada que até o respeito se foi e nunca foi aproveitado. Lembro-me de uns cromos de uns treinadores da IIB a dizerem que iam jogar para ganhar à Luz. E alguns, ganharam (Gu-te-r... perdão, Gon-do-mar).
Este 8 a 1 ao Vitória (não sei se sabem, mas a equipa sadina designa-se por Vitória, e não por Setúbal. Tratá-los por Setúbal é pior do que um "você"), se bem aproveitado, poderá significar o regresso do respeitinho.
Se no próximo jogo em casa marcarmos cedo, podem ter a certeza que a gajada adversária começará a pressionar o esfincter. E isso, meus amigos, vale pontos.
Quanto ao jogo em si, só faltou trocar o Saviola pelo Ricardinho para ser futsal. Não só pelo resultado, mas porque alguns jogadores do Vitória pareciam nunca ter jogado num campo de futebol.
E o Jesus ainda não merece elogios: ele que meta o Moreira que depois conversamos.

SLB, 8 - Vitória, 1


1.9.09

Arraial, arraial

Per cunas de la naçión ordenam sus muy extensas y tumultuosas gentes.

Juizes de Fora son, per Santiago, de muy escassos cuidados se cuidam de mejor decidir contendas.

Falatórios e fogueras se acenden per melhor quemar tan desonradas gentes. Non há per su guiza prolongadas discussões, y su mester sede muy mal cuidado.

Mas la moirama, lidada a su cabeça per Rui Costa, Senhor da Luz, que tem por grande razão fazer o que a ele y a su escudeiro JJ houver por bem, depois de bravatas y mil esforzados trabalhos conquistou tan dificil cidadela. Toda a naçión de bem rejubila.

Arraial, arraial per el futuro campeão de Portugal.

V.Cuna da naçión, 0 - Futuro Campeão de Portugal, 1

28.8.09

Pézinhos de Coentrão

Mensagem para a Direcção de Marketing do SLB: desenvolvam o "Coentrão Pass", o cativo+bilhete de época para ver os jogos em que o Coentrão participe. Nos jogos em que ele não entrar (tremo só de pensar nessa hipótese), reembolsam o titular do pass. Desenvolvam isso que eu compro.

É com infinita alegria que volto a ter um jogador fetiche. O último já foi há uns bons anos: Carlitos. Não o primo do Quaresma mas aquele anão extremo direito. Extremo, digo bem. Carlitos poderá ter sido um dos últimos extremos do futebol. Só com um drible, como um extremo que se preze (se alguém não fizer imediatamente uma ligação ao Garrincha, por favor não volte a este blog). Como diria Mário Wilson, com Carlitos pingava sempre qualquer coisa: se não um cruzamento certeiro, e do local de onde devem sair os cruzamentos (muito perto da linha final), um canto ou, pelo menos, um lançamento lateral. Mas perder a bola, meus amigos, nos poucos jogos que fez no SLB, isso não acontecia. E ainda providenciou uma mão cheia de golos ao Tomás e ao Vanhanhon (nunca soube escrever o nome deste gajo).

Coentrão partilha com Carlitos o cabelo oxigenado e o ar de bimbo. Acresce ser muito mais jogador. Mas jogador de futebol, não jogador de futebol moderno. Não é como o cabrão do Di Maria, um gajo que é um interprete fiel do futebol moderno, sendo que este consiste em fazer tudo como se se estivesse a ser perseguido por 20 gajos da Quinta da Princesa.
E há de ser o cabrão do Di Maria que há de render uns milhões e não o Coentrão, para bem dos nossos pecados.

O Coentrão, dizia eu, joga futebol. É a inteligência em movimento, enquanto o cabrão do Di Maria é, apenas, movimento.
O Coentrão joga futebol porque domina o tempo. Não o tempo no sentido AntimiodeAzevediano do termo, mas o tempo no sentido musical.

O Coentrão deve ser dos poucos jogadores do mundo que sabe driblar sem ser em velocidade. Não faz como o cabrão do Di Maria, e mesmo o Ronaldo e até o Messi, que tornaram
o drible numa corrida de obstáculos.
O Coentrão domina o tempo, por isso consegue driblar parando e depois acelerando. E com um domínio tal, que só me lembro de coisa similar (mas ainda em melhor) com Fernando Chalana.

Vejam lá se se lembram, no jogo da UEFA com os...ah... com os coisos... duma jogada encostada à linha, em que o Coentrão vem com a bola, um dos coisos vem todo lançado, o Coentrão para... e depois arranca... e o coiso fica tão perdido que lhe acerta em cheio. O cabrão do Di Maria, na mesma jogada, correria com o coiso atrás até à linha final.

Portanto, encontrei (finalmente) alegria durante uma época (como sabem, eu nos últimos anos tenho sido mais adepto da pré-época): Coentrão.
Se as minhas filhas, por absurdo, algum dia deixarem de ser sócias do SLB, o Coentrão passa a ser o meu herdeiro.

Quanto ao jogo com os...ah...coisos, demos 4, o Cardozo ia arrancando a cabeça de um dos coisos no penalti, o Saviola marcou um golo, também, mas tirando o Coentrão, tudo o resto foi basicamente futebol moderno.
E o futebol moderno entretém, é verdade, mas não apaixona. Daí Coentrão. Um gajo que saiu dos anos 80. E nesses anos, tudo era mais lento (até uma merda de um jogo com 48k demorava uma tarde a carregar), mas verdadeiramente apaixonante.

SLB, 4 - Ah...Coisos..., 0

19.8.09

Maldita Peçonha


Cinquenta e cinco mil pessoas juntaram-se no domingo para assistir a mais uma bela tradição portuguesa, o Benfica a empatar na primeira jornada do campeonato. E a tradição era mais completa no final da primeira parte, em que jogávamos pior de que o cocó de um pombo incontinente.

O intervalo entre o primeiro e o segundo tempo fez bem aos nossos jogadores. Os intervalos motivados pelas 387 quedas nos jogadores do Marítimo talvez não tanto. Creio que, no total, em "assistência" prestada, foram uns 12 minutos (!!); mais os três das substituições, e os pózinhos das paragens legais chegámos a uns quinze minutos. No final tivemos mais...cinco. Senti-me numa máquina do tempo; entontecido pelo calor e pela peçonha na baliza do Marítimo. Nesta, peganhenta e com propensão para se estender como o menino jesus nas palhinhas/JVP (riscar o que não interessa), andámos a bater como se não houvesse amanhã. To no avail.

Até trocámos de botas ofensivas, e constatámos que o preço não é o mais importante. Chanatos comprados na feira de Carcavelos parecem valer mais do que botas oriundas da Louis Vuitton da Avenida da Liberdade.

Gostei do massacre final, do Coentrão, melhor jogador em campo, e do Weldon-mais-oportunidades-por-minuto-quadrado.

Não gostei de peçonhas fingidas, quarenta e cinco minutos desperdiçados e da arbitragem portuguesa.

SLB, 1 - Marítimo, 1

3.8.09

Reality check III

Com uma equipa que custou 50 milhões, o "melhor treinador português", um presidente eleito após golpe palaciano e um responsável pelo futebol que já percebeu que o seu passado de jogador não lhe dá lugar a abébias, o SLB tem que ser campeão. Não como nas outras épocas, em que se alegava o passado para justificar a pressão do presente. Esta época, o Vieira, por tudo o que fez, disse e gastou, não tem escapatória.
Por isso, Jesus está em contra-relógio para montar uma equipa que comece logo a ganhar. Aposta, já nestes jogos a brincar, em somente 12/13 jogadores, para se rotinarem rapidamente.
Estas coisas costumam pagar-se caro lá mais para a frente, não só pelo cansaço dos titulares, como também pela falta de ritmo dos outros quando forem chamados a jogar (basta lembrar qualquer época, em qualquer clube, de Fernando Santos).

Derrotas prematuras nas taças (UEFA, Portugal ou da Liga) serão, por tudo isto, bem vindas.

2.8.09

Reality check II

Os jogos de pré-época deveriam servir para nos preparar para o campeonato, certo?
Então, o Atlético Madrid é uma espécie de Porto, o Sion uma espécie de Sporting e o Guimarães (este, o do Vingada) uma espécie de Guimarães.
Faltou um teste com uma equipa que jogue como a esmagadora maioria das equipas que ocupam a nossa Liga: encostadinhos lá atrás.
Aquelas belas jogadas de contra-ataque que fizemos hoje são inaplicáveis no maior parte do campeonato.
Aproveitem o tempo que ainda resta para fazerem uns jogos com o Belém, o Leiria e outros que tais, para perceberem o que têm que sofrer para ganhar à equipa típica lusitana.